CRÍTICA | Kingsman: O Círculo Dourado

Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Matthew Vaughn e Jane Goldman
Elenco: Taron Egerton, Colin Firth, Channing Tatum, Mark Strong, Pedro Pascal, Julianne Moore, Jeff Briges, Halle Berry e Elton John
Origem: EUA / Reino Unido
Ano: 2017


Ao lançar Kingsman: Serviço Secreto, em 2014, o diretor Matthew Vaughn (Kick-Ass: Quebrando Tudo) surpreendeu a todos com um filme recheado de cenas de ação empolgantes, um elenco de primeira, além de uma clara referência aos filmes de 007, mas com uma sátira aos super espiões britânicos. E claro, não se pode esquecer da épica cena de Colin Firth (O Discurso do Rei) na igreja. Com tantas boas lembranças, será que Kingsman: O Círculo Dourado consegue causar o mesmo impacto e ser tão bom quanto o primeiro?

Após sofrer uma grande baixa no começo da trama, a agência internacional de inteligência Kingsman se depara com o surgimento de uma organização espiã norte-americana, a Statesman. Ambas se juntam com o intuito de derrotar um inimigo em comum e salvar o mundo. Claro que não vai ser fácil, pois a vilã deste longa é perversa, megalomaníaca e muito mais audaciosa e perigosa, se compararmos com o antagonista vivido por Samuel L. Jackson (Os Oito Odiados), no primeiro filme. Julianne Moore (Para Sempre Alice) é Poppy, líder de um poderoso cartel de drogas, o Círculo Dourado, que promete causar nessa sequência. Quem der um passo em falso, estará condenado.

Antes de abordar a leva de novos atores que compõem a organização Statesman, vou falar um pouco do núcleo que compunha o filme anterior e que está de volta para essa sequência. Taron Egerton (Voando Alto) encarna novamente o carismático Eggsy, com muita destreza e dinamismo, desta vez assumindo o protagonismo indiscutível da história,  que antes era dividido com Colin Firth. Aliás, a solução encontrada pelo roteiro para dar sustentação ao retorno de Firth, e a ligação dele com Eggsy, convence e realça a importância dos dois na história. Os atores trabalham bem juntos, a atuação de um complementa a do outro. Já a bela Hanna Alström (Sameblod) faz render cenas divertida, se tornando uma peça importante no crescimento de Eggsy como protagonista.

Crédito: Fox Film do Brasil

Mas temos gente nova no pedaço. Halle Berry (O Sequestro), como há tempos não se via, é o cérebro da organização Statesman, por ela passam as decisões mais importantes do grupo, tornando=-se a ponte entre os dois grupos de espiões na tentativa de barrar Poppy e o Círculo Dourado. Pedro Pascal (Narcos) e Jeff Bridges (Coração Louco) são os agentes Whiskey e Champagne, respectivamente, funcionando como uma espécie de Batman e Robin. O primeiro, mais inteligente e cheio de artimanhas, portando um laço poderoso, além de um chicote ao estilo Indiana Jones. Já o segundo, bastante atrapalhado e deslocado. Há também o agente Tequila, vivido por Channing Tatum (Logan Lucky), que funciona como artigo de luxo na trama, visto que não é muito aproveitado, mas rende muitas cenas cômicas. 

Completando o elenco temos Julianne Moore, representando uma vilã bastante caricata. Quando vemos Poppy em tela, podemos facilmente imaginar que ela saiu das páginas da DC, quase uma Coringa de saias, com um plano diabólico de dominação mundial, cercada de capangas e artefatos sofisticados, além de expressões faciais que revelam o quão maquiavélica e astuta ela é. Moore, com seu talento habitual, constrói uma personagem que serve a trama e destaca sua versatilidade como atriz.

O roteiro procura equilibrar ação e comédia, inserindo alívios cômicos em momentos de muita adrenalina, que beiram a insanidade. Algumas situações do filme anterior são revisitadas, mas isso não torna da obra mera repetição, pois novos elementos surgem no decorrer da trama. O espectador certamente se surpreenderá com algumas reviravoltas, pois a ação te envolve de forma tamanha, que fica difícil prever o que virá em seguida.

Crédito: Fox Film do Brasil

Falando da ação, há de se destacar um excelente plano-sequência que traz a câmera acompanhando os personagens, muita ação em câmera lenta e alguns giros em 360 graus que, bem administrados por Matthew Vaughn, trabalham em função da narrativa, criando tensão e, claro, empolgação.  O mesmo posso dizer da vibrante trilha sonora, que contribui para a manutenção do ritmo intenso e frenético por mais de duas horas de projeção.

A direção de arte também é um ponto alto, com a construção de cenários típicos do modo de vida americano na década de 60 e que compõem o império construído por Poppy. Além disso, o figurino dos agentes da Kingsman sempre lembram os ternos estilosos e elegantes da franquia 007, bem como as engenhocas que utilizam. Já os agentes da Statesman ganham representações tipicamente norte-americanas, com suas botas, fivelas de cinto e chapéus de cowboys. É feito um bom paralelo entre o estilo britânico e o norte-americano de espionagem, permitindo ao espectador se divertir com as diferenças, além de haver uma óbvia ampliação do universo da franquia.

Não posso encerrar essa crítica sem fazer uma menção honrosa a Sir Elton John, que interpreta a si mesmo no filme. Não se trata apenas de uma ponta, mas uma participação especial e importantíssima para os rumos do Círculo Dourado. Acredite se quiser. Mas não falarei mais, para não dar spoiler. Vá se divertir com Kingsman.

Excelente

Crédito: Fox Film do Brasil

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