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Cibele Pixinine
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Direção: David Fincher Roteiro: David Giler, Walter Hill e Larry Ferguson Elenco: Sigourney Weaver, Charles Dance, Paul McGann, Charles S. Dutton, entre outros Origem: EUA Ano: 1992 |
David Fincher (Mank) hoje é reconhecido como um dos grandes diretores de Hollywood, graças a forma como representou personagens emblemáticos, as estruturas não convencionais de suas narrativas e a sua capacidade de traduzir o drama em cenas nas quais os diálogos e a relação entre os personagens são o foco da câmera. Apesar do sucesso atual, a sua estreia em longas-metragens ocorreu de uma forma um tanto quanto traumática com Alien 3 (Alien³), em 1992.
A carreira de Fincher iniciou aos 18 anos e deslanchou nos anos 1980/90, quando começou a dirigir comerciais de TV e videoclipes de artistas como Madonna (Express Yourself) e Michael Jackson (Who Is It). Quando foi convidado a dirigir Alien 3, a produção já estava em andamento, tanto que a fotografia principal já tinha sido iniciada por outros diretores. Além disso, o roteiro passou por quatro mãos diferentes e acabou tendo várias versões, sendo finalizado apenas após o início das gravações. O cineasta caiu de paraquedas em toda essa confusão e, como novato, acabou não tendo sua voz ouvida durante a produção. Isso fez com que, por muitos anos, renegasse o filme.
Na segunda continuação do clássico de Ridley Scott (Alien, o Oitavo Passageiro), acompanhamos a Tenente Ripley (Sigourney Weaver) que, mais uma vez, é a única sobrevivente da queda de sua nave no planeta Fiorina 161, base de uma prisão de segurança máxima. Isolada com estupradores, bandidos e condenados, Ripley não demora a perceber que eles não são a única ameaça ali, já que um alien também sobreviveu a queda e se esconde nas tubulações abandonadas do local.
20th Century Studios |
O ritmo ágil de Alien 3 é ditado desde o começo, já que as cenas de abertura são utilizadas para finalizar o arco em aberto do longa anterior. Já nos primeiros minutos, descobrimos que a garota Newt, o soldado Hicks e o androide Bishop foram mortos pela criatura, que estava escondida na nave. Porém, a agilidade exagerada logo prejudica a narrativa, pois são apresentadas situações inverossímeis e soluções absurdas para alguns problemas. Da mesma forma, questões que poderiam ser mais bem desenvolvidas pelo roteiro – como a religião criada pelos detentos – se perdem na pressa de se chegar ao clímax da obra.
Apesar dos pesares, algumas características hoje reconhecidas de Fincher já podiam ser observadas na ocasião. Alien 3 retoma a ambientação claustrofóbica do longa original. Em vez dos corredores escuros da USCSS Nostromo, aqui temos os labirínticos dutos de ventilação da penitenciária, um cenário quase industrial em tons metálicos e de marrom terra. O diretor investe também na centralidade dos diálogos em algumas cenas, nas quais percebemos como as informações que ali estão sendo discutidas são importantes para a narrativa ou para o background do personagem. Fincher filma tudo com câmeras sem tripé e com poucos close ups, passando a sensação de onipresença e inevitabilidade.
Mais tarde em sua filmografia, Fincher viria a usar de forma muito rara os close ups, apenas quando o objeto em foco tem muita importância. Temos um gostinho dessa escolha na única cena memorável da obra, quando o alien encara, a milímetros de distância, o rosto aterrorizado de Ripley.
A atuação de Sigourney Weaver (Poder Paranormal) continua sendo um dos pontos altos da franquia. Neste ponto da história, nos deparamos com uma Ripley cansada de perder amigos e lutar contra algo que parece invencível. Ao mesmo tempo, apesar do luto e da tristeza, ela logo abraça para si o papel de líder na luta contra o monstro alienígena, que agora ganhou comportamento e algumas características físicas ainda mais humanoides.
No geral, Alien 3 funciona como um passatempo despretensioso, no entanto, passa longe de fazer jus a franquia inaugurada por Ridley Scott. Com exceção da cena marcante já citada, todo o restante da história é facilmente esquecida com o passar do tempo. Quando focamos na filmografia de David Fincher, o esquecimento também soa inevitável, já que os trabalhos posteriores do diretor possuem qualidade infinitamente superior.
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