True Detective 2x06 | Church in Ruins


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Seis episódios se passaram e confesso que começo a me preocupar com o destino dessa temporada de True Detective. Por mais que eu esteja amando os personagens e as interpretações, já era hora da trama ter engrenado de forma que ficássemos empolgados com as soluções apresentadas. Não que não haja grandes momentos (e esse episódio teve alguns deles), mas começo a achar que talvez a série tenha sido um pouco pretensiosa demais em apostar em 4 protagonistas de igual importância para os acontecimentos, fazendo com que a investigação em si perdesse um pouco do foco. Espero, de verdade, queimar minha língua daqui a duas semanas.

Church in Ruins começou com o embate entre Velcoro e Semyon. Uma cena que por si só exala tensão, mas que foi diminuída pela direção pouco inspirada de Miguel Sapochnik (que mais tarde conseguiu se redimir). Esperava que a situação trouxesse um pouco mais de conflito entre os dois, e não apenas algumas ameaças de um lado a outro, com Semyon visivelmente dominando a situação. Por mais interessante que o personagem Velcoro seja, ele parece sempre diminuído pela imponência do "mafioso".

O episódio ainda reservaria outros bons momentos para Frank, ainda que sua jornada continue não me empolgando. Sua investigação "por baixo dos panos" dos acontecimentos resultam apenas em conflitos pessoais com gangues mexicanas locais, algo que, para mim, não traz conflitos que justifiquem sua trajetória. Gostaria de vê-lo cruzar o caminho de Bezzerides ou Woodrugh, ou talvez isso esteja reservado para o fim da temporada.


Voltando para Velcoro, foi angustiante ver sua recaída após um frustrante encontro supervisionado com o filho. A cena, que muito me lembrou o caótico momento de Martin Sheen nos minutos iniciais de Apocalypse Now, resultou no personagem abrindo mão de seu filho, já prevendo alguma besteira que virá a fazer quando tentar se vingar do real estuprador que violentou sua esposa anos antes. Senti falta apenas de uma consequência para sua intoxicação visceral, já que nos momentos seguintes ele já estava em plena operação.

O melhor desse 2x06, no entanto, foi a cena da orgia na mansão. Toda a construção daquele situação, que iniciou com Bezzerides conversando com a irmã e treinando fulminantes golpes de faca, culminaram num momento de extrema tensão e confusão mental (do espectador junto a protagonista). Aliás, uma atmosfera muito parecida com a criada por Stanley Kubrick em De Olhos Bem Fechados. Como se não bastasse, durante as "alucinações" da detetive, foi possível enxergarmos claros sinais de que a personagem provavelmente foi abusada sexualmente na infância, algo que dá um backgroud ainda maior para a construção da rica persona que é Bezzerides.

Para finalizar, vale destacar a trilha sonora dessa sequência final, que emulou muito bem um filme de horror/suspense. Um toque interessante da direção de Sapochnik, que fugiu dos clichês do gênero e fez alçou True Detective ao seu próprio nível, muito acima da média.

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