CRÍTICA | Uma Razão Para Viver

Direção: Andy Serkis
Roteiro: William Nicholson
Elenco: Andrew Garfield, Claire Foy, Ed Speleers, Tom Hollander, entre outros
Origem: Reino Unido
Ano: 2017


O que nos motiva a viver? Cada pessoa irá responder essa pergunta de uma forma diferente, porém, é bem provável que todas as respostas girem em torno de um mesmo sentimento: o amor. Para a sua estreia como diretor, Andy Serkis (O Planeta dos Macacos) reviveu a história de amor entre Robin (Andrew Garfield) e Diana Cavendish (Claire Foy). Esses dois personagens reais protagonizaram um dos mais importantes episódios para a inclusão de pessoas com deficiência na sociedade, já que Robin foi um dos pioneiros no uso de cadeira de rodas.

Aos 28 anos, em uma das viagens do casal à África, o protagonista é infectado com o vírus da poliomielite, doença que ataca o sistema nervoso e pode causar paralisia completa. A partir daí, a vida do jovem vira de cabeça para baixo. As partidas de tênis e as viagens são trocadas pelo confinamento em uma cama de hospital, pois Robin nem mesmo consegue respirar sem a ajuda de aparelhos. Apesar do diagnóstico incurável, Diana não desiste do marido e consegue retirá-lo do hospital com a ajuda dos irmãos gêmeos (Tom Hollander) e do inventor Teddy Hall (Hugh Bonneville). Com o apoio de uma cadeira de rodas com respirador portátil, feita especialmente para ele, é dada a Robin a oportunidade de viver ao lado da esposa, criar o filho e ajudar outras pessoas com pólio.

Foto: Diamond Films

O filme aborda de forma tocante uma questão muito delicada, a realidade vivenciada por pessoas com deficiências físicas. Nos dias atuais, vivemos em uma sociedade que, muitas vezes, fecha os olhos para pessoas nessa situação, porém, nos anos 50, o momento era ainda pior, já que o isolamento em hospitais era a única alternativa. Sem acesso a um tratamento humanizado ou a opções de acessibilidade, mulheres e homens com deficiências físicas eram tratados como incapazes ou como cobaias para estudos. Em uma das cenas mais agonizantes do longa, o grupo de Robin visita um centro médico alemão. Ali, várias pessoas com pólio são mantidas presas em “casulos” como se fossem experimentos de um laboratório.

Um dos principais problemas de Uma Razão Para Viver, no entanto, é o não aprofundamento dos personagens, em especial, da co-protagonista Diana. Para fugir do clichê do “filme sobre superação”, é necessário explorar as camadas e os nuances que todo personagem deveria ter, ainda mais, quando se trata de figuras que enfrentam os mais diversos problemas. Nesse sentido, Diana aparece como uma esposa dedicada e leal, porém, pouquíssimas vezes a personagem vai além disso. O público pode sentir falta de cenas que demonstrem a raiva, o medo ou o cansaço de alguém que, durante anos, manteve o marido vivo. A relação do casal também parece carecer de profundidade, já que tudo passa a impressão de ter acontecido muito rápido e sempre de forma positiva. Volto a destacar que são poucas as cenas que mostram com sinceridade as dificuldades vividas por ambos.

Foto: Diamond Films

Mesmo com alguns defeitos, Uma Razão Para Viver permanece sendo um corajoso retrato da batalha enfrentada todos os dias por milhares de pessoas. Por fim, mostra-se uma surpresa agradável, descobrir, ao final da exibição, que o longa foi produzido por Jonathan Cavendish, como uma homenagem a vida dos pais.

Bom

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