Coletiva | Darren Aronofsky e "Mãe!"

Crédito: Mauricio Santana

Na próxima quinta-feira, 21 de setembro, estreia Mãe! (Mother!) o aguardado novo longa-metragem de Darren Aronofsky (Cisne Negro), que inclusive já tem crítica no Cinéfilo em Série e você pode conferir clicando AQUI. E como parte da divulgação mundial do filme, o diretor esteve no Brasil, em São Paulo, para atender a imprensa de todo o país e eu estive presente na coletiva à convite da Paramount Pictures Brasil.

Bastante à vontade e solícito com os repórteres presentes, Aronofsky respondeu diversas perguntas sobre sua filmografia, seu processo de criação como realizador, bem como as metáforas políticas e religiosas contidas em Mãe!.

"Muito mais raivoso."

Quando perguntado sobre a onda de filmes recentes que fazem metáforas críticas ao governo Trump, como Corra! (Get Out) ou O Estranho Que Nós Amamos (The Beguiled), o cineasta entende que não se trata de um movimento ensaiado e sim uma coincidência, visto que a confecção de um longa é um processo demorado, e muitas dessas obras foram escritas ainda durante o governo Obama. Ele acaba citando seu próprio exemplo, pois escreveu o primeiro tratamento do roteiro de Mãe! em apenas 5 dias, durante o segundo mandato de Barack Obama, cujo governo já não o satisfazia plenamente no que diz respeito as questões ambientais do planeta, algo que aborda em seu novo filme. Quando questionado como o filme seria se tivesse sido escrito no governo Trump, Aronofsky foi taxativo: "Muito mais raivoso."

Crédito: Mauricio Santana

Outro momento marcante foi quando Aronofsky revelou que se enxerga na maioria de seus protagonistas. Citou que ele é a bailarina de Cisne Negro, o explorador de Fonte da Vida,  passando por O Lutador e Pi, e que também se vê em termos na personagem vivida por Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) em seu novo longa. Sobre atriz, o cineasta foi só elogios, relatando que a mesma se entregou para o papel e trouxe seu ponto de vista, especialmente no que diz respeito as causas feministas, outra das mensagens que seu filme defende.

"Filmar é filmar."

Quando questionado sobre as diferenças de dirigir um longa de baixo ou alto orçamento, Aronofsky foi enfático em dizer que o processo criativo é o mesmo, seja para um filme de 20 mil dólares (Pi) ou de 100 milhões de dólares (Noé). A diferença para ele está na expectativa de retorno gerada pelo estúdio e pelo público. Segundo ele, Mãe! é um filme de baixíssimo orçamento e que teve seus maiores gastos com seu grande elenco: Lawrence, Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez), Ed Harris (Westworld) e Michelle Pfeiffer (Sombras da Noite).

No vídeo abaixo vocês podem conferir um trechinho da coletiva, quando Darren Aronofsky fala sobre a divulgação de Mãe!. Ele conta que adorou o primeiro pôster, mas que muitos consideraram sangrento demais. Sua segunda tentativa foi o pôster com Bardem, mas que era um problema pela falta da imagem de Lawrence. O cineasta afirma que trata-se de um filme muito difícil de se vender, visto que não é uma obra tradicional de gênero, ainda que, segundo ele, vá te "foder" de qualquer forma.



Também foi falado sobre a polarização que os filmes do diretor geram, pois é comum ter quem ame ou odeie seus filmes. Aronofsky foi sucinto:

"Às vezes um soco na cara pode te incomodar ao ponto de você querer socar de volta."

Disse ainda que entende e não se incomoda com as múltiplas interpretações que seus filmes trazem aos espectadores, pois faz parte do processo criativo. No entanto, a única interpretação que não aceita para Mãe! é a da violência pela violência. O diretor afirma que utiliza o elemento para chocar e passar sua mensagem, e que não visa o sadismo puro e simples.

Após pouco mais de 50 minutos de coletiva, Aronofsky ainda teve tempo de brincar com os repórteres, quando questionado sobre a tal substância amarela que a personagem de Jennifer Lawrence ingere em certos momentos da obra:

"Acho que esse segredo vou guardar para mim."

E todos os presentes se divertiram com a simpatia de um diretor tão talentoso.

Crédito: Mauricio Santana

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