Castlevania | 1ª Temporada


Na maioria das vezes, quando ouvimos que uma determinada franquia de sucesso do mundo dos games vai ganhar um filme ou uma série, ficamos com os nervos lá no alto, cercados de expectativa, e também com uma preocupação, se vai ou não dar certo. No início do ano, fomos surpreendidos com o longa Assassin's Creed, baseado no game desenvolvido pela Ubisoft, com a brilhante atuação de Michael Fassbender e a participação da vencedora do Oscar, Marion Cotillard. Agora chegou a vez de Castlevania.

Trata-se de uma série de jogos da empresa Konami, que acaba de ganhar uma série em forma de anime lançada pela Netflix. São quatro episódios de vinte e cinco minutos cada. A produção se inspirou no game Castlevania III: Dracula's Curse, lançado em 1989 para o console NES (Nintendo Entertainment System), no Japão.

A história se passa na Idade Média, mais precisamente no ano de 1476, na cidade de Valáquia, na Romênia. Eis que surge um conde Drácula mais humanizado, mas sedento por vingança, isso por conta da morte de sua esposa Lisa Tepes na Santa Inquisição, acusada de praticar bruxaria. O maléfico vampiro reúne um exército de monstros para aniquilar toda a raça humana, e quando tudo parece perdido, aparece Trevor Belmont, o último remanescente do clã dos Belmont, um caçador de vampiros dotado de grandes habilidades, mas que está fora de forma, maltratado e anda vagando pela cidade na busca por sobrevivência.


A narrativa é feita de forma enxuta, bem estruturada e preocupada com a sequência de ações dos personagens, obedecendo uma sincronia com as imagens, feitas em animação 2D. A qualidade visual é impressionante, lembra os animes de Ghost in the Shell e Akira. A divisão dos episódios e a montagem foram precisas, temos um prólogo no primeiro episódio, com o início do relacionamento entre Drácula e Lisa, a Santa Inquisição, a ira do vilão e o exército de monstros em ação. Trevor ainda não aparece, fica para o segundo episódio em diante. 

O roteirista e mestre dos quadrinhos, Warren Ellis, faz uma adaptação cuidadosa, com uma sequência que aos poucos vai entregando enigmas a serem desvendados nos episódios seguintes, além de manter a coesão entre os personagens, bem como o desenvolvimento de conflitos, até chegar ao clímax, o confronto com os monstros recrutados por Drácula.

Além do roteiro, o visual também chama a atenção, com uma boa mescla de cores quentes e frias, seja com o pôr do sol logo após a chegada dos monstros à Valáquia, como também as igrejas, que são sagradas e se tornam sinistras com um bom efeito de sombras. Você se depara com uma história envolvente, belos cenários, além de muita violência e sangue. Não é uma série para todas as idades, algumas cenas são fortes, com órgãos mutilados, sangue jorrando e diálogos pesados em alguns momentos, portanto, tirem as crianças da sala!


E quem pensa que Trevor Belmont é apontado como salvador da pátria, que vai chegar e resolver tudo, está muito enganado. A primeira impressão é grotesca, um homem de aparência esquálida, sem rumo, preocupado unicamente em sobreviver e surrado sem dó nas suas primeiras intervenções. Mas na medida em que os conflitos se acentuam, a ameaça de invasão do exército de Drácula aumenta e o medo começa a tomar conta de todos, Trevor aos poucos vai se revelando, além de demonstrar ótimas habilidades com seu chicote (uma referência ao Indiana Jones?).

Longe de ser herói, Trevor é um ser humano como todos os outros, sofre de diversos problemas, mas com grandes virtudes, disposto a salvar uma cidade do caos, e que cresce nos momentos certos da trama, se tornando um forte aliado da Igreja, mesmo ela tendo uma postura tão inflexível na Idade Média. 

Quem é, ou até não é fã da franquia Castlevania, será brindado com uma história envolvente, de boas nuances, de ótima qualidade gráfica e que promete prender a atenção até o último minuto do último episódio. A cada sequência, uma surpresa, a cada minuto, o inesperado. E fomos surpreendidos com a renovação da produção para 2018, teremos mais 8 episódios. Boa diversão! 

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