CRÍTICA | Entre Irmãs

Direção: Breno Silveira
Roteiro: Patrícia Andrade e Frances de Pontes Peebles
Elenco: Marjorie Estiano, Nanda Costa, Letícia Colin, Ângelo Antônio, entre outros
Origem: Brasil
Ano: 2017


Entre Irmãs é o novo longa do diretor Breno Silveira (2 Filhos de Francisco), que, por sua vez, é uma adaptação do livro “A Costureira e o Cangaceiro” de Frances de Pontes Peebles. A trama conta a história de vida de duas irmãs: Emília (Marjorie Estiano) e Luzia (Nanda Costa) que nasceram e cresceram no sertão do país e, após serem separadas pelo destino quando adultas, começam a viver realidades completamente diferentes, ao mesmo tempo que enfrentam dificuldades ao longo de sua trajetória.

Em seu primeiro ato, o longa nos conta sobre a infância das duas irmãs indo até a vida adulta, nos permitindo entender sobre o caráter de cada uma, bem como o laço de irmandade que possuem. A premissa inicia de fato quando elas são separadas. Luzia é levada pelos cangaceiros que chegam a cidade a mando de Carcará (Julio Machado) e Emília é deixada no sertão, até que sua sorte muda , quando se casa com um homem de alta sociedade, Degas (Rômulo Estrela), que a leva para morar em Recife, o que sempre foi seu sonho.

No que diz respeito as atuações, temos um trabalho excepcional de todo o elenco. Por mais que as protagonistas passem apenas parte da história contracenado juntas, a intensidade daquele momento cria um laço extremamente crível de afeto e irmandade para com o espectador. Quando a separação acontece vemos duas mulheres fortes e livres a seu modo: Luzia de personalidade forte, é destemida e extremamente capaz, apesar da sua deficiência. Já Emília é romântica e sonhadora, mas sem deixar de entender a realidade se sua vida no sertão.

Crédito: Sony Pictures

Entre Irmãs conta essas duas histórias de forma a evidenciar que a vida não é um mar de rosas e que mesmo que seus sonhos sejam alcançados, sempre haverá uma nova realidade para se lidar em seguida. Emília aprende isso quando se muda para Recife achando que havia encontrado seu príncipe encantado e sua casa dos sonhos, mas se depara com uma vida turbulenta e cheia de problemas ao descobrir o romance secreto do seu marido Degas com Felipe (Gabriel Stauffer). Tocando nesse ponto, o filme explora o cenário LGBT nos anos 30, e mostra como sempre foi difícil a compreensão do amor e suas várias formas dentro de uma sociedade que é intolerante, o que ironicamente reflete muito a nossa situação atual.

A pesar de apresentar uma narrativa emocionante, a longa duração da obra (2 horas e 40 minutos) acaba atrapalhando o resultado final, visto que dá muitas voltas para concluir suas tramas, prolongando-se além do devido. Um bom exemplo é quando Emília explora sua sexualidade com a amiga Lindalva (Letícia Colin), pela qual já tem um laço estabelecido, porém, porém o desfecho desse relacionamento é totalmente desnecessário para a trama como um todo, pois a partir daquele primeiro encontro, Emília já uma pessoa diferente.

O roteiro também apresenta problemas de estrutura, visto que sua premissa gira em torno de um possível reencontro entre as irmãs, porém, mesmo quando isso de fato acontece, a narrativa continua, afim de explicitar o destino de cada uma, utilizando de clichês desnecessários para atingir esse objetivo. Faria mais sentido entregar ao público um momento para imaginar o destino de cada uma, afinal, o longa proporciona material e motivação suficiente para que cheguemos a essa conclusão sozinhos.

Crédito: Sony Pictures

Tenho para mim que Entre Irmãs funcionaria melhor em formato de minissérie, dada a extensão e a quantidade de eventos que se desdobram. Os personagens passam por uma odisseia de eventos que os levam sempre a um final seguro e sem ousadia. Não que o filme seja ruim, porém é previsível, refém de um modelo engessado de roteiro, que entrega uma história que já sabemos que tudo vai dar certo no final.

Regular

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