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Daniel Oliveira
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Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen e Marshall Brickman
Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Meryl Streep, Mariel Hemingway, Michael Murphy, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1979
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Assistir novamente um clássico do cinema, dessa vez na grande tela, é sempre uma experiência única, ainda mais quando falamos de um filme que marcou a sua vida como cinéfilo. Manhattan é esse tipo de filme para mim, de modo que essa crítica é objeto de um cinéfilo apaixonado tentando ser coerente com seus argumentos. Convenhamos, porém, que trata-se de uma obra merecedora dos elogios que recebe ao longo dos anos, ainda que uma ou outra passagem possa soar um tanto incômoda mediante o histórico de seu realizador.
Isaac (Woody Allen) é um quase quarentão que vive solteiro em Nova York após 2 casamentos mal sucedidos. Sua ex-esposa mais recente, Jill (Meryl Streep), o trocou por outra mulher, o que faz aflorar todas as suas inseguranças amorosas, ainda mais agora que a mesma está escrevendo um livro sobre o relacionamento que tiveram. O protagonista divide sua atenção entre os roteiros que escreve para televisão, o livro que sonha em escrever, e o convívio com sua nova namorada, Tracy (Mariel Hemingway), de apenas 17 anos. Toda essa estrutura é abalada quando um amigo de longa data, Yale (Michael Murphy), o apresenta para sua amante, May (Diane Keaton).
Conhecendo a trajetória cinematográfica de Woody Allen (Roda Gigante), em especial por seu talento como roteirista, fica fácil imaginar o que se dará a partir dessa premissa, no entanto, é a forma como o cineasta realiza sua obra que a torna singular em meio a sua filmografia. Parte dessa singularidade está na escolha pela fotografia em preto e branco.
Foto: MGM Studios |
Aqui, o diretor de fotografia Gordon Willis (O Poderoso Chefão) não apenas diminui a saturação de sua paleta de cores, como também aumenta o contraste, valorizando as sombras e os tons de preto. Tal escolha permite que o diretor retrate imagens belíssimas de uma Nova York estonteante, principalmente nas cenas noturnas, quando faz questão de mostrar os arranha-céus iluminados da grande metrópole norte-americana. E nem estou falando aqui da clássica cena do casal observando a Ponte do Brookyn, que é de tirar o fôlego. Mesmo nas cenas diurnas, vemos o cineasta utilizar de enquadramentos que inserem os atores como parte daquele organismo vivo que é a cidade, utilizando também de grande profundidade de campo. A cena de Yale ligando para Mary de um orelhão no canto da tela, enquanto vemos uma imensidão de carros passando na rua, é um ótimo exemplo dessa proposta.
Evidentemente as escolhas do diretor escancaram seu amor por Nova York, outro traço característico de seus longas. Em Manhattan, porém, outras paixões ficam evidentes: o cinema e a pantomima. Há diversos momentos de transição em que os diálogos dão lugar a música e a situações do cotidiano, evidenciando um Allen que se aproxima de seu início de carreira, valorizando a comédia física e homenageando o cinema mudo.
É claro que a premissa de um homem que se aproxima dos 40 anos namorando uma garota de 17 traz certo desconforto hoje em dia, muito em função das acusações que pesam sobre os ombros de Allen. É inegável, porém, a qualidade do roteiro, que lida com as relações amorosas de seus personagens como poucos, trazendo discussões muito interessantes sobre maturidade, inseguranças, sentimentos, objetivos, as escolhas que fazemos em nossas vidas e para onde elas nos levam. Tudo isso, claro, regado a humor ácido, inteligente e repleto de neuras.
Evidentemente as escolhas do diretor escancaram seu amor por Nova York, outro traço característico de seus longas. Em Manhattan, porém, outras paixões ficam evidentes: o cinema e a pantomima. Há diversos momentos de transição em que os diálogos dão lugar a música e a situações do cotidiano, evidenciando um Allen que se aproxima de seu início de carreira, valorizando a comédia física e homenageando o cinema mudo.
É claro que a premissa de um homem que se aproxima dos 40 anos namorando uma garota de 17 traz certo desconforto hoje em dia, muito em função das acusações que pesam sobre os ombros de Allen. É inegável, porém, a qualidade do roteiro, que lida com as relações amorosas de seus personagens como poucos, trazendo discussões muito interessantes sobre maturidade, inseguranças, sentimentos, objetivos, as escolhas que fazemos em nossas vidas e para onde elas nos levam. Tudo isso, claro, regado a humor ácido, inteligente e repleto de neuras.
Foto: MGM Studios |
O longa também ganhou notoriedade por seu ótimo elenco. Diane Keaton (Tudo em Família) havia vencido o Oscar no ano anterior por Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (Annie Hall, 1977), já Meryl Streep (Dúvida) venceria sua primeira estatueta naquele mesmo ano, por seu trabalho em Kramer vs. Kramer (1979), duas atrizes incontestáveis e que viviam plena ascensão em suas carreiras. Mariel Hemingway (Temporada Sangrenta), por sua vez, seria indicada justamente por seu papel na obra, ela que não se mostrou uma grande atriz dali em diante, mas que exerce aqui seu papel com eficiência. O mesmo podemos dizer de Michael Murphy (Batman: O Retorno), enquanto Woody Allen é Woody Allen, em todos os papéis que "interpreta".
Contando ainda com um dos mais belos desfechos da história do cinema, Manhattan se firma ao longo dos anos como uma das obras-primas de um cineasta aclamado. Um filme que melhora com o tempo, como todo clássico deve ser.
Contando ainda com um dos mais belos desfechos da história do cinema, Manhattan se firma ao longo dos anos como uma das obras-primas de um cineasta aclamado. Um filme que melhora com o tempo, como todo clássico deve ser.
Excelente |
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