CRÍTICA | Jumanji: Bem-Vindo à Selva

Direção: Jake Kasdan
Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers, Scott Rosenberg e Jeff Pinkner
Elenco: Dwayne Johnson, Kevin Hart, Jack Black, Karen Gillan, Nick Jonas, Bobby Cannavale, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2017


"Não se deve julgar um livro pela capa". Quantas vezes já ouvimos essa expressão, não é mesmo? Não apenas quando vamos comprar um livro em si, mas quando conhecemos alguém novo, quando experimentamos uma culinária diferente, entre outros exemplos. No cinema, propriamente dito, deveríamos cunhar uma adaptação desse dito popular, algo como "não se deve julgar um filme pelo trailer", seja de forma positiva ou negativa. E, de fato, não devemos. Jumanji: Bem-Vindo à Selva (Jumanji: Welcome to the Jungle) está aqui para nos provar isso.

Idealizado como uma sequência do longa original de 1995, estrelado por Robin Williams (Gênio Indomável), o filme recebeu pesadas críticas após a exibição de sua primeira peça promocional que, digamos assim, não soube vender bem a obra. É claro que isso não vale para a totalidade do público, pois parte dos fãs simpatizaram com a proposta de imediato, ainda que não tenham sido maioria. No entanto, trazendo inovações certeiras e sabendo reverenciar elementos que fizeram do Jumanji anterior um sucesso, esse novo filme é bem competente no que se propõe.

Quatro adolescentes são enviados para detenção após enfrentarem problemas na escola. No local do "castigo", descobrem um vídeo-game velho, com apenas um cartucho a ser utilizado: Jumanji. Tomados pela curiosidade, os jovens escolhem seus avatares e iniciam o jogo, que os surpreende no momento em que são sugados para dentro da ação. Spencer (Dwayne Johson), Fridge (Kevin Hart), Bethany (Jack Black) e Martha (Karen Gillan) assumem as características físicas de seus avatares e precisam embarcar na missão proposta pelo game, se quiserem voltar ao mundo real. 

Foto: Sony Pictures

Evidentemente, a troca do tradicional jogo de tabuleiro pelo cartucho de game é discutível, mas funciona bem dentro da proposta do longa, especialmente se levarmos em conta  as possibilidades que ele traz. Por exemplo, cada avatar tem habilidades e fraquezas próprias que podem auxiliá-lo ou prejudicá-lo durante a jornada, o que rende ótimas piadas e cenas de ação bem feitas. Além disso, cada um deles tem três vidas para serem utilizadas, de modo que, ao final delas, game over. Isso é interessante, pois mesmo sendo uma obra "infantil", o sentido de urgência é latente, e sentimos o perigo que os personagens estão correndo.

Outro fator predominante para que o filme funcione são as locações. Os atores estão lá, na selva, em ambientes externos, abertos e verossímeis. É claro que há cenas que utilizam de pós-produção e da famosa "tela verde", principalmente nas criaturas digitais, mas são poucas, e isso traz verossimilhança a obra, que também conta com um elenco que aparentemente topou participar das cenas de ação, o que também é positivo. 

E sobre os atores, não há muito a dizer. Não há nenhum grande talento dramaturgo entre eles, é verdade, mas o carisma transborda. Dwayne Johnson (Ballers) dispensa comentários, utilizando muito mais de sua veia cômica do que de suas habilidades como astro de ação. Kevin Hart (Um Espião e Meio) é o Kevin Hart, do mesmo jeito em todos os filmes, e funciona. Karen Gillan (Guardiões da Galáxia Vol. 2) surpreende na ação, já Jack Black (Escola de Rock) rouba quase todas as cenas em que aparece, pois o fato de viver uma personagem feminina presa no corpo de um homem rende ótimas piadas ao longa. Há também Nick Jonas (O Trote), que soa como uma interessante adição ao elenco em determinado momento do filme, mas que não revelarei detalhes para não dar spoiler.

Foto: Sony Pictures

Jumanji: Bem-Vindo à Selva não é um filme perfeito, porém acerta até em seu roteiro, que mesmo soando expositivo em muitos momentos, consegue capturar a mensagem do longa original, de que somente juntos os jogadores conseguirão cumprir a missão, cada um com suas características, em equipe. Convenhamos, foi uma moral bacana de se passar no passado, e continua sendo agora. Esse novo Jumanji não atingirá em cheio os adultos que cresceram assistindo a obra da década de 90, mas pode ser para os mais novos o que o original foi para nós, mais velhos.

Missão cumprida.

Ótimo

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