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Postado por
Lívia Campos de Menezes
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SPOILERS!
Apesar de ser uma obra de pura ficção, House of Cards tem muita semelhança com a realidade política de vários países. Com uma trama centrada em lobistas e políticos inescrupulosos, a série retrata com frieza a maneira como as pautas são decididas e como povo e mídia são manipulados por aqueles que detém o poder político e econômico.
No entanto, arrisco dizer que nunca a verossimilhança entre estória e história foi tão grande como a que vemos na 5ª temporada da série. São vários os paralelos existentes entre os Estados Unidos de Donald Trump e os de Frank Underwood (Kevin Spacey). Jamais a vida imitou tanto a arte (sim, porque o roteiro desse 5º ano foi escrito antes da impensável vitória do republicano e de todo o quiproquó atual) e esse é somente um dos motivos pelos quais a nova temporada, disponibilizada pela Netflix recentemente, é imperdível.
Esse novo arco dramático tem como pretexto a corrida presidencial. Frank é candidato à reeleição, e, como estabelecido na temporada anterior, Claire (Robin Wright) compõe a chapa, sendo sua candidata à vice-presidência. Para que consiga permanecer “em casa”, o casal manipula o resultado das eleições, joga com o Congresso e o Senado e descarta todos aqueles que ameaçam seus planos.
Aliás, essa é uma das principais surpresas da 5ª temporada. Já estávamos acostumados a ver Frank e Doug (Michael Kelly) eliminando os inimigos com as próprias mãos, mas Claire era mais associada a massacres intelectuais. Agora, porém, ela mostra porque carrega o sobrenome Underwood. Embora apaixonada por Tom (Paul Sparks), Claire não hesita em mandá-lo embora da Casa Branca e, ao descobrir que ele continuou a escrever sobre a vida dos Underwood e seus crimes, ela o seduz e o mata.
A semente plantada ao final do ano anterior desabrocha impecavelmente capítulo a capítulo. Se ainda tínhamos dúvidas de que Claire era tão sedenta pelo poder quanto Frank, aprendemos que ela é ainda mais maquiavélica que seu parceiro. Pode até ser de Frank a ideia de abdicar e deixar Claire na presidência, mas são as decisões tomadas pela Sra. Underwood, ou melhor, é a maneira como ela conduz os acontecimentos, que o fazem optar pela alternativa de deixar o salão oval.
Tentando mostrar que ainda tem o controle da situação, Frank deixa o cargo afirmando que o verdadeiro poder está com os capitalistas. Ele acredita que, abdicando, conseguirá manipular Claire e as esferas política e econômica da nação. No entanto, com as rédeas nas mãos, Claire não se mostra tão manipulável. Como ela mesma declara no último capítulo dessa temporada, agora quem manda é ela.
Frank Pugliese e Melissa James Gibson não decepcionaram como showrunners substitutos de Beau Willimon. Caso tenhamos uma próxima temporada de House of Cards, torçamos para que os produtores a façam tão sombria quanto essa.
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