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Postado por
Daniel Oliveira
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Direção: Spike Jonze
Roteiro: Spike Jonze
Elenco: Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams, Rooney Mara, Chris Pratt, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2013
|
A primeira imagem que surge em tela ao assistirmos Ela (Her, 2013) é um close-up fechado no rosto de Joaquin Phoenix, valorizando seus olhos expressivos, escondidos atrás de uma armação de óculos marcante. Em segundos, e somente através do olhar e da forma com que o ator pronuncia as palavras, percebemos a fragilidade emocional e a solidão daquele personagem. E se o diretor consegue expressar tanto, em tão pouco tempo com seu protagonista, imaginem o misto de sensações que a obra proporciona ao longo de suas 2 horas de projeção a quem a assiste.
Theodore (Phoenix) é um escritor divorciado, que trabalha para uma companhia especializada em escrever correspondências em nome de terceiros (basicamente, se eu quero escrever uma carta para minha namorada, eu contrato a empresa para fazê-lo por mim). Sentindo-se cada vez mais só e melancólico, ele então resolve adquirir um recém lançado sistema operacional, desenvolvido para atender a todas as suas necessidades. Theodore apenas não esperava se apaixonar por sua recente aquisição.
Por mais absurda que possa parecer a sinopse, ela soa totalmente crível na imagem de um futuro não tão distante, escrito e dirigido por Spike Jonze (Adaptação). A história é ambientada num mundo onde a tecnologia em muito se assemelha a que encontramos ao nosso alcance hoje, exceto por um ou outro grande avanço. Jonze emprega um estilo visual bastante interessante para seu longa, mesclando modernidade com figurinos e visuais essencialmente antigos (notem as calças que os personagens masculinos utilizam, sempre no umbigo, ou mesmo o uso comum de bigodes). Além disso, o diretor adota uma fotografia pastel em toda a obra, sabendo utilizar a cenografia e o figurino já citado apenas para destacar o uso das cores rosa e vermelho, constantemente associadas a sentimentos como amor e paixão.
Além dos aspectos visuais, Jonze também é hábil em registrar momentos singulares em seu filme. Em determinado momento, quando Theodore e Samantha (o sistema operacional) "transam" pela primeira vez, o diretor opta por escurecer a tela, nos deixando em completo breu. Tal decisão mostra-se excepcional, pois quando apenas escutamos os dois personagens, é como se ambos fizessem parte do mesmo plano, eliminando a óbvia barreira existencial que separa o casal. Em outra cena, numa bela montagem em que vemos Theodore vivendo um período de imensa alegria (que nunca havíamos presenciado na narrativa), a reação do espectador se inverte. Sua alegria nos causa uma tristeza de partir o coração, pois sabemos que sua felicidade é fadada ao fracasso em determinado momento. Esse tipo de sentimento só é possível quando a direção e a montagem funcionam.
Sobre as interpretações, Ela conta com um elenco coadjuvante invejável, em que Olivia Wilde (Rush - No Limite da Emoção) e Chris Pratt (A Hora Mais Escura) basicamente fazem participações especiais. Rooney Mara (Terapia de Risco) vive a ex-esposa de Theodore, numa interpretação singela, mas eficiente em sua proposta, ao passo que Amy Adams (O Homem de Aço) vive a talvez única amiga do protagonista, numa atuação discreta, sabotada pelo roteiro que pouco desenvolve sua personagem (o que consiste numa falha considerável, visto a importância que a mesma tem para a trama). Vale destacar também o trabalho de voz de Scarlett Johansson (Hitchcock), absolutamente apaixonante como Samantha. Sua escolha para o papel, aliás, mostra-se bastante acertada, visto que sua voz singular nos ajuda a conjurar a imagem da personagem em nossa mente.
Mas não há duvida que o dono do filme é Joaquin Phoenix, e lamento profundamente que o mesmo não tenha sido ao menos indicado pela Academia. Seu talento em tela salta aos olhos, especialmente se botarmos em contraste seu ultimo papel, em O Mestre. Construindo um personagem visivelmente fragilizado pela carência e solidão que sente, Phoenix se expressa em pequenos detalhes, seja no olhar expressivo, o sorriso sonhador ou o ajeitar fragilizado do óculos que lhe cai sobre a face. A obra não sobreviveria sem um grande ator para carregá-la, então sabemos que o papel esteve em ótimas mãos.
No fim, Ela é uma bela história de um amor impossível. Impossível no sentido carnal, ainda que em sentimento exista. É também uma crítica a sociedade atual, que esquece de se relacionar com o próximo e prefere expressar-se com a máquina. Mas é, acima de tudo, um grande filme, que promete ser cultuado por jovens e adultos dessa geração, e das próximas.
Theodore (Phoenix) é um escritor divorciado, que trabalha para uma companhia especializada em escrever correspondências em nome de terceiros (basicamente, se eu quero escrever uma carta para minha namorada, eu contrato a empresa para fazê-lo por mim). Sentindo-se cada vez mais só e melancólico, ele então resolve adquirir um recém lançado sistema operacional, desenvolvido para atender a todas as suas necessidades. Theodore apenas não esperava se apaixonar por sua recente aquisição.
Por mais absurda que possa parecer a sinopse, ela soa totalmente crível na imagem de um futuro não tão distante, escrito e dirigido por Spike Jonze (Adaptação). A história é ambientada num mundo onde a tecnologia em muito se assemelha a que encontramos ao nosso alcance hoje, exceto por um ou outro grande avanço. Jonze emprega um estilo visual bastante interessante para seu longa, mesclando modernidade com figurinos e visuais essencialmente antigos (notem as calças que os personagens masculinos utilizam, sempre no umbigo, ou mesmo o uso comum de bigodes). Além disso, o diretor adota uma fotografia pastel em toda a obra, sabendo utilizar a cenografia e o figurino já citado apenas para destacar o uso das cores rosa e vermelho, constantemente associadas a sentimentos como amor e paixão.
Além dos aspectos visuais, Jonze também é hábil em registrar momentos singulares em seu filme. Em determinado momento, quando Theodore e Samantha (o sistema operacional) "transam" pela primeira vez, o diretor opta por escurecer a tela, nos deixando em completo breu. Tal decisão mostra-se excepcional, pois quando apenas escutamos os dois personagens, é como se ambos fizessem parte do mesmo plano, eliminando a óbvia barreira existencial que separa o casal. Em outra cena, numa bela montagem em que vemos Theodore vivendo um período de imensa alegria (que nunca havíamos presenciado na narrativa), a reação do espectador se inverte. Sua alegria nos causa uma tristeza de partir o coração, pois sabemos que sua felicidade é fadada ao fracasso em determinado momento. Esse tipo de sentimento só é possível quando a direção e a montagem funcionam.
Sobre as interpretações, Ela conta com um elenco coadjuvante invejável, em que Olivia Wilde (Rush - No Limite da Emoção) e Chris Pratt (A Hora Mais Escura) basicamente fazem participações especiais. Rooney Mara (Terapia de Risco) vive a ex-esposa de Theodore, numa interpretação singela, mas eficiente em sua proposta, ao passo que Amy Adams (O Homem de Aço) vive a talvez única amiga do protagonista, numa atuação discreta, sabotada pelo roteiro que pouco desenvolve sua personagem (o que consiste numa falha considerável, visto a importância que a mesma tem para a trama). Vale destacar também o trabalho de voz de Scarlett Johansson (Hitchcock), absolutamente apaixonante como Samantha. Sua escolha para o papel, aliás, mostra-se bastante acertada, visto que sua voz singular nos ajuda a conjurar a imagem da personagem em nossa mente.
Mas não há duvida que o dono do filme é Joaquin Phoenix, e lamento profundamente que o mesmo não tenha sido ao menos indicado pela Academia. Seu talento em tela salta aos olhos, especialmente se botarmos em contraste seu ultimo papel, em O Mestre. Construindo um personagem visivelmente fragilizado pela carência e solidão que sente, Phoenix se expressa em pequenos detalhes, seja no olhar expressivo, o sorriso sonhador ou o ajeitar fragilizado do óculos que lhe cai sobre a face. A obra não sobreviveria sem um grande ator para carregá-la, então sabemos que o papel esteve em ótimas mãos.
No fim, Ela é uma bela história de um amor impossível. Impossível no sentido carnal, ainda que em sentimento exista. É também uma crítica a sociedade atual, que esquece de se relacionar com o próximo e prefere expressar-se com a máquina. Mas é, acima de tudo, um grande filme, que promete ser cultuado por jovens e adultos dessa geração, e das próximas.
Ótimo |
Amy Adams
Chris Pratt
Críticas
Daniel Oliveira
Ela
Joaquin Phoenix
Rooney Mara
Scarlett Johansson
Spike Jonze
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Comentários
#ela
ResponderExcluiro filme também contem uma crítica velada à tendência atual da nossa sociedade, onde cada vez mais estamos tornando-nos alienados ao que acontece ao nosso redor, para fixarmos nossa atenção ao mundo virtual. Muitas vezes estamos tão somente fisicamente em um lugar, mas nosso pensamento não está ali, está em um mundo fictício criado por nós, onde inventamos "personagens" de nós mesmos, projetando uma figura em redes sociais "perfeitas" que não corresponde à realidade. Só que a realidade dói, as pessoas não são perfeitas,então é mais fácil viver no mundo dos sonhos...
ResponderExcluirSem dúvida alguma, essa também é uma ótima análise do filme!
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