CRÍTICA | Mais Que Especiais

Direção: Olivier Nakache e Éric Toledano
Roteiro: Olivier Nakache e Éric Toledano
Elenco: Vincent Cassel, Reda Kateb, Hélène Vincent, entre outros
Origem: França / Bélgica
Ano: 2019

Em Paris, dois amigos de longa data possuem duas instituições não-governamentais chamadas La Voix des Justes (A voz dos Justos), que auxilia famílias carentes com pessoas que possuem autismo severo. Eles lutam para que sejam tratados de maneira digna e humana, diferente do que o governo exige normalmente das outras associações.

Mais Que Especiais (Hors normes) conta a história de Bruno Haroche (Vincent Cassel) é um judeu solteiro, que aparenta ter 40 anos, muito dedicado e com uma vida agitada em prol dos adolescentes, crianças e adultos autistas. Mesmo com a sua rotina, possui a ajuda de seus amigos, fazendo-o não desistir de se encontrar com algumas mulheres solteiras, na esperança de ter um relacionamento fixo e feliz, que compreenda o seu estilo de vida.

Malik (Reda Kateb) é muçulmano e amigo de Bruno. Diferente de seu colega, ele já é casado e tem filhos. A rotina não deixa de ser corrida, mas ele permanece com o mesmo comprometimento de buscar as crianças com sua van e encaminhá-las a diferentes atividades diárias que ajudam no autismo, como equoterapia e patinação no gelo.

A instituição tem a ajuda de inúmeros voluntários, em sua maioria adolescentes pós horário escolar, que passam por um treinamento para que compreendam a prática, a teoria e o propósito de La Voix des Justes.

Califórnia Filmes

O conflito do roteiro surge quando agentes do governo encontram uma forma de abaixar as portas da instituição, por utilizarem de métodos diferentes dos autorizados, como sedar os pacientes autistas, fazendo com que vivam uma vida em estado vegetativo. Eles criticam também a falta de diploma em parte dos adolescentes, argumentando que não são preparados para aquele tipo de atividade.

Logo, Bruno e Malik precisam provar a importância da associação. Além de ter que lidar com as dívidas que acabam se acumulando, pois, cada vez mais, pais e responsáveis descobrem o diferencial do que eles realizam.

O grande trunfo de Mais Que Especiais é quando percebemos a principal mensagem da obra: minorias ajudando outra minoria. É notável a diversidade dos voluntários dentro da instituição: negros, imigrantes, muçulmanos e judeus. Todos com o mesmo propósito de amar o próximo.

A narrativa é poética e sensível, mostrando as dificuldades que acompanham os pacientes autistas por toda a vida, assim como o preconceito enraizado na população, que ficam evidentes em momentos chave da jornada dessas pessoas, como a necessidade de arranjar o primeiro emprego. Aprendemos que eles possuem o próprio tempo e discernimento do que é tolerável para eles.

Califórnia Filmes

Mais Que Especiais é baseado em fatos e, portanto, não se priva de exibir filmagens reais da instituição francesa durante os créditos finais, nomeada originalmente como Le Silence des Justes (O Silêncio dos Justos).

A sensação que fica ao término da obra é que ainda há esperança na humanidade, que podemos confiar no próximo e nos permitir sentir um algo profundo em nossos corações.

Excelente


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