CRÍTICA | Drácula de Bram Stoker

Direção: Francis Ford Coppola
Roteiro: James V. Hart
Elenco: Gary Oldman, Keanu Reeves, Winona Ryder, Anthony Hopkins, Richard E. Grant, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1992


Baseado no romance escrito em 1897, Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker's Dracula) é, para muitos, a versão definitiva do personagem no cinema. Não a toa o longa-metragem dirigido por Francis Ford Coppola (O Poderoso Chefão) venceu três Oscar (melhor maquiagem, melhor figurino e melhor edição de som) e está marcado até hoje na memória de todos que o assistiram.

A trama inicia no século XV, onde Drácula (Gary Oldman) é batizado assim por ser um Cavaleiro do Dragão, cuja missão é defender a Igreja contra os inimigos de Cristo. Prestes a enfrentar uma de suas maiores batalhas, ele se despede da sua noiva Elisabeta (Winona Ryder). No entanto, devido a um mal entendido, Elisabeta recebe uma carta de que seu noivo teria morrido em batalha e, com seu coração partido, ela se suicida no rio, em frente ao castelo. Assim que Drácula vê sua amada morta, ele renuncia à sua servidão a Deus e se entrega ao poder das trevas na tentativa de trazer a amanda de volta à vida.

Após o prólogo, somos transportados para a Londres de 1897 onde Jonathan Harker (Keanu Reeves) com o objetivo de ser reconhecido no trabalho, aceita a oferta de viajar à Romênia e permanecer por um mês na companhia de Conde Drácula. Enquanto está a caminho no trem, Jonathan é observado pelos olhos púrpuras de Drácula ao fundo, relatando todos os seus anseios e pensamentos em um diário de bordo.

Sony Pictures

Antes de deixar Londres, Jonathan deixa sua noiva com a promessa de se casarem quando voltarem. Wilhelmina Murray, ou Mina (Winona Ryder), é professora e a reencarnação de Elisabeta, amada de Drácula. A personagem não apenas sente a presença de seu ex-noivo, como é perseguida e sente amor por ele. De natureza frígida, ela escreve em seu diário sobre suas vontades e seu atual noivo que foi à Romênia. Ela sonha em se casar, mas se assusta com os prazeres carnais.

Ao contrário de Mina, sua melhor amiga Lucy Westenra (Sadie Frost) é uma mulher rica, curiosa e destemida sexualmente. Ela soa preocupada quando conversa com a mesma, pois seu sonho é casar e se considera uma mulher velha, beirando os vinte anos de idade. Com muitos pretendentes, ela organiza reuniões e festas para tirar proveito da sua beleza e sensualidade com o público masculino, até encontrar o par perfeito dos seus sonhos. 

Com ar sombrio e misterioso, o castelo do Drácula aparenta estar deserto quando Jonathan chega à noite. Ele fica aflito, pois os únicos seres que ele tem contato enquanto está a caminho do local não esclarecem nenhuma de suas dúvidas. Ao se deparar com o Conde em si, seus comportamentos exóticos durante à noite o assustam, fazendo-o sentir  observado e testado de diferentes formas, na tentativa de sobreviver a cada novo dia.

Nesse sentido, a maquiagem e a cinematografia corroboram para o aspecto de "filme antigo" que Coppola quer passar. Aliás, a forma de se filmar "à moda antiga" é louvável aqui, criando um clima singular para a obra, o que valoriza ainda mais as diferentes formas físicas de Drácula, já que até sua sombra tem vida própria, assombrando não apenas Jonathan, mas também perseguindo Mina em Londres. Isso quando o "vilão" não assume sua forma jovial e atraente. As múltiplas com que o cineasta monta suas cenas remetem muito aos clássicos do Expressionismo Alemão, como Nosferatu (1922). 

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Envolvente e hipnotizante, Drácula de Bram Stoker captura o espectador por completo, fazendo-o duvidar se prefere ver Mina ao lado de Jonathan ou, após tantos séculos, finalmente se entregar ao Conde. Sinal de que o coração da obra original está lá, muito bem retratada em tela.

Excelente



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