Mad Men 7x09 | New Business


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A medida que Mad Men se aproxima do fim, fica cada vez mais difícil acreditar que Don Draper terá um encerramento feliz. E mesmo tendo ciência de suas inúmeras falhas de caráter e defeitos, sabemos que, na essência, nosso protagonista é uma boa pessoa, e talvez por isso cenas como o encerramento desse 7x09 sejam tão dolorosas. O simbolismo de Draper encarando seu apartamento vazio é uma clara alusão a sua vida pessoal, a seu estado emocional. Apesar de ser um publicitário milionário e bem sucedido, ele não tem mais uma família que o acolha no fim do dia.

Essa sensação é evidente logo no inicio do episódio, quando vemos o personagem interagindo com os filhos na casa de Betty (a série precisa dar mais espaço para January Jones, trata-se de uma personagem também fascinante). Chega a ser trágico o quanto eles se dão bem, e a olhadinha melancólica de Draper antes de partir deixa isso claro. Logo em seguida, o telefonema de Megan, que em plena ação de separação, parece ter se tornado a ex-mulher que nenhum homem deseja.

A dualidade dos personagens é algo que sempre esteve em evidência em Mad Men, algo sempre cativante na série. Por isso, não foi surpresa ver Megan recusar o teste do sofá de Harry (grotesco), numa exemplificação de caráter, para logo em seguida aceitar o cheque milionário de Don - mesmo já sabendo que sua mãe havia feito a limpa no apartamento dele. Draper, por sua vez, insiste em tentar se relacionar com Diana, a garçonete, numa aparente tentativa desesperada de romper a solidão que vivencia diariamente. E ver como a moça não abre mão das lembranças do passado, foi outro duro golpe sofrido por nosso protagonista.


Algo também muito interessante nesse New Business foi acompanharmos um pouco mais da vida de Stan, também recheada de dualidades. Trata-se de um personagem bastante carismático, que temporada a temporada foi ganhando seu espaço, sempre servindo de trampolim para os arcos narrativos de Peggy, mas que dessa vez acabou ganhando importância maior.

Todo seu carisma e amizade com a mesma sempre foram motivos para que eu admirasse o personagem, e vê-lo com a esposa (?) pela primeira vez foi uma cena bem bacana, pois vimos ali uma cumplicidade entre o casal. Ela querendo ajudá-lo, motivá-lo e tudo mais. Uma cena importantíssima para o que viria a seguir, pois quando Stan se relaciona com a fotografa e percebe que foi usado, a sensação de culpa que o personagem encara ao abraçar a esposa talvez seja a mesma que nós, como espectadores, também sentimos. Um pesar que personifica os deslizes de personalidade de todos os personagens da série, humanos, como todos somos.

No mais, e só para não deixar passar batido, quero deixar registrado que não canso de ver Pete Campbell em tela, com seu jeito hilário e almofadinha de ser (quem diria que gostaria tanto de um personagem que odiava na primeira temporada). Bem como Roger Sterling dando conselhos de separação para Don. Simplesmente impagável.

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