CRÍTICA | Homem de Ferro 3

Direção: Shane Black
Roteiro: Shane Black e Drew Pearce
Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Guy Pearce, Ben Kingsley, Jon Favreau, Rebecca Hall, entre outros
Origem: China / EUA
Ano: 2013


É impressionante percebermos que se passaram apenas 5 anos desde a estreia do primeiro filme do Homem de Ferro (Iron Man, 2008). De lá pra cá a Marvel Studios se consolidou no mercado cinematográfico, chegando a seu ápice no ano passado, com Os Vingadores. E nessa ânsia por entregar 2 filmes de herói por ano, o estúdio lança Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013), trazendo Tony Stark aos fãs e espectadores pela quarta vez, nesse curto período de tempo. Dizem ser impossível enjoar do carisma e sagacidade de Robert Downey Jr., e de fato parece ser. No entanto, dessa vez, os realizadores perderam a mão na sua fórmula de sucesso, o que acabou me fazendo pensar se um hiato um pouco maior não seria benéfico ao personagem, afinal, após assistir ao filme, parece não ter dado tempo de sentir saudades.

Depois da experiência passada em Os Vingadores, Tony Stark enfrenta problemas com o sono e a ansiedade, buscando ocupar sua mente na evolução de sua armadura Mark e, involuntariamente, criando uma obsessão pela segurança de sua amada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow). Contudo, sua “paz” é abalada por um terrorista chamado Mandarim (Ben Kingsley), que vem aterrorizando o mundo com seus atentados e discursos televisivos amedrontadores, e que agora vai atrás de Tony.

O filme falhou de forma bisonha em dois fatores predominantes para o sucesso de qualquer obra. Primeiramente o roteiro, que aposta em situações desinteressantes, por vezes inconcebíveis (em determinado momento, agentes federais sacam suas pistolas e atiram contra o Patriota de Ferro, um soldado que veste uma armadura intransponível), piadas sucessivas e exageradas, além de soluções pouco satisfatórias e inconclusivas. Perceba que Tony Stark encontra a solução para seu problema em um garotinho órfão, com o qual faz amizade e tem longas conversas no decorrer da narrativa. Vejam bem, estamos assistindo a um filme do Homem de Ferro, e acompanhamos o herói como um andarilho, batendo um papo com um garoto (o velho clichê da criança que fala como adulto), na maior parte da trama, e vendo nisso, a solução para seu problema. Minha escrita é repetitiva, eu sei, mas no filme também soou assim. Não sei, posso estar sendo ranzinza, mas essa passagem foi muito “Disney” para o meu gosto, e a conclusão dessa história não me deixa mentir. Vejam bem, não há nada errado no estilo Disney de ser, mas ele não combina com o herói que estamos assistindo.

Foto: Marvel Studios

Segundo fator, a direção de Shane Black, comprovando que a Marvel errou ao entregar seu maior personagem para um diretor pouquíssimo experiente. O filme é maçante, com ritmo lento, o oposto a seus predecessores. Os trailers vendiam uma trama densa, mas isso não é sinônimo para a narrativa soar desinteressante. A escolha da “narração em off” me soou tão apelativa quanto o flashback escolhido para iniciar a obra, servindo apenas como preparo para uma piadinha pouco inspirada, que veio apenas na cena pós-créditos (outra decepção, por sinal). Black ainda aposta em sucessivos closes nos rostos de seus protagonistas, fazendo muitas cenas soarem bisonhas e clichês, como quando os inimigos levantam triunfantes após um ataque, ou quando insiste em mostrar os heróis (e vários outros personagens) de armadura e sem a máscara, numa tentativa amadora de situar o espectador a todo momento.

Destaca-se na obra o elenco, ainda que sabotados pelo roteiro. Downey Jr. continua genial e toma o filme pra si, como de costume, mas o excesso de piadas ruins prejudica o desempenho do ator, visto que em momento algum tememos pela segurança de Stark, que soa exageradamente fanfarrão, o que vai contra o estado emocional que o personagem enfrenta na trama. Paltrow como Potts torna-se o objeto de obsessão de Tony e com isso acaba ganhando maior tempo em tela, mas carece de maior evolução, também como personagem, visto que acaba se tornando apenas a donzela em perigo. Ben Kingsley tem uma ótima performance como Mandarim, porém a decisão dos realizadores por uma “surpresa” na trama, ainda que corajosa, acaba por tornar o vilão desinteressante. Guy Pearce e Rebecca Hall soam coesos, mas nada além disso, em seus respectivos papéis.

No fim, o Homem de Ferro, o carro chefe dos estúdios Marvel, acaba se tornando o primeiro grande tropeço do universo de super-heróis criado pela companhia. Eu poderia por a culpa na falada “maldição do 3º filme em trilogias”, mas não sou uma pessoa supersticiosa, prefiro acreditar que a ganância dos produtores por vender bonecos e render milhões tenha falado mais alto pela primeira vez na chamada “casa das ideias”. Bom, se isso já aconteceu até mesmo com a Pixar Animation Studios, por que não com a Marvel? Pensando bem, não chega a ser chocante.

Regular

Foto: Marvel Studios

Comentários

  1. Eu por outro lado achei o filme muito bom, quatro de cinco estrelas. Foram poucas as coisas que me incomodaram, e poucos os furos que eu achei.

    Eu tenho uma teoria que justifica a quantidade massiva de armaduras e os ataques de panico de Tony, ela é um pouco longa, mas se tiver interesse é só acessar no meu blog: http://www.quartier.blog.br/2013/09/em-defesa-de-homem-de-ferro-3.html :)

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    1. Obrigado pelo comentário Luan! O filme dividiu bastante as opiniões, mas é sempre bom conferir opiniões diferentes com embasamento. Vou ler seu post!

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