CRÍTICA | Truque de Mestre

Direção: Louis Leterrier
Roteiro: Ed Solomon, Boaz Yakin e Edward Ricourt
Elenco: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Isla Fisher, Dave Franco, Mélanie Laurent, entre outros
Origem: EUA / França
Ano: 2013

Sabe quando alguém fala que tem filmes em que precisamos desligar nosso cérebro para assistir, focando unicamente na diversão descompromissada? Particularmente, acho essa afirmação de uma ignorância incalculável, afinal, não preciso deixar de perceber os erros que um longa-metragem comete para me divertir com ele. Precisamos saber apenas em que território estamos adentrando. Não posso ir com a expectativa de assistir uma obra artística quando dou play em um Transformers, por exemplo. E foi com essa mentalidade que resolvi assistir Truque de Mestre (Now You See Me), mas antes eu tivesse ido assistir o filme do Pelé.

Na trama, 4 ilusionistas (Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Isla Fisher e Dave Franco) são convocados por um mágico misterioso para se unirem e realizarem um grande assalto a um banco francês, simultaneamente a uma apresentação, repassando o dinheiro roubado para a platéia presente. O sucesso do show, e consequentemente do crime cometido, chama a atenção do FBI, que escala um agente para solucionar o caso (Mark Ruffalo) em parceria com uma representante da Interpol (Mélanie Laurent).

Durante toda a obra somos mergulhados em excessos provenientes da direção do francês Louis Leterrier (Fúria de Titãs), que não se priva de utilizar o máximo possível de efeitos digitais com o intuito de chamar a atenção do espectador, muitos deles (como projeções em 3D ao redor de todo um prédio) soam inverossímeis em um mundo contemporâneo que, em momento algum em seu design de produção, almeja soar futurista. Além disso, efeitos digitais em um filme sobre ilusionismo, por si só, acabam tornando-se uma contradição colossal. O que dizer então do fetiche (não vejo outra explicação) do diretor em girar a câmera em quase todas as cenas de tensão? Aliando isso aos cortes ininterruptos, o filme deve ser uma experiência dolorosa a quem possui labirintite. Michael Bay sentiria inveja.

A premissa de Truque de Mestre é até bastante interessante, mas acaba desperdiçada por um roteiro que subestima a inteligência do espectador. Repleto de clichês e diálogos expositivos (o meu favorito é quando o personagem de Ruffalo, após descobrir que estava perseguindo a si mesmo por conta de uma trucagem em seu dispositivo de rastreio, grita a todos pulmões, em revolta e em meio a vários outros policiais: "Eu estava perseguindo a mim mesmo!"), o texto opta por um plot-twist em seu terceiro ato, mas esquece de deixar pistas e indícios que nos levassem até aquele momento. Pior (e isso pode ser um spoiler), nunca sabemos ao certo a razão dos ilusionistas estarem fazendo tudo aquilo. Qual era a intenção dos golpes? Do que se trata a cena final? Uma pena realmente.

Mas se o longa-metragem tem um ponto positivo, certamente é seu elenco. As participações de Michael Caine (A Origem) e Morgan Freeman (Oblivion), em papéis menores, dispensam comentários, já Eisenberg (A Rede Social) e Harrelson (da recente e excelente série True Detective), por sua vez, revivem a parceria de sucesso de Zumbilândia e são os destaques. O primeiro com sua fala acelerada de sempre, o segundo com seu carisma infalível. Carisma que falta a Fischer (O Grande Gatsby) e Franco (Anjos da Lei), apagados em seus papéis. Já Ruffalo (Ilha do Medo) e Laurent  (Bastardos Inglórios) vivem personagens unidimensionais, clichês e que pouco chamam atenção para si, especialmente a segunda.

No fim, Truque de Mestre não passa de um entretenimento vazio, que pode soar divertido a quem o assiste entre um tweet e outro, papeando, ou entre uma atualização de status no Facebook. Mas tente deixar-se levar pela trama, ou mesmo intrigar-se pelos "mistérios" que o filme propõe e verá que não resta muito além de um bom elenco, a não ser aquela vontade de ter ido assistir o filme do Edson.

Ruim

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