5 filmes em que Tom Cruise fez mais do que apenas correr


No universo cinematográfico, um dos grandes pontos que diferencia um ator/atriz dos demais está, em grande parte, vinculado às suas habilidades em incorporar um personagem e explorar diversos gêneros com atuações marcantes. Porém, existem aqueles que também são lembrados por motivos bem mais "peculiares". No caso de Tom Cruise, o ator escolhido para essa lista, vemos que a sua maior habilidade nos últimos filmes em que atuou é correr como se não houvesse amanhã. Claro, não vamos dizer que sua interpretação é totalmente descartável, mas é nítido que o ator vem optando por projetos que exigem cada vez menos de interpretações multifacetadas, seja por motivos pessoais relacionados às suas crenças ou simplesmente pelo fato de querer garantir o pão de cada dia sem maiores dramas.

O ator já foi uma das grandes apostas de Hollywood, principalmente na transição dos anos 80 para os 90. Nessa época, Tom Cruise estava no auge e participou de grandes projetos, com diferentes diretores e em gêneros que exigiam muito mais de sua performance. Naquela época, esperava-se que o ator seguiria numa ascendência em relação a sua carreira, o que (infelizmente) não aconteceu. Embora eu seja da opinião de que Cruise poderia facilmente investir na carreira de maratonista, ainda podemos aproveitar os bons filmes que ele deixou em seu passado.

Na lista abaixo, destaquei 5 filmes da carreira de Tom Cruise em que ele fazia muito mais do que apenas correr. Na sua opinião, faltou algum filme na lista? Diz pra gente nos comentários.


Rain Man (idem, 1989)


Rain Man é conhecido e reverenciado pelas ótimas atuações da dupla Dustin Hoffman (Perdidos na Noite) e Tom Cruise. No longa, ambos são irmãos que cresceram separados, sendo que Raymond (Hoffman) é autista e fica com a herança milionária deixada pelo pai. Indignado por mal ter sido lembrado no testamento e aproveitando-se da doença do irmão, Charlie (Cruise) sequestra Ray da instituição onde ele estava internado com o objetivo de tomar o dinheiro para si, e assim os dois começam uma longa aventura com uma série de imprevistos. 

O longa é bastante feliz na forma como aborda a relação entre os dois personagens. A atuação de Hoffman é marcante por sua veracidade, oscilando entre momentos que causam emoção e risos em questão de segundos, ao mesmo tempo que também traz uma luz para entendermos um pouco mais sobre uma doença pouco falada na época. Mesmo com uma atuação menos complexa, Cruise segura muito bem as pontas e convence ao mostrar as dificuldades que seu personagem enfrenta em cuidar e lidar com uma pessoa autista. A sintonia dos dois atores funciona perfeitamente e é recurso suficiente para prender a atenção até o final.


Questão de Honra (A Few Good Men, 1992)


A atuação de Cruise em Questão de Honra é apenas mais um dos pontos fortes do filme, que conta com outros grandes nomes no elenco (Jack Nicholson, Kevin Bracon, Kiefer Sutherland) e um roteiro bastante dinâmico do respeitado Aaron Sorkin.

No longa, o advogado e tenente da Marinha, Daniel Kaffee (Cruise) é convocado por seus superiores para defender um caso de homicídio entre soldados da base de Guantánamo, comandada pelo Coronel Nathan Jessep (Nicholson). Porém, a suspeita acerca do crime é de que houve a requisição do "código vermelho", que indica um procedimento disciplinar fora do protocolo, aplicado pelos próprios soldados em outro, que tenha desobedecido ou falhado em alguma prova dentro da base. Famoso por resolver seus casos com acordos, Kaffee é chamado para cuidar deste, mas acaba por descobrir que há muito a se questionar tanto sobre o crime quanto sua conduta como advogado. 

O filme tem mais de duas horas e é surpreendente que não fique cansativo, sustentando-se apenas nas atuações e nos diálogos. Vale muito a pena para quem curte tramas jurídicas.


Entrevista com o Vampiro
(Interview with the Vampire: The Vampire Chronicles, 1994)


Deve ter sido uma loucura o momento em que anunciaram que Brad Pitt (War Machine) e Tom Cruise atuariam juntos em um filme de vampiros, já que os dois eram os galãs com a maior quantidade de pôsteres fixados nas paredes da década de 90. A adaptação do livro de Anne Rice é uma obra aclamada e respeitada pelos fãs dessa criatura mitológica das trevas, muito devido ao ótimo trabalho do roteiro e das atuações. 

É o vampiro Louis (Pitt) quem narra a história, mas é Lestat (Cruise) quem rouba a cena. Neste filme, Tom incorpora toda a sensualidade e o jeito ardiloso de Lestat, conquistando muito mais a simpatia do público do que o personagem de Pitt, que supostamente é o protagonista do longa. Vale ressaltar também a atuação da jovem Kirsten Dunst (O Estranho Que Nós Amamos), que faz ótima parceria com Cruise como os personagens mais interessantes desse clássico vampiresco.


Vanilla Sky (idem, 2001)


O remake do filme espanhol Abre Los Ojos é o típico "ame ou odeie", mas certamente é aqui que Cruise desempenha uma de suas melhores atuações. É verdade que ele corre algumas vezes nesse filme, mas apenas tiros curtos, nada perto da carreira de maratonista que viria anos depois.

No longa, Cruise interpreta David, um nova-iorquino milionário, que herdou e editora do pai e administra o negócio junto com um grupo de sócios. Na sua festa de aniversário, ele acaba conhecendo Sofia (Penélope Cruz) e se interessando instantaneamente pela mulher. Por outro lado, sua ficante casual, Julianna (Cameron Diaz), colocaria fim ao possível romance ao jogar seu carro de uma ponte enquanto dirigia, com David como passageiro.

A partir daí, há uma linha tênue entre o que é sonho ou realidade na vida do protagonista, já que a proposta do filme é justamente esta: explorar a mente de David após o acidente que o deixa desfigurado e quais serão os rumos que a vida do rapaz toma a partir daí. Há um drama constante no roteiro, e Crowe consegue explorar com eficiência a confusão entre sonho/realidade, utilizando fotografia e trilha sonora ao seu favor, além da química inegável que exala entre Cruise e Cruz.


Colateral (Collateral, 2004)


Saindo de sua zona de conforto, dessa vez Tom Cruise interpreta o antagonista da trama. Em mais uma noite de trabalho como qualquer outra, o taxista Max (Jamie Foxx) é abordado por Vincent (Cruise), que lhe oferece um acordo financeiro para ser seu taxista por uma noite. Já dava para prever que alguma surpresa viria pela frente, e em poucos minutos de convivência entre os dois, logo descobrimos que Cruise interpreta um assassino por encomenda, do tipo frio e pragmático. 

Lógico que em um filme de ação policial haveriam algumas cenas de corridas e fugas, mas o longa de Michael Mann (Fogo Contra Fogo) é um grande exemplar do gênero, indo muito além dos clichês. Mesmo com poucos diálogos, há uma ótima construção dos dois personagens, que precisam conviver uma noite inteira em meio ao caos de Los Angeles e das atividades de Vincent. A constante tensão e as cenas de ação são de tirar o fôlego, e a dupla principal entrega ótimas performances. 

Infelizmente, depois de Colateral, houve uma considerável queda na carreira do ator, sendo este o último grande filme de Tom Cruise como ator principal.

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