CRÍTICA | Rush: No Limite da Emoção

Direção: Ron Howard
Roteiro: Peter Morgan
Elenco: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara, Natalie Dormer, entre outros
Origem: Reino Unido / Alemanha / EUA
Ano: 2013


A expectativa é uma emoção curiosa quando falamos de Cinema. Ela pode transformar bons filmes em obras medíocres e filmes medíocres em boas obras. É, portanto, uma emoção perigosa e que pode prejudicar o resultado final de uma crítica, por exemplo, ainda que seja quase impossível entrar na sala de cinema sem nutrir de alguma expectativa, ainda que mínima. O fato é que fui assistir Rush – No Limite da Emoção (Rush, 2013) sem saber o que esperar, e tive uma grata surpresa ao longo de suas 2 horas de projeção.

A trama, baseada em fatos reais, conta a história da rivalidade entre o austríaco Niki Lauda (Daniel Brühl) e o britânico James Hunt (Chris Hemsworth), desde a Fórmula 3 até as acirradas disputas dos títulos mundiais da Fórmula 1. Ambientada na década de 70, a narrativa mescla a trajetória esportiva dos pilotos com suas jornadas pessoais, culminando no fatídico e conhecido (se está no trailer não é spoiler) acidente de Lauda.

Sem dirigir um longa-metragem desde o fraco O Dilema (The Dilemma, 2011), Ron Howard volta ao posto mostrando boa forma e sabendo dosar cenas de grande tensão nas pistas com momentos de humor e drama, alcançando o ponto certo de sua narrativa. O diretor sabe chocar quando necessário (o pós-acidente de Niki Lauda) e ao mesmo tempo é comedido quando é preciso ser. Respaldado também pelo competente roteiro de Peter Morgan (Além da Vida), que não subestima a inteligência do espectador (em determinado momento, descobrimos que se passou algum tempo na trama através de diálogos, de forma não expositiva), ainda que tome suas liberdades criativas (justificáveis nesse tipo de adaptação).

A obra também conta com uma caracterização de época discreta, ainda que competente. Mesmos adjetivos que podem ser atrelados à trilha sonora de Hans Zimmer que, se não é marcante como alguns de seus trabalhos recentes (Batman, A Origem, O Homem de Aço), cumpre seu papel. Os efeitos digitais, por sua vez, são empregados de forma eficaz, em pró da história, nunca de forma gratuita, valorizando a obra e seus personagens.

Chris Hemsworth me surpreendeu positivamente. Diferente de seu Thor carrancudo e pouco expressivo, o ator mostra-se bastante carismático, encontrando o ponto ideal de seu James Hunt, agressivo nas pistas, farrista fora delas, mas sem nunca duvidarmos de seu caráter. Daniel Brühl, por sua vez, flertou com a caricatura em sua caracterização de Lauda, especialmente no primeiro ato (nas cenas em que preparava o carro com os mecânicos e barganha sua vaga na equipe). No entanto, o intérprete ganha a tela durante o restante da obra, muito em função das escolhas que o piloto fez em sua trajetória real de vida.

Rush – No Limite da Emoção ainda acerta ao trazer, em sua conclusão, imagens de documentário dos pilotos sobrepondo à de seus protagonistas, o que invariavelmente acaba trazendo verossimilhança à obra, nos aproximando da realidade dos fatos. Com tantos pontos positivos, acho que não posso atribuir o sucesso do filme à minha simples falta de expectativa.

Bom

Comentários

Postar um comentário

Gostou, não gostou, quer conversar sobre? Comenta aí!