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Direção: David O. Russell
Roteiro: David O. Russell
Elenco: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro, Jacki Weaver, Chris Tucker, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2012
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Patrick
“Pat” Solitano (Bradley Cooper) é um homem com problemas emocionais causados por
um distúrbio que o acompanha desde o nascimento, uma espécie de bipolaridade.
Após flagrar sua esposa transando com outro homem no chuveiro de sua própria
casa, o rapaz tem uma grave crise e acaba internado por quatro anos em uma
instituição para tratamento de pessoas com deficiência mental. Agora, recém
“liberto”, Pat volta a morar com os pais e fica obcecado em reconquistar sua
ex-mulher. No meio do caminho, porém, acaba conhecendo Tiffany (Jennifer Lawrence), uma jovem viúva que
também atravessa por problemas emocionais, originados pelo trauma da perda do
marido que amava.
O Lado Bom da Vida (Silver
Linings Playbook), ao contrario do que a sinopse pode aparentar, é uma
comédia romântica. Mais que isso, é uma homenagem do cineasta David O. Russell (O Vencedor) para seu filho, que possui transtorno
similar ao do protagonista. Em sua obra, o diretor consegue mostrar o quão duro
é o conflito de quem possui algum problema emocional causado pela deficiência,
e o quanto esses problemas são semelhantes aos anseios e dilemas que cada um de
nós passamos em nossas emoções, independentemente de possuirmos capacidade
plena ou parcial de nossas funções. E mesmo que o fio condutor da história seja,
de fato, dramático, O. Russell trata de seu roteiro com uma leveza contagiante,
característico das melhores comédias românticas.
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Os
122 minutos de projeção passam quase imperceptíveis graças a ágil direção, que
não subestima o espectador. Em diversos momentos aspectos importantes da trama são
estabelecidos através da imagem, sem a necessidade de diálogo. Um bom exemplo é
a cena em que conhecemos a casa dos pais de Pat, e vemos o retrato do rapaz
fora de seu lugar habitual, enquanto a pintura de seu irmão mais velho
permanece pendurada, intacta. Tal disposição em tela já denuncia os problemas
de relacionamento que a família enfrenta. O mesmo padrão é possível observar no
momento que o protagonista conhece Tiffany e, sem nenhuma palavra, a câmera
passeia pelas mãos, o decote e o adorno que a atriz utiliza no pescoço, estabelecendo, de certa forma, a personalidade daquela personagem.
Como
é de costume nas obras indicadas ao Oscar, O
Lado Bom da Vida também encontra em seu elenco grande destaque. Bradley
Cooper (Sem Limites) já vinha mostrando
versatilidade ao atuar com competência em projetos de temáticas díspares, mas é
nesse trabalho que seu talento ganha a tela. O ator sabe dosar com precisão a
gangorra emocional que é seu personagem, empregando a ele imenso carisma
que, de certa forma, é fruto da “inocência” do mesmo, mas nunca se tornando
caricato em demasia. São nas crises nervosas de Pat que Cooper justifica sua
indicação para diversas premiações, especialmente a que, por acidente, acaba levando
sua mãe (Jacki Weaver, que está bem,
apesar de aparecer pouco) ao chão.
Grande
parte do sucesso do filme também pode ser atribuído a Jennifer Lawrence (Jogos Vorazes). A atriz vem se
mostrando o grande talento de sua geração, não à toa, a moça tem apenas 22 anos
e já acumula sua segunda indicação ao Oscar (dessa vez deve levar). Sua
segurança em tela é tão impressionante quanto sua beleza estonteante, e a forma
como lida com as nuances da personagem é admirável, indo da calma a uma explosão
de raiva em segundos. A química entre os protagonistas, diga-se de passagem, é
de encher os olhos. Seja nos diálogos ou nas cenas de dança, é impossível não
simpatizar pelos mesmos em suas próprias loucuras.
Eis
que chegamos a Robert De Niro (Poder Paranormal), que aqui interpreta o pai de Pat, um senhor de 60 e poucos
anos, com TOC, viciado em apostas e futebol americano. E como é gratificante
ver esse grande ator num papel digno de sua filmografia. Longe dos maneirismos
e canastrices que vinham marcando seu desempenho nos últimos anos, De Niro faz
a plateia rir e se emocionar com sua atuação, especialmente na cena em que
consegue se abrir para o filho. Momento que, para mim, é um dos mais marcantes.
Prova de que seu talento sempre esteve lá, adormecido, por longos anos. Como
todo personagem do longa-metragem, o mesmo possui suas próprias “loucuras”, que
acabam ditando o ritmo da obra em seu ato final. O filme ainda conta com breves
participações de Chris Tucker (A Hora do
Rush), levemente contido, sempre engraçado.
O Lado Bom da Vida não é um filme perfeito, pois apresenta
alguns clichês e soluções de roteiro típicas desse tipo de romance
(particularmente em seu 3º ato). No entanto, seus poucos deslizes estão longe
de causar qualquer abalo a quem o assiste, pois somos envoltos por completo
pela ótima narrativa e pelo carisma de seus personagens multifacetados. Trata-se
de uma comédia diferente, original, que lida com temas difíceis com humor e
muito bom gosto. Palmas para David O. Russell que, para homenagear seu filho, presenteou
o Cinema, e com ele seu público carente de bons filmes do gênero.
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Excelente |
Bacana a crítica. Tmb achei um filme que passa bem pelos clichês e explora seus atores de maneira positiva. Cada um tem seu brilho e as duas horas passam sem qualquer tédio.
ResponderExcluirSher.
Obrigado Sher! Sinta-se convidada a continuar frequentando o blog :)
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