CRÍTICA | Rifle

Direção: Davi Pretto
Roteiro: Davi Pretto e Richard Tavares
Elenco: Dione Avila de Oliveira, Evaristo P. Goularte, Sofia Ferreira, Andressa N. Goularte, entre outros
Ano: 2016
Origem: Brasil / Alemanha


Rifle, o novo filme do cineasta gaúcho Davi Pretto (Castanha) nos faz refletir sobre até que ponto o homem pode e consegue resistir ao progresso.

A trama se passa nos campos do Rio Grande do Sul, onde a criação de gado será comprometida pela plantação de soja, grandes fazendeiros comprando terras menores e fazendo com que as famílias restantes se mudem. Parece até uma premissa simples, bem, parece... porque nesse entrevero nos deparamos com Dione (Dione Avila de Oliveira), protagonista que resiste às mudanças, tendo em mente que fora dali há um mundo egoísta e opressor.

Um universo é criado, mesclando a personalidade dele com a natureza. Sua fala travada, sua raiva evidente, os surtos de fúria contra os carros que aparecem pela região (simbolismo evidente para sua luta contra o progresso). Dione pega o rifle e descarrega sua revolta, sem pensar nas consequências. O que me faz pensar que ele, que outrora criticara o egoísmo, agora se vê como egoísta, protegendo o que, para ele, é o modo de vida ideal.


Fica claro o anseio de Pretto em chamar a atenção para o Sul, afinal trata-se de sua terra natal, e não se acanha em transparecer sua preocupação com o que acontece na região. Ele se arrisca em escalar um elenco de atores não profissionais. E embora o termo "não atores" o desagrade, é importante dizer que isso compromete a experiência de assistir ao filme, uma vez que os poucos diálogos existentes quase me fizeram suplicar por legendas, visto que o forte sotaque regional e a falta de entonação vocal de alguns atores prejudicaram algumas cenas.

O mesmo não pode-se dizer da fotografia, que cumpre seu papel, dividindo-se entra a cor do campo e o cinza da cidade, fazendo jus a opressão entendida pelo protagonista.

Davi Pretto dirigiu vários curtas-metragens em sua carreira, o que me fez pensar se Rifle não seria mais adequado ao formato. Afinal, a obra se sai bem em criar uma atmosfera caótica sobre questões reais, porém peca em concluir a trajetória de seu protagonista, que não desperta simpatia até o momento de descoberta de suas motivações contrárias à modernização. Tudo acontece de maneira simples e rápida, com um diálogo sem grande impacto, que possivelmente funcionaria em curta minutagem.


Bom

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