CRÍTICA | A Rota Selvagem

Direção: Andrew Haigh
Roteiro: Andrew Haigh
Elenco: Charlie Plummer, Travis Fimmel, Chloë Sevigny, Thomas Mann, Steve Buscemi, entre outros
Origem: Reino Unido
Ano: 2017


Uma das grandes vantagens de um road movie é a possibilidade de oferecer ao espectador uma boa história, repleta de camadas e, em meio às belas paisagens, encabeçar o drama para fazer refletir. A Rota Selvagem (Lean on Pete), não é diferente, porém, é justamente dentro desse subgênero que o protagonista tem a possibilidade de se desviar, literalmente, do caminho, para perceber que o seu objetivo não precisa ser, necessariamente, o mesmo do começo ao fim. 

Charley (Charlie Plummer) é um jovem de quinze anos sofrendo pela falta de sua mãe. Convivendo com seu pai (Travis Fimmel), ele parte em busca de algo mais em sua vida, de uma atividade somatória às suas corridas matinais. É então que consegue a vaga de ajudante de um experiente e fracassado homem, Del (Steve Buscemi), que cria cavalos para colocá-los em corridas pelas mais diversas cidades do interior dos Estados Unidos.

Durante sua trajetória, Charley se aproxima de um cavalo que o acompanha por boa parte da trama, e nesses momentos você entende o porquê de sua rota selvagem. Ele cresce e se transforma em um homem, mas quando perde seu amigo, é o momento que o longa tem uma quebra absurda, fazendo com que a rota não fique mais tão atraente.

Foto: Diamond Films Brasil

O roteiro é bem estruturado e o filme se permite viajar para algo além dos bons diálogos. Há vários recomeços na história do adolescente, onde o vemos aprendendo a sobreviver em uma aventura muitas vezes pouco empolgante. O auge da narrativa acontece nos momentos difíceis, onde o diretor Andrew Haigh (45 Anos) não permite que a melancolia tome conta da cena.

A bela fotografia empregada também merece elogios, com locações em meio a belas paisagens do interior dos Estados Unidos. Somado a isso temos a trilha sonora de James Edward Barker (Refém do Jogo), que brinca entre melodias folk e as de pura melancolia, trazendo um tom pós-minimalista ao trabalhar com volumes mais baixos. São elementos que evidenciam a solidão da viagem de Charlie e Pete no deserto.

A Rota Selvagem nos apresenta a mais um drama sobre o relacionamento de um jovem com seu adorado cavalo, culminando em diversos sentimentos bloqueados em seu dia a dia, refletidos no animal, criando um vínculo especial e significativo com ele. É uma bela surpresa, por apresentar a ingenuidade de um protagonista e por mostrar de maneira natural e crua como a vida o forçou a tomar certas atitudes, possibilitando a sua autodescoberta de maneira bastante real.

Foto: Diamond Films Brasil

Trata-se de uma obra sobre amadurecimento e perseverança diante das adversidades da vida. E aí que está a força de todo bom road movie: mostrar que a vida tem seus caminhos belos, repletos de oportunidades, mas que nem sempre são o suficiente para ultrapassar as lições que a dor muitas vezes impõe. Uma história sobre autodescoberta, regada por boas doses de melancolia.

Bom

Comentários