CRÍTICA | Quem Vê Cara Não Vê Coração

Direção: John Hughes
Roteiro: John Hughes
Elenco: John Candy, Macaulay Culkin, Jean Louisa Kelly, Gaby Hoffmann, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1989


Na reta final de sua carreira como diretor, John Hughes (Ela Vai Ter Um Bebê) seguiu pelo caminho que o consagrou ao explorar a mistura de drama e comédia em seu sétimo e penúltimo filme, intitulado Quem Vê Cara Não Vê Coração (Uncle Buck). Como de costume, o norte-americano também assume a produção e roteiro da obra, além de apresentar Macaulay Culkin (Esqueceram de Mim) em seu primeiro papel de destaque no cinema.

Ao receber a notícia de um problema de saúde familiar, os pais de Tia (Jean Louisa Kelly), Maizy (Gaby Hoffmann) e Miles (Culkin) precisam realizar uma viagem urgente, e é nesse momento que ganha espaço o personagem central, o Tio Buck (John Candy).

Sem poder contar com alguém para cuidar dos três filhos no período de ausência, sobra para o tio solteirão a missão de assumir um papel que desconhece até então. Mantendo um relacionamento apático de oito anos com Chanice (Amy Madigan) e fugindo de qualquer responsabilidade que envolva matrimônio ou trabalho, Buck precisa encontrar uma forma de ganhar o respeito de duas crianças e uma adolescente rebelde, ao mesmo tempo que também viverá uma experiência de autodescoberta.

O principal foco de Quem Vê Cara Não Vê Coração é nas relações que se desenvolvem entre pessoas que são da mesma família, mas até o momento são estranhos uns aos outros. Buck mal sabe o nome dos sobrinhos mais novos, mas é neles que encontra afeição e descobre até mesmo uma aptidão ao lidar com crianças. Enquanto isso, a sobrinha de 15 anos é o ponto de conflito da trama e o grande desafio para o homem, que buscará formas de se aproximar da garota que vive um período conturbado com os pais e novas experiências proporcionados pela adolescência.

Foto: Universal Pictures

Ao mesmo tempo que Buck experimenta essa vivência de responsabilidade da qual sempre fugiu e encontra-se surpreendido pela sensação positiva que essa situação lhe traz, o protagonista encara alguns conflitos pessoais que serão importantes para definir os caminhos que seguirá ao fim deste período, como estar mais presente com a família e nas mudanças que adotará para melhorar sua vida. Hughes ilustra esses conflitos com bastante simplicidade e leveza, além de apesentar os característicos diálogos espontâneos e ótimas sacadas que definem bem os traços de cada personagem.

O grande destaque fica com John Candy (Antes Só Do Que Mal Acompanhado), que aqui vive mais uma parceria com Hughes. O ator é o responsável pelos momentos mais divertidos da trama e tem ótima química com as crianças, além de convencer no papel do tio atrapalhado, mas de bom coração.

No que diz respeito a adolescente Tia, Hughes mostra uma faceta já conhecida enquanto roteirista ao explorar os dramas adolescentes, desta vez trazendo maior foco no desenvolvimento e resolução dos problemas familiares, sem deixar de lado a rebeldia e as decepções dentro do contexto do colegial norte-americano.

Em Quem Vê Cara Não Vê Coração, John Hughes adota um tom mais previsível e "pé no chão" ao direcionar sua mensagem, o que torna o filme menos marcante do que outros clássicos de sua filmografia como Curtindo a Vida Adoidado (1986) ou Clube dos Cinco (1985), por exemplo. Ainda assim não deixa de ser um feel-good movie para uma tarde em família, com reflexões interessantes sobre a vida adulta e as relações interpessoais.

Foto: Universal Pictures


Bom

Comentários