CRÍTICA | Vingadores: Era de Ultron


Direção: Joss Whedon
Roteiro: Joss Whedon
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Scarlett Johansson, Jeremy Renner, Elizabeth Olsen, Aaron Taylor-Johnson, James Spader, Paul Bettany, Samuel L. Jackson, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2015


Você conhece o monstro da expectativa? O pesadelo que assola todo espectador que aguarda ansiosamente para ver um filme? Trata-se de algo bastante comum entre fãs e, também, entre críticos, por que não? Ainda que para exercer uma boa analise é preciso despir-se desse tipo de sentimento. Estava bastante ansioso por Vingadores: Era de Ultron (Avengers: Age of Ultron), confesso. O terreno para uma decepção iminente estava montado, mas esse monstro acabou vencido por essa equipe de heróis que, se não trazem nada de inovador ao público, ao menos divertem como nunca em uma sala de cinema, com uma aventura honesta e recheada de nuances interessantes.

Obcecado por criar uma inteligencia artificial que garanta a paz mundial, Tony Stark (Robert Downey Jr.) conta com a ajuda de Bruce Banner (Mark Ruffalo) para criar o projeto Ultron (James Spader). No entanto, quando algo sai errado durante sua concepção, tal inteligencia se vira contra nossos heróis, acreditando piamente que eles são o grande problema da humanidade. Para lidar com essa ameaça, os Vingadores unem-se novamente.

É seguro afirmar que o talento de Joss Whedon em construir uma narrativa que aproveite de forma coesa ao menos 12 personagens relevantes na trama, continua impecável. Todos os heróis, em maior ou menor escala tem sua importância na estória e demonstram notória evolução no entrosamento nas cenas de batalha. Curiosamente nomes como o da Viúva Negra (Scarlett Johansson) e, principalmente, Gavião Arqueiro (Jeremy Renner) ganham um destaque inesperado, uma surpresa muito bem vinda. Tal escolha intensifica o espirito de equipe que vemos em tela, além de elevar ambos os personagens a outro patamar, visto que nenhum deles têm um filme para chamar de seu. O Arqueiro, aliás, é dono dos melhores diálogos do longa e, em determinado momento, protagoniza um discurso que fará muitos fãs se empolgarem. Eu sei que eu me empolguei.

Foto: Marvel Studios

Se nem tudo são flores, Whedon peca pela falta de originalidade, utilizando de recursos narrativos muito semelhantes aos empregados no primeiro Vingadores. E ainda que obtenha êxito num contexto geral, ficam evidentes algumas justificativas preguiçosas de roteiro que enfraquecem a obra em determinados momentos. Um exemplo é a motivação que faz com que os gêmeos passem a agir junto aos heróis, ou mesmo a solução encontrada para o desfecho da crise final. Mesmo cena de abertura, que numa espécie de simulação das missões introdutórias de James Bond ou Indiana Jones, carece de uma justificativa plausível para vermos os heróis ali reunidos tão cedo. Ficou a sensação de puro fan service, que não é condenável, se tivesse sido bem empregado, como em outras situações.

A parte técnica, como de costume, é impecável. Destaque para o incrível Hulk digital, que cada vez mais se assemelha à imagem de Ruffalo, algo que traz uma identidade visual muito bem-vinda ao personagem. Aliás, o embate da "criatura" com a famosa "Hulk Buster" é disparado um dos melhores momentos do longa. E se Pietro não empolga como aquele visto em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (tanto nos efeitos como na atuação apagada de Aaron Taylor-Johnson), o mesmo não se pode dizer de sua irmã, Wanda (Elizabeth Olsen), que rouba a cena com elementos visuais perturbadores em sua concepção, certamente inspirados em filmes de horror.

O fato é que Vingadores: Era de Ultron é um presente aos fãs e mais um acerto da Marvel Studios, que parece estar determinada a ditar o rumo da indústria dos blockbusters ainda por bons anos. E mesmo que minha tentativa de imparcialidade, que citei lá no primeiro parágrafo, tenha estado presente ao longo de toda essa crítica, meu lado fã não deixa de vibrar à cada piada vista em tela, a cada tentativa de levantarem o martelo de Thor, ou cada vez que o escudo do Capitão América é lançado, retornando a seu braço logo em seguida. Que época boa para ser nerd.

Ótimo

Foto: Marvel Studios

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