CRÍTICA | Roman J. Israel

Direção: Dan Gilroy
Roteiro: Dan Gilroy
Elenco: Denzel Washington, Colin Farrell, Carmen Ejogo, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2017


Denzel Washington (Sete Homens e um Destino) é um ator extremamente talentoso, isso não se discute. Ele que recentemente havia sido indicado ao Oscar de melhor ator pela brilhante atuação em Um Limite Entre Nós (Fences, 2016), acaba repetindo o feito esse ano, resultado de mais um trabalho maravilhoso, dessa vez nesse Roman J. Israel Esq.

O drama policial conta a história do personagem que dá título ao filme, um advogado que além de atrelar a profissão aos seus ideais como ativista do movimento negro, também possui visões morais e éticas bem estabelecidas. Contudo, após se ver sem aquele que era seu sócio há quase quatro décadas, passando por uma série de incidentes difíceis, Roman (Washington) precisa encarar um dos maiores dilemas da sua vida: abrir mão de seus princípios e ideais em benefício próprio ou continuar lutando por aquilo que acredita, aceitando as consequências de sua escolha?

Devo confessar que assistir ao longa escrito e dirigido por Dan Gilroy (O Abutre) não foi lá uma tarefa fácil. Alguns diálogos me pareceram bastante confusos e a verdade é que me senti perdida em diversas momentos da produção, como se faltassem pedaços ou explicações à narrativa, algo que  torna a experiência cansativa e desinteressante em certos pontos, me levando a pensar em abandonar o filme em algumas cenas. 

Foto: Sony Pictures

Essa dificuldade de minha parte pode ser resultado de dois fatores determinantes: primeiro, não sou muito familiarizada com termos jurídicos e temas relacionados ao gênero, assuntos que são abordados no longa, já que Roman é advogado; e segundo, a obra tem como um dos fios condutores as lutas, passado e presente do personagem dentro do movimento negro, algo que não faz parte da minha vivência pessoal, ou seja, qualquer alusão ou referência menos direta ou sutil pode ter passado completamente despercebida por mim.

Felizmente o longa nos presenteia com mais uma exuberante atuação de Denzel Washington, visto que Roman J. Israel é uma figura complexa, cheia de momentos enevoados e nuances que só grandes atores poderiam dar vida. Apesar de ser alguém transformado por suas lutas e vivências, ainda é extremamente inocente e cheio de sonhos a serem realizados. E é aqui que constatamos o talento de Denzel, pois é capaz de criar uma persona que luta ferozmente por suas crenças utilizando de palavras mordazes, ao mesmo tempo que é vulnerável e inseguro.

Um dos grandes papéis do filme é abordar os diversos problemas sociais e as dificuldades dentro do sistema jurídico norte-americano, assim como os constantes golpes vividos por aqueles que se dispõem a se posicionar ante essas causas. Cada dia é uma batalha diferente, e escolher qual caminho seguir não é fácil. Há quem vacile, quem perca a esperança, ou mesmo aqueles que são acesos pela chama do anseio pela mudança, como é o caso de Roman, que, mais do que isso, serve como agente inspirador.

Foto: Sony Pictures

Talvez o maior problema do roteiro de Gilroy é a falta de emoção, não aproveitando tão bem os personagens que possui e, consequentemente, não gerando comoção no espectador. Friso novamente que essa é uma visão bem particular minha, como mulher branca. Pode parecer chato enfatizar isso, mas acho importante lembrar que, talvez, ele não tenha me tocado por razões óbvias, afinal, tudo se baseia em pontos de vista e construções sociais, não é mesmo? Roman J. pode acabar sendo incrivelmente significativo para muita gente, enquanto foi sutil demais para mim, se distanciando de obras como Corra! (Get Out), por exemplo.

Para encerrar, vale citar que Roman J. Israel Esq. ainda conta com estrelas do calibre de Colin Farrell (O Sacrifício do Cervo Sagrado) e Carmen Ejojo (Selma: Uma Luta Pela Igualdade) em seu elenco, outro atrativo indiscutível.

Bom

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