Easy | 1ª Temporada


Quando traduzimos a palavra "Easy" para o português, temos a palavra "fácil". Cujas definições abaixo:

1. que se executa ou obtém sem dificuldade.
2. que se compreende sem esforço; claro, compreensível. 

A primeira reação ao ouvir o nome de uma série que recebe tal título é se perguntar o porquê dessa escolha. Com oito episódios, com duração em média de 30 minutos cada, Easy (que é uma produção original Netflix) é uma "dramédia" que possui características bem distintas da maioria dos outros shows do canal de streaming. Criada por Joe Swanberg, que também é roteirista e diretor da obra, a série trabalha temas diferentes a cada episódio e possui algumas características do movimento "mumblecore", já que Swanberg é um dos expoentes desse gênero independente.

A base dos capítulos é explorar os relacionamentos afetivos que cada personagem vive, sendo que todos estão passando por fases e crises diferentes, tendo como pano de fundo em comum a cidade de Chicago. Somos apresentados a um casamento em crise sexual e de identificação, ao relacionamento em que uma garota apaixonada tenta se adaptar aos costumes veganos e feministas de sua parceira, um casal com incrível harmonia que cria um perfil no Tinder em busca de um ménage à trois, uma jovem atriz em fase de recuperação após o fim de um relacionamento e outra vivendo a vida de solteira na meia-idade, um escritor famoso por expor seus relacionamentos e parceiras em suas obras, mas se sente "invadido" pelo trabalho documental de uma estudante, um homem prestes a ser pai que se joga em um novo empreendimento sem o consentimento da esposa, um ex-namorado que se hospeda no novo apartamento de um casal e a relação conflituosa de dois irmãos com gostos parecidos e personalidades diferentes.

Foto: Patrick Wymore / Netflix

A brincadeira com o nome da série vem exatamente na forma como esta mostra que essas convivências e confusões sentimentais são muito mais problemáticas do que parecem. Identificamos algumas características do mumblecore justamente neste ponto, pois Swanberg documenta os comportamentos e escolhas dessas pessoas que vivem em um mesmo espaço por meio de diálogos naturalistas e situações cotidianas facilmente identificáveis, sem utilizar qualquer tipo de recurso extravagante em sua filmagem.

Apesar do mumblecore ter também como marca a utilização de atores desconhecidos do grande público, em Easy há uma variação de elenco, que vai de grandes nomes do cinema como Orlando Bloom (O Senhor dos Anéis), Jane Adams (Poltergeist), Dave Franco (O Artista do Desastre) e Gugu Mbatha-Raw (Black Mirror), até alguns menos conhecidos que já estrelaram em programas de TV e filmes, como Evan Jonigkeit (Frontier), Kate Micucci (Raising Hope), Kiersey Clemons (Além da Morte), Jake Johnson (New Girl) e até a modelo Emily Ratajkowski.

Outro elemento que se destaca na produção é o roteiro de Swanberg. Como criador da série, ele sabe exatamente o que quer evidenciar em cada experiência, e ao abordar temas polêmicos e complexos, deixa a história isenta de posicionamentos, "jogando a bomba" para o espectador, que absorverá uma reflexão própria em cada episódio. A sutileza em retratar as pequenas ligações que os personagens de diferentes núcleos possuem naquela cidade também funciona como um "easter egg" bem bacana e que nos aproxima ainda mais daquela realidade.

Easy ainda é uma série em amadurecimento, que possui oscilações de ritmo e narrativa, e o fato de não explorar tão a fundo as características e sentimentos de alguns personagens, pelo tempo em que o episódio se desenrola, pode ser um incômodo para quem gosta de mais detalhes. Porém, se você procura uma produção com um desenvolvimento mais descompromissado em relação a personagens e tempo, com histórias interessantes e que sempre tem algo a contar, sem tanto didatismo, vale a pena dar uma chance e tirar proveito dessa obra.

Foto: Netflix

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