- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Postado por
Lívia Campos de Menezes
em
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Criada por Lauren Iungerich (Awkward), Ed Gonzalez (A Guerra das Gangues) e Jeremy Haft (Empire), On My Block estreou sem muito alarde na Netflix, mas é certamente um dos melhores lançamentos da gigante do streaming nesse primeiro semestre de 2018. Apesar de utilizar a manjada fórmula do coming of age para construir o arco dramático da estória, os criadores inovam ao não apresentarem nenhum protagonista branco. Isso mesmo, todos os quatro adolescentes que estrelam a série representam alguma minoria étnica dos Estados Unidos.
Diferentemente de outras produções, em que estórias são contadas tendo como pano de fundo a dificuldade que as minorias têm para ascender na sociedade norte-americana, a série não tem o enredo focado na discussão sobre desigualdade social (não que isso não permeie as entrelinhas do roteiro). Daí a grata surpresa. On My Block narra as aventuras de quatro jovens da periferia de Los Angeles à medida que trabalha temas comuns da adolescência, como, por exemplo, a chegada ao ensino médio, a descoberta do primeiro amor e o desafio de ter que abandonar as fantasias infantis.
Ao contar uma estória tendo como personagens principais jovens procedentes de uma realidade distinta da tão conhecida classe média norte-americana, o seriado traz um frescor inesperado ao espectador. Os primeiros episódios, inclusive, chegam a ser até excessivamente amadores. Mas não se engane, a trajetória de Monse Finnie (Sierra Capri), jovem sonhadora e aspirante a escritora; Ruby Martinez (Jason Genao), baixinho invocado e tagarela; Jamal (Brett Gray), o alívio cômico da turma; e Cesar (Diego Tinoco), o galã que tenta fugir do destino certo de pertencer à gangue local; Os Santos, é muito bem desenvolvida.
Foto: John O. Flexor / Netflix |
Embora algumas subtramas não sejam verossimilhantes, como a fixação de Jamal em encontrar um tesouro, em uma clara homenagem ao clássico Os Goonies (The Goonies, 1985), a série funciona porque as experiências do elenco principal não são estereotipadas. O crime faz parte da realidade do bairro, mas não domina a vida de seus habitantes. Pelo contrário, a insegurança nas ruas não impede nossos protagonistas de saírem à noite, namorarem e fazerem drama, como qualquer adolescente. E é porque acreditam que podem conquistar o que quiserem, que Monse, Jamal e Ruby unem-se para livrar o amigo Cesar das garras de Oscar "Spooky" Diaz (Julio Macias).
Uma das atuais pautas da indústria do cinema é a necessidade de haver mais diversidade étnica nas telas, no entanto, é igualmente importante que se ofereça mais espaço às minorias que trabalham atrás das câmeras. Em uma entrevista para The Wrap (aqui, em inglês), Lauren Iungerich conta que, embora soubesse que seria mais difícil, ela e os parceiros decidiram trazer artistas cujas raízes culturais fossem as mesmas de seus personagens. É evidente que roteiristas brancos, que cresceram no subúrbio, conseguem dramatizar a vida de latinos e negros da periferia, porém, quem melhor do que os últimos para dizer quanto da dramatização no roteiro não é puro estereótipo?
O frescor de On My Block procede não somente das atuações inexperientes de seu elenco principal, mas, das novas vozes que contam as peripécias dos quatro amigos. E isso é muito motivador.
Lívia Campos de Menezes é apaixonada por filmes, séries e boa música (leia-se rock'n'roll). Adora ler e viajar. Mora em São Francisco (CA), onde trabalha como produtora de cinema independente.
Brett Gray
Diego Tinoco
Ed Gonzalez
Jason Genao
Jeremy Haft
Lauren Iungerich
Lívia Campos de Menezes
Netflix
Oh My Block
Review
Sierra Capri
- Gerar link
- X
- Outros aplicativos
Comentários
Postar um comentário
Gostou, não gostou, quer conversar sobre? Comenta aí!