CRÍTICA | Jogos Mortais: Jigsaw

Direção: Michael Spierig e Peter Spierig
Roteiro: Pete Goldfinger e Josh Stolberg
Elenco: Tobin Bell, Matt Passmore, Callum Keith Rennie, Hannah Emily Anderson, Clé Bennett, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2017

O passado não está morto. Nem sequer é passado.
- William Faulkner.

Com esta frase, apresento-lhes o mais novo capítulo da franquia de torture porn mais famosa do mundo. Criada pelo mestre James Wan (Invocação do Mal), Jogos Mortais foi um dos precursores modernos desse subgênero, onde se enquadra produções com sangue, membros decepados e torturas explicitas. Logo virou uma grande febre entre os espectadores de terror e foi explorado ao limite, chegando ao fundo do poço com o tal "capítulo final", filmado em 3D, afim de arrecadar mais dinheiro.

Os anos passaram e a série foi sendo gradualmente esquecida pelo público, exceto, claro, o longa original, que é sempre lembrado positivamente. Eis que, novamente, ressuscitar a marca com o nítido objetivo de gerar lucro. E todos sabemos o que acontece quando algo é feito a toque de caixa, não é mesmo? Quarteto Fantástico (2015) está aí para nos ensinar.

Jogos Mortais: Jigsaw inicia com uma intensa perseguição policial a um homem. Ele não consegue fugir de carro e resolve seguir a pé, mas é encurralado pela força policial. Com ele há um detonador e a ameaça de que mais 4 pessoas também estão em risco de vida. Os policiais, sem dar ouvido ao aviso, atiram nele, e a contagem para as tais vitimas é acionada. 

Foto: Paris Filmes

Então o espectador é levado até o lugar onde pessoas estão acorrentadas pelo pescoço a uma parede, cheia de serras circulares, com uma espécie de máscara de ferro que parece um balde. Logo, o famoso boneco de Jigsaw dá o ar da graça em vídeo, falando com as vitimas que elas precisarão dar sangue se quiserem viver. Inicia então o novo jogo doentio de John Kramer (Tobin Bell).

Paralelamente, os oficias começam a investigar o corpo da primeira vítima do filme e descobrem nela vestígios do sangue de Kramer. Mas como é possível que ainda haja vestígios do assassino, se ele já havia morrido no terceiro filme da franquia? É o tipo de pergunta que nunca saberemos a resposta, pois trata-se de uma, entre várias, inconsistências de roteiro que a obra possui.

Daí pra frente o filme aposta no habitual, com cenas torturantes dentro de ambientes fechados, onde obviamente, não há pessoas por perto ou sinal no celular, bem como em ambientes abertos como pontes, onde todos os que passam ficam perplexos com o que está havendo. Além disso, os famigerados flashbacks, estão de volta, mas estes vêm para confundir ainda mais a cabeça do espectador, sem qualquer motivo de existir. E por mais que o roteiro invista em vários plot-twists, eles não conseguem surpreender o público como deveriam, ou mesmo subverter a ordem pré-estabelecida.

A direção dos irmãos Spierig é pouco inspirada, com cenas de tensão e tortura pouco imaginativas e enquadramentos que não geram suspense ou fazem o espectador ter qualquer tipo de reação, fora a apatia. As mortes não têm peso, ou seja, só estão lá para cumprir uma cota.

Foto: Paris Filmes

O único arco narrativo que gera interesse é o da personagem Eleanor Bonneville (Hannah Emily Anderson), que acessa um site na deep web dedicado ao legado de Jigsaw. Quando esse fato é mencionado, poderíamos esperar que o conceito de "adoradores do assassino", dando continuidade aos seus crimes e sua "justiça", seriam levados as últimas consequências, mas logo a premissa é destroçada por um roteiro pouco criativo.

Jogos Mortais: Jigsaw tenta requentar uma franquia que já estava no gelo, mas não gera impacto, empatia ou qualquer curiosidade. Infelizmente, é mais uma franquia que está sofrendo com a ganância de seus produtores. Se não há boas ideias para fazer algo novo, deixem o que já havia sido feito ter o seu merecido descanso.

Ruim

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