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Postado por
Rafael Oliveira Reis
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Apesar de todas as atenções estarem voltadas para o desfecho de Game of Thrones, a HBO também exibiu a última temporada de uma de suas melhores e mais premiadas séries. Pra quem ainda não conhece, Veep conta a história da vice-presidente dos Estados Unidos, Selina Meyer (Julia Louis-Dreyfus), que juntamente com a sua equipe tenta se tornar a presidente do país.
Analisando este último ano da produção, é impressionante notar como os roteiristas tinham total confiança e liberdade com seus personagens. Por já estarem todos muito bem desenvolvidos ao longo de seis temporadas, tudo fica muito fácil de se idealizar. Os últimos episódios foram gravados já com a vitória de Donald Trump consolidada na corrida presidencial, o que elevou a comparação de algumas medidas adotadas pela protagonista com o mesmo. A participação de outro país influenciando nas eleições, por exemplo, é um assunto abordado recorrentemente na narrativa, fazendo ligação direta com a possível participação da Rússia em nas eleições norte-americanas de 2016.
Outro tema abordado na série é escancarado uso da questão LGBT para fins próprios, claro, sempre de forma irônica e bem pensada pelos roteiristas. Um bom exemplo é quando a própria Selina se utiliza de uma criança negra, adotada por sua filha que é casada com outra mulher, em sua estratégia de marketing pessoal junto ao povo norte-americano. Um reflexo do que muitas empresas fazem hoje em dia em datas comemorativas ou eventos isolados, tirando proveito de uma causa nobre para arrecadar com suas campanhas, mostrando que são engajados apenas em certos períodos e que não dão a mínima para a causa em si.
Foto: HBO |
Também vale a pena citar um personagem específico, diga-se de passagem muito engraçado, que comparo com uma figura recorrente em nosso país. Jonah Ryan (Timothy Simons) é, possivelmente, a pessoa mais sem noção de qualquer série que eu já tenha visto. Trata-se de um personagem machista, narcisista, racista e com capacidade zero de formular qualquer ideia política. Jonah é um dos concorrentes de Selina pela presidência e, com seu discurso de ódio, desrespeito para com as mulheres, pregando a supremacia branca e focado em slogans como “sem matemática” (você entenderá quando assistir), consegue uma quantidade considerável de seguidores e eleitores. Acho que nem preciso fazer qualquer conexão, você já deve ter entendido.
O jornalismo mostra as suas faces no que se refere as temidas fake news, assunto que vem sendo abordado em todo o mundo. Qualquer polêmica inventada por qualquer candidato durante as eleições eram lançadas na mídia, dando "munição" para o staff de Selina. A mesma situação acontecia do lado oposto, quando a protagonista aplicava seus planos mirabolantes contra seus concorrentes. A diferença é que invariavelmente você se vê torcendo (e muito) para que ela consiga atingir seus objetivos.
Acima de tudo, Veep é uma baita - e engraçada - aula sobre história e política norte-americana (e por que não mundial?). Seu desfecho emociona de duas formas, pois te faz rir e chorar. Ainda que vejamos Selina realizando seu maior sonho, o custo é grande, já que nenhum de seus aliados e companheiros estavam ao seu lado. Vê-la sozinha na Casa Branca, com pessoas que ela detestava, é de partir o coração. Em contrapartida, temos uma incrível piada sobre a morte de Tom Hamks nos créditos finais que quebra qualquer tristeza encarada momentos antes.
Um fim mais do que digno para uma grande série.
Um fim mais do que digno para uma grande série.
Excelente |
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