CRÍTICA | Operação Overlord

Direção: Julius Avery
Roteiro: Billy Ray e Mark L. Smith
Elenco: Wyatt Russell, Pilou Asbæk, John Magaro, Mathilde Ollivier, Bokeem Woodbine, Jovan Adepo, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Filmes sobre a segunda guerra mundial estabeleceram um dos subgêneros mais famosos da indústria cinematográfica. Pouquíssimos exemplares, no entanto, ousam subverter os fatos históricos criando uma ficção sobre o tema. Steven Spielberg (Jogador Nº 1) fez isso sem grande sucesso com uma comédia, 1941: Uma Guerra Muito Louca (1979), já Quentin Tarantino (Django Livre) foi bem sucedido com uma de suas obras-primas, Bastardos Inglórios (2009), 30 anos depois. Dentro desse contexto chega aos cinemas Operação Overlord (Overlord), longa dirigido por Julius Avery (Sangue Jovem) e produzido por ninguém menos que J.J. Abrams (Star Wars: O Despertar da Força).

É curioso traçar um paralelo entre Abrams e Spielberg, já que o primeiro segue fielmente os passos de seu "mestre", tornando-se um produtor influente em Hollywood. Seu nome, na grande maioria das vezes, precede o do cineasta que dirige o longa-metragem, e este é exatamente o caso aqui. O problema é quando um nome passa a ser o principal atrativo de uma obra vazia em conteúdo. E infelizmente este é o caso.

Operação Overlord foi um codinome utilizado pelos Aliados para o início da invasão da Europa Ocidental ocupada pelos alemães. Baseando-se nessa premissa, o filme inicia com soldados paraquedistas norte-americanos se preparando para um salto, pouco antes do Dia D. A missão é destruir uma torre de rádio alemã em uma pequena cidade nos arredores da Normandia. Chegando ao local, o grupo inicia um embate com soldados nazistas, mas acaba encontrando muito mais do que buscavam a princípio.

Foto: Paramount Pictures

É de conhecimento histórico que Hitler autorizava experimentos utilizando humanos como cobaias, e Operação Overlord apropria-se desse fato para criar seu principal atrativo. É como se soldados norte-americanos se deparassem com super soldados mutantes nazistas e os enfrentassem francamente, no melhor estilo Um Drink no Inferno (1996), mas sem o fator surpresa genial do roteiro escrito por Tarantino. E infelizmente a boa premissa é o que de melhor teremos aqui, já que o filme pouco tem a entregar além disso.

O roteiro de Billy Ray (Jogos Vorazes) e Mark L. Smith (O Regresso) falha ao não aproveitar a liberdade criativa que a subversão dos fatos históricos permite, limitando-se apenas a corrigir falhas sociais da época, como quando traz soldados negros para o grupo. É sabido que os negros eram renegados a tarefas inferiores durante a segunda guerra, portanto trazer um representante afro-americano como protagonista é uma aposta pertinente dentro do contexto, uma pena, porém, que Jovan Adepo (Um Limite Entre Nós) não possua carisma algum. Outro exemplo mal empregado é o da personagem feminina vivida por Mathilde Ollivier (The Misfortunes of François Jane), que mesmo protagonizando cenas empolgantes - como quando utiliza um lança chamas -, é renegada a ser uma constante vítima de abuso sexual.

Talvez os fãs de cinema gore se animem com as "criaturas" criadas, ainda que a insistência de coloca-las se retorcendo para causar certo estranhamento soe engraçada (quando não deveria ser). A maquiagem e os efeitos digitais são dignas de um bom filme B, o que aqui cabe bem.

Foto: Paramount Pictures

Soma-se a tudo isso o fato de que todas as cenas de ação são previsíveis, iniciando e começando da mesma forma - o "mutante" aparece de surpresa para assustar, enfrenta um soldado e alguém aparece de surpresa e resolve o problema -, além de uma trilha sonora para lá de genérica, e resta pouco para o resultado final de Operação Overlord. Um longa que chega com toda a pompa e aval de seu produtor, mas que tem quase nada de novo a oferecer ao espectador.

Ruim

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