CRÍTICA | Círculo de Fogo

Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Guillermo del Toro e Travis Beacham
Elenco: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi, Burn Gorman, Charlie Day, Ron Perlman, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2013


Você já ouviu falar sobre o gênero tokusatsu? Trata-se de um termo japonês que, traduzido ao pé da letra, significa "filme de efeitos especiais". O primeiro exemplo do gênero, e um dos mais famosos até hoje, é o Godzilla, criado em 1954. De lá pra cá o Japão lançou diversos outros exemplares de tokusatsu, que foram sendo modificados com o tempo: Kamen Rider, Super Sentai, Ultraman, Metal Hero, e por aí vai. Círculo de Fogo (Pacific Rim), portanto, é uma grande homenagem aos maiores títulos do gênero.

No ano de 2013, uma fenda entre o nosso mundo e o dos Kaijus (monstros gigantes) faz com que eles venham atrapalhar a nossa existência. Mesmo com todo o poderio bélico que dispomos, não foi possível conter as sucessivas invasões e destruições dessa gigantescas criaturas. Com isso, as nações se unem e criam o Programa Jaeger (caçador) para criar robôs gigantes a fim de combater essa ameaça. Embora as primeiras tentativas não tenham apresentado resultados favoráveis, após algum tempo, o avanço das "bestas" começa a ser retardado. Em 2020, a situação fica mais séria quando somos apresentados a Raleigh (Charlie Hunnam) e seu irmão Yancy (Diego Klattenhoff), que juntos enfrentam um monstro que se mostra poderoso demais, causando a morte do segundo.

Cinco anos após a tragédia, vemos que Raleigh deixou o programa e os lideres mundiais pedem o cancelamento do mesmo, devido as inúmeras baixas de pilotos, concentrando seus esforços na construção de um muro gigantesco para impedir o avanço das criaturas. Evidentemente esse muro é facilmente destruído, e caberá a Stacker Pentecost (Idris Elba) ir até Raleigh para convencê-lo a voltar para o programa a fim de exterminar as feras de uma vez por todas.

Foto: Universal Pictures

Círculo de Fogo sofre com alguns problemas de roteiro, especialmente no que diz respeito as tramas paralelas. A falta de detalhes de elementos na trama também incomoda, como por exemplo, a falta de informações a respeito dos Kaijus. Em momento algum nos é mostrado como os monstros estudam os Jaegers para descobrirem suas fraquezas, algo que poderia passar batido, não fossem as criaturas espertas o suficiente para usarem técnicas especificas para abater os robôs, como acontece quando um deles utilizam um pulso eletro magnético.

O design de produção, por outro lado, é muito bem feito. Cada criatura é constituída de detalhes gráficos apurados e se destacam nos detalhes, como as veias que ficam florescentes no escuro. Alguns designs até parecem criações do mestre Mike Mignola, artista responsável por Hellboy. Os robôs, por sua vez, são tão bem feitos quanto, cada um com sua característica visual e habilidades únicas. Vale destacar a ponte de comando, que soa como um hibrido de Homem de Ferro com Power Rangers.

A direção de fotografia opta por tons mais escuros, principalmente nas cenas de batalha, fazendo com que as luzes de robôs e monstros se destaquem, criando um belo espetáculo visual para quem assiste. Além disso, quase sempre há chuva nas batalhas, que são sempre filmadas em planos abertos e com muitos cortes. Tais escolhas trazem urgência aos embates, mas podem deixar espectadores menos atentos confusos com a geografia das cenas.

Foto: Universal Pictures

Dentre as atuações, vale a pena destacar o trabalho de Idris Elba (A Grande Jogada), que mesmo aparecendo em poucos momentos, parece carregar o filme inteiro nas costas. Isso ocorre pois a dupla de cientistas que, teoricamente, serviriam para explicar a maioria dos conceitos que vemos em tela, na maior parte do tempo, serve apenas como alívio cômico mal resolvido.

Circulo de Fogo é uma obra que homenageia um dos gêneros mais prolíficos de todos os tempos, fazendo jus a ele em suas cenas de ação. Por outro lado, se perde ao não entregar um roteiro atrativo o suficiente, com personagens de pouco carisma e subtramas desinteressantes. A promessa era algo incrível, o resultado foi apenas regular.

Regular

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