5 Filmes Para Maratonar no Natal


O Natal é uma das melhores épocas comemorativas do ano, não só por causa da quantidade de comida na ceia, mas também por ser uma oportunidade de passarmos tempo com a família reunida, e de celebrar o amor ao próximo. 

Não sei vocês, mas tem algumas coisas que gosto de fazer para entrar no espírito natalino e uma delas – além de decorar a casa com a árvore de natal, é claro - é “maratonar” filmes dessa época festiva. Então, aqui vai a minha lista de sugestões, que no caso, são os meus favoritos. 


O Grinch (How the Grinch Stole Christmas, 2000)


Não poderia começar falando de outro filme senão O Grinch. É A Lagoa Azul dos filmes de Natal. Lembro uma vez em que vi passando na televisão em três canais diferentes AO MESMO TEMPO! Mesmo quem nunca assistiu, conhece a história dele, que é baseada no livro infantil How The Grinch Stole Christmas, de Theodore Seuss Geisel. Tudo acontece dentro de um microscópico floco de neve, no reino da Quemlândia, lugar onde todos têm verdadeira adoração pelas festas de Natal, tanto que passam o ano inteiro se planejando para a próxima.

Todos, menos a garotinha Cindy (Taylor Momsen) e o estranho Grinch (Jim Carrey), uma criatura feia e peluda que vive isolada no topo de uma montanha. Cindy simplesmente não consegue entender o motivo de todas aquelas luzes, presentes e - principalmente - de todo o consumismo que cerca as festividades. 

O filme é divertido, inteligente, criativo, sarcástico e com uma produção de encher os olhos. Merece ser conferido por crianças, mas também por adultos, já que foram acrescentadas algumas situações de humor adulto que não constavam no livro, além de momentos de sátira aos próprios clichês do cinema. 

Não poderia deixar de mencionar a grande atuação de Jim Carrey (O Mentiroso). O ator teve inúmeros desconfortos durante as filmagens, como o uso da “pele” de seu personagem, a pesada aplicação de prótese e maquiagem, fora as terríveis lentes de contato amarelas, mas passou por tudo isso e ainda entregou uma atuação feita com a maestria que só Carrey consegue fazer.


O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas, 1993)


Embora O Estranho Mundo de Jack pareça mais “halloweenesco” do que natalino, é um filme que costumo assistir nas duas épocas do ano de tão bom que é. Assim como O Grinch, e a exemplo das animações da Pixar, o roteiro consegue atingir todas as faixas etárias. Enquanto as crianças se divertem e se assustam com os personagens grotescos, os adultos curtem as piadas de duplo sentido, as sutis críticas sociais e políticas, assim como as referências a outros filmes e livros. Acredito que a obra tenha tido grande influência ao fazer com que as animações stop motion deixassem de ser rotuladas apenas como “filme para crianças”. 

O longa produzido por Tim Burton (Grandes Olhos), conta a história de Jack Skellington (Chris Sarandon), um ser fantástico que vive na Cidade do Halloween, um local cercado por criaturas incomuns. Lá todos passam o ano organizando o Halloween do ano seguinte, semelhante a história de O Grinch. No entanto, após mais um ano, Jack fica cansado de fazer o mesmo toda vez, e acaba deixando os limites da Cidade do Halloween e vagueia pela floresta. Por acaso acha alguns portais, sendo que, cada um leva até um tipo festividade. Jack acaba atravessando o portal do Natal, onde vê demonstrações do espírito natalino. Ao retornar, sem ter compreendido o que viu, ele começa a convencer os cidadãos a sequestrarem o Papai Noel e fazerem seu próprio Natal. 

Adulto ou criança, o espectador inevitavelmente se identifica com a insatisfação do protagonista e sua tentativa de buscar algo novo, com o desejo de liberdade de Sally, com a insegurança dos moradores de Halloween City frente às ideias de Jack. É nessa conexão que reside o trunfo do roteiro. A forma como Jack retorna e passa a ver seu próprio mundo com novos olhos após essa experiência é algo pelo que todos nós passamos, em diversos graus de intensidade. 

Impossível não mencionar a incrível trilha sonora de Danny Elfman (Liga da Justiça). Além de casar perfeitamente com o clima e ilustrar fielmente as cenas do filme, as canções são tão eficientes que “grudam” na cabeça por horas. No fim das contas, O Estranho Mundo de Jack é uma animação de Natal, apesar de seu espírito natalino às avessas.


Os Fantasmas de Scrooge (A Christmas Carol, 2009)


A trama de Os Fantasmas de Scrooge é bastante conhecida, afinal, desde o início do cinema já foram feitas dezenas de versões do livro de Dickens, lançado no final do século XIX. Como, então, transformar uma história tão querida em algo novo para o público? O diretor Robert Zemeckis (De Volta Para o Futuro) optou pela animação com a “captura de performance". Dessa forma, o clássico natalino avança através das eras.

Ninguém jamais assistiu uma versão da obra de Charles Dickens com tamanho esplendor visual como nessa adaptação. É fascinante acompanhar em detalhes todas as rugas do rosto de Scrooge ou a fantástica iluminação proveniente das velas, por exemplo. Da mesma forma, os cenários criados pela equipe de Zemeckis são exuberantes e ricos em detalhes, com a beleza realçada pelo 3D, bem aproveitado, por sinal, e não utilizado como mero recurso por si só.

Para quem não conhece a história, durante uma noite, na véspera de Natal, quatro espíritos visitam o rabugento Scrooge, um senhor mesquinho que só vive para juntar dinheiro (este personagem serviu de inspiração para o milionário Tio Patinhas, da Disney). O primeiro é o fantasma do antigo sócio, que o avisa do que está por vir, ao mesmo tempo que lança um alerta: só somar, sem dividir com os outros, não rende satisfação alguma. Os três seguintes servem para recordá-lo de como foram os natais passados, mostrar como está sendo o Natal presente e revelar como serão os natais futuros, caso ele continue agindo de forma ranzinza e egoísta. Ou seja, a mensagem é bonita, mas também assustadora e repleta de momentos trágicos e severos.

Mais do que adaptar a história, Zemeckis deu ao conto um tom bastante soturno e caprichou nas imagens assustadoras. O resultado é sombrio, dramático e assombroso em diversos momentos. É no drama que o filme se sustenta e, nesse ponto, Zemeckis acerta ao buscar em Jim Carrey (O Máskara), um dos atores mais talentosos do cinema norte-americano, para fazer a figura perfeita para o seu Scrooge.


A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians, 2012)


No fim do ano sempre começam a pipocar no cinema os filmes infantis natalinos, focando-se principalmente na figura do Papai Noel e suas aventuras para entregar os presentes e trazer alegria para as crianças. Mas nesse caso, a DreamWorks fez algo um pouco diferente do usual e lançou a animação A Origem dos Guardiões onde não só temos o bom velhinho todo tatuado e com um sotaque russo, mas também um grupo de outros personagens lendários como a Fada dos Dentes, o Coelho da Páscoa, Sandman.

Aqui no Brasil algumas pessoas já devem ter ouvido falar de Sandman através do seu nome popular de João Pestana, mas o grande desconhecido, que aliás é o protagonista do filme, é Jack Frost, a personificação e o espírito do frio e do inverno, responsável pela neve e por aqueles cristais de gelo em vidros. Todos esses personagens foram baseados na versão norte-americana das lendas. A história da animação não gira em torno apenas do Papai Noel, mas também dos outros três guardiões que precisam combater um velho inimigo, o Bicho-Papão, que deseja novamente controlar o mundo através do medo, e para isso, precisarão se unir e pedir a ajuda de Jack, um personagem que só se interessa em brincar e se divertir.

Adicione espadas, bumerangues, ovos explosivos, cenas de ação com lutas espetaculares cheias de poderes mágicos, onde esses personagens seriam os primeiros super-heróis que uma criança tem contato. Acho que a grande brincadeira do filme é exatamente isso, tentar desmistificá-los, tirando-os do patamar de algo fofinho e belo, para algo mais radical, engraçado e moderno, uma tentativa válida para aproximá-los do novo público.

A Origem dos Guardiões é uma ótima surpresa, não apenas pela renovação dessas já tão batidas figuras infantis, mas também um lembrete para que a chama da imaginação das crianças não seja apagada, principalmente nos adultos.


O Expresso Polar (The Polar Express, 2004)


Falando em chama não se apagar, O Expresso Polar também traz muito dessa questão. Baseado no livro de Chris Van Allsburg, o filme é uma aventura mágica que procura resgatar a crença em Papai Noel em uma criança que começa a desconfiar da "verdade". Seguindo a tradição de fantasias como A Fantástica Fábrica de Chocolate, A Princesa Prometida e O Mágico de Oz, este filme de Robert Zemeckis (Forrest Gump: O Contador de Histórias) conta uma história simples, mas repleta de imaginação.

Um garotinho, cujo nome nunca é dito, percebe alguns absurdos na lenda do Papai Noel e começa a desconfiar de sua existência, tanto, que tenta convencer sua irmãzinha de sua teoria. Na véspera do Natal ele acaba sendo chamado para embarcar em um trem especial: O Expresso Polar. Lá, ele e outras crianças irão ao Pólo Norte para acompanhar os preparativos finais da festa, mas o caminho é que se demonstra a maior aventura. 

É interessante como os conceitos de Natal, do consumismo e de amor ao próximo se misturam no roteiro de maneira sutil. Porque é fato que o Papai Noel os presentes são um produto do capitalismo, que aproveita uma data religiosa para aquecer o mercado. Porém, ao mesmo tempo, o mito de Papai Noel é algo mágico que traz o melhor das pessoas, a vontade de ajudar ao próximo, o amor. Vide o próprio desenvolvimento do protagonista em contraponto com o "antagonista" que só quer o presente. A forma como se torna amigo de outros dois, a angústia por querer ajudar a menina com o bilhete, a própria escolha do presente no clímax do filme.

Tudo vai além, do presente, do consumo, por mais que o conceito esteja ali. O embarque em um trem mágico e a necessidade de acreditar no que nos faz inocentes novamente. Crianças que ainda sonham com um futuro melhor, que se permitem ver além da realidade fria dos adultos. É quase um rito de passagem, mas que nos traz uma chama, uma esperança, de que mesmo crescendo podemos manter a nossa criança interior. Mesmo adultos podemos nos permitir sonhar, brincar e sermos mais leves. Uma das cenas mais emocionantes para mim é a do garoto conseguindo escutar o guizo no final do filme, representando a sua crença no Papai Noel. 

A obra é uma animação computação gráfica, feita com captura de movimentos. Como se fosse uma mescla do mundo adulto e infantil, os cenários e objetos de cena são fantásticos. Tudo com uma perfeição de detalhes que impressiona. Impossível não destacar a importância de Tom Hanks (O Náufrago) para o sucesso do filme, já que consegue dar vida ao condutor, o vagabundo, Papai Noel, pai do garoto e até mesmo ao garoto mais velho.

Envolvendo o espectador na jornada de seus protagonistas, O Expresso Polar é um daqueles clássicos obrigatórios nas festas de fim de ano, já que, além de uma emocionante aventura, é bem sucedido ao levar o público adulto a reviver aquela sensação gostosa da magia do Natal, quando ainda acreditávamos na existência de seres cujo único objetivo era o de nos fazer sorrir.

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