CRÍTICA | Curvas da Vida

Direção: Robert Lorenz
Roteiro: Randy Brown
Elenco: Clint Eastwood, Amy Adams, Justin Timberlake, John Goodman, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2012





Curvas da Vida (Trouble with the curve) marca o retorno de Clint Eastwood ao protagonismo de um longa-metragem. Há quatro anos, em 2008 com Gran Torino, o ator havia declarado aposentadoria da função, dedicando-se apenas a produção e direção de seus filmes. No entanto, de forma a prestigiar o estreante diretor Robert Lorenz (que foi seu assistente de direção em diversas de suas obras, entre elas as consagradas Sobre Meninos e Lobos e Menina de Ouro), o astro topou regressar, em grande estilo – como sempre – e acompanhado de grande elenco.

O roteiro, do também estreante Randy Brown, narra a história de Gus (Eastwood), um veterano olheiro de baseball que está começando a ficar cego, e enfrenta problemas para aceitar as limitações impostas pela idade. Simultaneamente acompanhamos a trajetória de Mickey (Amy Adams), sua filha, que busca o sucesso na vida profissional como advogada, e também em sua relação com o pai.

A direção de Lorentz agrada em diversos aspectos, em especial quando estabelece rimas visuais com o título original do filme (problema com a curva) e ao realizar ao menos um notável raccord sonoro, numa elegante cena de transição. Além disso, utiliza de seu conhecimento técnico para retratar o dilema vivido pela personagem de Amy Adams. Mickey vive a expectativa de alcançar um bom cargo no escritório de advocacia em que trabalha, ainda que tente dissolver a paixão pelo esporte que o pai tanto domina. Esse conflito é visível na fotografia empregada, ao estabelecer um tom azulado, com cores neutras, nas cenas passadas no escritório (retratando a frieza daquele ambiente), que causam conflito direto aos momentos em que a atriz está no lugar em que se sente, de fato, em casa, onde observamos uma fotografia calorosa, valorizando a luz do sol, representando um ambiente agradável.

É uma pena, no entanto, que o diretor acabe pecando na condução das subtramas do enredo. A história nos reserva ao menos duas surpresas impactantes em seu 3º ato, mas, ainda que tenham sido “telegrafadas” no início do filme (o espectador observador facilmente imagina o desfecho das situações), acabam esquecidas no decorrer da trama, o que diminui o impacto pretendido. O mesmo acontece com o personagem de Justin Timberlake (o interesse amoroso de Mickey) que tem um bom desenvolvimento de personagem, mas que possui um desfecho decepcionante.

O destaque da obra, no entanto, deve ser dado ao elenco. Eastwood volta a encarnar o tipo ranzinza e cabeça dura (mas de bom coração), que tem seu mau humor visto sempre de forma amável pelo espectador. Sua relação pouco íntima com a filha, aliada ao luto de anos, proveniente da morte da esposa, rende ótimos momentos na atuação desse grande ícone que, aos 82 anos, ainda apresenta excelente vigor em tela. E que bom ainda poder conferi-lo na tela grande do Cinema.
 
Amy Adams (O Vencedor) nunca esteve tão bela em cena como em Curvas da Vida, além de desfilar seu habitual talento como atriz. Sua personagem é a que possui o melhor arco da narrativa, evoluindo ao longo das quase duas horas de filme. Não menos importante é o papel de Justin Timberlake (A Rede Social), que vem se firmando cada vez mais na indústria cinematográfica e mostrando ser um ator versátil, de grande carisma. Completando o estelar elenco de coadjuvantes temos John Goodman (Argo), Robert Patrick (Johnny e June), Bob Gunton (Argo) e Matthew Lillard (Os Decendentes), desempenhando seus papéis com a competência de costume. O longa-metragem ainda conta com a breve participação de Scott Eastwood, filho de Clint, que interpreta um jogador de baseball em crise.

Por fim, se o retorno de Eastwood ao protagonismo já valeria de incentivo para conferir a Curvas da Vida, o resultado final mostra-se uma grata surpresa, por nos apresentar uma história de fácil identificação com a vida de qualquer um, e nos presentear com ótimas atuações. Que novos trabalhos do ator/diretor/produtor cheguem logo às telas.

Ótimo

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