Sherlock - S03E03 - His Last Vow


Mal começou e já terminou. Essa é a sina de todo fã de Sherlock. A fórmula dos 3 episódios por temporada é cruel com seus espectadores, mas é inegável que funciona de forma primorosa com a proposta da série. A necessidade do desenvolvimento das deduções do personagem ao longo da trama exige capítulos mais longos, o que eleva o nível da produção. Os produtores, por sua vez, costumam criar season finales impactantes, com ganchos de fazer arrancar os cabelos. E dessa vez não foi diferente.

Na trama, após aproximadamente um mês sem se encontrarem, Sherlock e Watson se encontram por acaso, enquanto o detetive estava infiltrado para solucionar um de seus casos. Mais precisamente, derrubar o magnata Charles Augustus Magnussen (Lars Mikkelsen). E é de se louvar a facilidade com que o roteiro constrói o personagem, nos fazendo temê-lo e odiá-lo já no prólogo do episódio. Mérito também para a interpretação de Mikkelsen, que constrói um vilão com sadismo semelhante ao de Moriarty, porém menos emocional, mais frio e calculista. O personagem também se difere por não ter uma mente genial como a de Holmes, visto que depende de sua rede de informações para traçar ser planos. E que cena interessante foi aquela dos cofres e informações em sua mente.

His Last Vow ainda reservaria grandes surpresas. A primeira delas foi o passado secreto de Mary Watson (e que ainda continua um mistério). Seu envolvimento na trama, no entanto, foi extremamente impactante, não só por ela balear nosso detetive favorito, mas, especialmente, pela cena que se seguiu, com a mente de Sherlock trabalhando e lutando para manter-se vivo. Foi um dos momentos mais inspirados que a série já teve, desde a dedução da forma que o mesmo deveria ir ao chão para não sofrer um trauma maior, passando pelo embate com Moriarty em uma espécie de purgatório sob forma de manicômio, até a derradeira e literal luta pela vida, subindo com esforço as escadas. Momentos assim nos fazem amar essa série cada vez mais.


Ainda sobre Mary, outra cena muito bem construída foi o cair de sua máscara perante Watson, culminando no eventual perdão do doutor, tempos depois, durante o Natal na casa dos Holmes. Uma cena bastante tocante, pois entendemos o sentimento ali passado por ambos, que esperam a chegada de um bebê. Vale citar uma curiosidade bastante interessante (e que talvez não tenha  vindo ao conhecimento de todos), mas os atores que interpretam os pais de SherlockTimothy Carlton e Wanda Ventham, são, de fato, pai e mãe de Benedict Cumberbatch, respectivamente. Aliás, a semelhança entre filho e mãe é notória.

E como deixar de citar o primoroso roteiro do S03E03? Engraçado, emocionante e intrigante. Os textos de Sherlock nos fazem rir e nos emocionar em questão de minutos, como nas cenas de Holmes e seu TOC com a porta do 221b, ou o pedido de casamento para a assistente via câmera de segurança, passando pela já citado perdão de Natal. Aliado a isso, as composições de cena, valorizando a bela arquitetura de Londres, a mansão de Magnussen e, especialmente, o apartamento em Baker Street, são um show a parte.

O ápice de His Last Vow, claro, foi sua conclusão. Sherlock eliminou a única arma que Magnussem tinha, sua mente, e confesso que vibrei quando o fez, pois o sadismo do vilão dando petelecos no rosto de Watson me deixou com extrema raiva. As consequências que viriam a seguir seriam drásticas, mas Mycroft mexeu seus pauzinhos e resolveu seus problemas. Foi como disse meu amigo Gabriel Martins, "quem tem corre, tem né?".

Para finalizar, citarei apenas uma frase que escrevi em minha review passada de Sherlock:


"Dessa vez não temos um grande vilão já introduzido (e, se me perguntarem, aposto que Moriarty retornará em algum momento do futuro da série), o que me permite imaginar que teremos algum final impactante, como fora aquele longínquo final de Season 1."

Até daqui a sabe se lá quanto tempo, no 4º ano ;)


Comentários

  1. Sensacional,Moffat é o cara,foram muitas emoções ao conferir este epi,está 3° temporada foi escrita com um primor,perfeita,não tem o que reclamar,o que foi aquela cena do Mind Palace de Sherlock - muito bem construído,que produção tem está série,só elogios.Aquele menino que interpreta Sherlock pequeno é filho do Moffat,uma graça aquele menino,bom ator,virou uma série familiar,ao termino fiquei sem palavras.
    "It's raining, it's pouring, Sherlock is boring. I'm laughing, I'm crying, Sherlock is dying" Did you miss me?

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    1. Os sentimentos foram exatamente esses, Julie! Obrigado pelo coment!

      Agora é aguardar a Season 4. Esperamos que não demore tanto dessa vez.

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  2. Essa terceira temporada, tal qual as duas primeiras, foi primorosa.

    Roteiro, direção, atuações, fotografia, montagem...tudo é digno de ser elogiado!

    A terceira temporada foi definitivamente focada no drama, diferente das duas primeiras onde o caso a ser resolvido era o mais importante. Desta vez, inverteu-se: os casos foram apenas um pano de fundo para o desenvolvimento pessoal e das relações dos personagens.

    No primeiro episódio, o vínculo entre Holmes e Watson.

    No segundo, o casamento.

    No terceiro, Mary e John, com Holmes levando seu "último voto" até as últimas consequências.

    Tudo genial.

    Sobrou espaço para conhecermos a família de Holmes e um pouco mais do seu relacionamento com Myicroft. Holmes e o irmão, que aliás, nunca foram tão "humanos" nas outras temporadas. Nesta demonstraram dúvidas, sentimentos e apreços.

    No final, a volta de Moriarty. Será?

    Oq vimos foi apenas uma foto dele, com uma montagem da boca se mexendo. Pode ser ele, pode ser alguém apenas usando a sua imagem.

    Confesso q gosto e não gosto da volta dele. É um vilão marcante e por demais carismático...mas haveria uma boa explicação para ele ter sobrevivido?

    Bom, Moffat e Gatis já nos mostraram q sabem oq fazem.

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    1. Muito obrigado por seu comentário "Anônimo".. hehe.. realmente muito bom.
      Você levantou um aspecto realmente interessante sobre o desenvolvimento dos personagens. Na próxima temporada imagino que os mistérios voltem a ser o foco.

      Abraços!

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    2. Assim como Sherlock conseguiu forjar a sua morte desde o princípio, Moriarty(que tbm é tão genial quanto) se matou de uma maneira mtooo 'comum'... e com a arma dele mesmo.... nunca achei que ele estivesse realmente morto. rs

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  3. Dúvida:

    Magnussen dormiu com a Janine? (ele mencionou q ela "faz sons engraçados" em determinado momento).

    É um detalhe, mas não ficou claro. Talvez ele a tenha obrigado, sabendo do seus segredos.

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