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Postado por
Aline Lanis
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The Handmaid's Tale, adaptação do livro homônimo de Margaret Atwood, estreou em 2017 pelo serviço de streaming Hulu, conquistando público e crítica com a qualidade de sua produção, que a fez ganhar diversos prêmios importantes como o Globo de Ouro e o Emmy de melhor série dramática.
Com uma premissa assustadoramente real, a série narra a história de uma sociedade distópica, a República de Gilead, onde o antigo Estados Unidos passa a ser comandado por fundamentalistas religiosos após sofrer um golpe de estado. Tudo uma desculpa para colocar "o mundo nos eixos", já que por conta da destruição do meio ambiente, nossa sociedade enfrenta grande problema com a infertilidade e a queda de natalidade.
A segunda temporada tem início logo após os eventos da anterior, quando vemos o que acontece com June (Elisabeth Moss) depois que ela é levada da casa dos Waterford, bem como as consequências dos atos anteriores das aias. Para mim, as cenas mais impactantes desse segundo ano estão nesse primeiro episódio. A tensão de não saber para onde estão indo e o momento que percebem o que está por vir, mesmo que nós espectadores saibamos que não aconteceria de fato, é de extremo sentimento de pavor. Não senti nada além de empatia por aquelas mulheres, que apesar de já saberem o quão cruel aquela sociedade poderia ser, veem ali uma nova face da maldade instalada naquele regime.
Foto: Hulu |
Um medo comum no mundo das séries é que a qualidade encontrada na temporada de estreia não se repita na continuidade da narrativa, ainda mais em uma adaptação como The Handmaid's Tale, cujo material base encerrou com o desfecho do primeiro ano. Felizmente esse problema não ocorre aqui e testemunhamos a manutenção da qualidade constante que a produção nos apresentou, além de expandir o universo de Atwood de forma impecável.
Se antes havia um protagonismo bem definido de Offred (Moss), ainda que houvessem arcos e facetas de outros personagens que não existem no livro, agora temos uma narrativa mais aberta, explicando como esse regime se instalou lentamente, já que a própria protagonista nos diz que esse tipo de coisa não acontece de uma hora para outra. Todo discurso de que o que mais importa para Gilead são as crianças não é verdade. Fica claro nessa temporada que tudo é movido pelo patriarcado e como nada mais importa, a não ser que os homens permaneçam no poder enquanto as mulheres continuem sendo submissas e obedientes.
Temos aqui um novo cenário, as Colônias, lugar temido pelas mulheres, que muitas vezes são obrigadas a irem para lá e trabalhar até morrer. Ali vemos grande desenvolvimento de Emily (Alexis Bledel), que ganha mais espaço dessa vez. Outra personagem melhor desenvolvida é Serena (Yvonne Strahovski), que não cansa de fascinar o espectador com sua personalidade complexa, que divide opiniões. Seria ela apenas uma agressora? Ou trata-se de mais uma vítima do sistema que ela mesma ajudou a criar?
Foto: Hulu |
Histórias como The Handmaid's Tale apresentam temáticas exacerbadas justamente para ressaltar em diferentes níveis tais aspectos em nossa realidade. Um exemplo disso é o fato de que toda a repressão desse sistema faz com que a população, em especial as mulheres, se sinta vigiada a todo momento. Confiar não é algo simples em Gilead e esse fator favorece significativamente para que o regime permaneça. Essa temporada nos mostra que união e resistência, assustam e intimidam. É interessante notar que, quando o Comandante Waterford (Joseph Fiennes) percebe a união entre sua esposa e sua aia, ou mesmo sua esposa com outras mulheres, ele logo toma medidas cruéis e humilhantes para que essa sororidade acabe em definitivo.
Apesar dos inúmeros acertos, essa segunda temporada sofreu críticas por avançar a narrativa de forma significativa para logo na sequência retroceder, dando a impressão de que a história não evoluiria. Além disso, a constante violência e falta de esperança incomodou bastante gente, pois pode soar como gatilho para queles mais sensíveis, principalmente as mulheres, no entanto, toda a violência apresentada se justifica dentro da trama.
Tudo faz parte da construção intensa e complexa do contexto de Gilead. Eu, particularmente, achei a primeira temporada bem mais pesada e impactante, mas talvez isso tenha relação com o fato de que vi a anterior sem pausas, enquanto aqui acompanhei os episódio semanalmente. O que, aliás, eu recomendo para quem está assistindo a série. O tempo de maturação entre capítulos traz um ganho valioso para a série.
Tudo faz parte da construção intensa e complexa do contexto de Gilead. Eu, particularmente, achei a primeira temporada bem mais pesada e impactante, mas talvez isso tenha relação com o fato de que vi a anterior sem pausas, enquanto aqui acompanhei os episódio semanalmente. O que, aliás, eu recomendo para quem está assistindo a série. O tempo de maturação entre capítulos traz um ganho valioso para a série.
Apesar de trazer mais episódios do que o necessário, The Handmaid's Tale consegue entregar uma narrativa cativante e bem desenvolvida, deixando um grande gancho para o que vem pela frente em 2019. As possibilidades de mudanças são muitas, permitindo que a expectativa para os próximos anos seja bastante positiva.
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