CRÍTICA | Sócrates

Direção: Alex Moratto
Roteiro: Alex Moratto e Thayná Mantesso
Elenco: Christian Malheiros, Tales Ordakji, Caio Martinez Pacheco, entre outros
Origem: Brasil
Ano: 2018


Dentre as mais de 80 produções brasileiras presentes no Festival do Rio 2018, o longa-metragem Sócrates vem representando o país em festivais internacionais, diferindo-se por sua sensibilidade e simplicidade ao mostrar a realidade nacional. É também uma produção idealizada por jovens entre 16 e 20 anos das oficinas Querô, projeto social idealizado pelo Instituto Querô, uma ONG de Santos que utiliza do audiovisual para capacitar jovens de baixa renda, transformando suas realidades através da sétima arte.

Depois da morte de sua mãe, o jovem Sócrates (Christian Malheiros), morador da periferia da Baixada Santista, litoral de São Paulo, precisa fazer o possível para conseguir sobreviver na realidade em que se encontra. Trata-se de um menino negro de apenas 15 anos que não sabe praticamente nada da vida, e que tenta a duras penas prover o próprio sustento e projetar seus sonhos da maneira que pode.

Ao exercer trabalho braçal, ele conhece Maicon (Tales Ordakji), um jovem com quem tem problemas em um primeiro momento, mas que depois acaba por nutrir uma relação que varia entre a violência, o afeto, a aceitação e a rejeição. Essas nuances acabam por deixar o protagonista ainda mais perdido e sem rumo. 

Foto: O2 Filmes

Dirigido por Alex Moratto (One Missed Call), o filme busca incluir os flagelados e normalmente ignorados pela arte, nos inserindo em um ambiente de tensão predominante do início ao fim da narrativa. Christian Malheiros, ator formado pela Escola de Artes Cênicas de Santos e escolhido como protagonista entre centenas de candidatos, apresenta toda a sensibilidade exigida por seu personagem, principalmente nas expressões e momentos de silêncio. 

A obra fala sobre a não aceitação da injustiça do mundo e a ânsia pelo não existir. Seu desfecho é emocionante e retrata, através das emoções do personagem título, a vontade de cumprir o desejo de sua mãe, bem como sua confusão emocional e mental.

Sócrates se passa no contexto atual do Brasil, contando uma história comum sobre a vontade de viver. Um personagem que enfrenta sozinho momentos de pobreza, violência, racismo e homofobia, algo que é lugar comum na vida de tantos e tantos brasileiros e que, infelizmente, não tem perspectiva de mudar tão cedo.

Bom

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