CRÍTICA | A Maldição da Casa Winchester

Direção: Michael Spierig e Peter Spierig
Roteiro: Michael Spierig, Peter Spierig e Tom Vaughan
Elenco: Helen Mirren, Jason Clarke, Sarah Snook, entre outros
Origem: Austrália / EUA
Ano: 2018


O que você acharia de um filme que aproveita o simbolismo e a mitologia de um ponto turístico bastante visitado nos Estados Unidos e, ao mesmo tempo, desenvolve uma história de terror sombria de como aquele local foi construído, do universo peculiar que o engloba e de sua exótica proprietária? A Maldição da Casa Winchester tenta fazer isso, utilizando das fórmulas hollywoodianas já conhecidas do gênero.

Sarah Winchester (Helen Mirren), herdeira da empresa de armas Winchester, acredita ser assombrada pelos espíritos de pessoas que foram mortas pelo armamento fabricado por sua companhia. Após as trágicas mortes da filha e do marido, decide construir uma mansão preparada para afastar as almas atormentadas, o que não é bem visto pela firma, que resolve contratar o doutor Eric Price (Jason Clarke) para declarar a viúva incapaz de conduzir os negócios. Após ser acolhido pela dona da casa e seus familiares, o médico começa a testemunhar diversos fenômenos sinistros dentro da rústica mansão.

O roteiro assinado pelos irmãos Michael e Peter Spierig (Jogos Mortais: Jigsaw) traz uma boa proposta, mas peca na construção da narrativa. A mansão, palco de boa parte das ações do longa, não é aproveitada da melhor forma e os clichês do gênero terror são utilizados aos montes. No entanto, o que mais incomoda são as soluções fáceis para os conflitos mais tensos e a falta de criatividade para as cenas de susto. Recursos manjados como o espanto com vultos, imagens através dos espelhos e o som alto e estrondoso após a queda de objetos estão lá. Como eu disse, clichês.

Foto: Paris Filmes

Outro fator negativo são alguns efeitos utilizados durante a trama, que reproduzem ações inverossímeis, subestimando a intelectualidade e a paciência do público, algo bastante decepcionante para uma produção que traz um nome de peso em seu elenco. 

E são justamente as atuações que trazem algum valor à produção. Helen Mirren (A Rainha), com seu semblante pálido e suas vestimentas fúnebres, apresenta uma personagem capaz de envolver o espectador e, ao mesmo tempo que provoca os que estão a seu redor, buscando encontrar a solução definitiva para liquidar as assombrações que tanto a atormentam. Jason Clarke (Planeta dos Macacos: O Confronto), por sua vez, vive um médico atormentado pela morte da esposa e, devido a seus traumas do passado e seu vício em drogas, acaba fazendo o espectador refletir sobre os apegos e medos que nos cercam, e como podemos enfrentá-los.

A Maldição da Casa Winchester também agrada pelo seu belo trabalho de fotografia, que remete o público ao início do século XX, com uma representação fiel de época e cenários sombrios. Há ainda um gancho para uma possível continuação. Quem sabe uma oportunidade de corrigir os erros e entregar uma produção digna dos bons filmes que o gênero terror tem entregue nos últimos anos. Os cinéfilos agradeceriam.

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Foto: Paris Filmes

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