CRÍTICA | Homem de Ferro

Direção: Jon Favreau
Roteiro: Mark Fergus, Hawk Ostby, Art Marcum e Matt Holloway
Elenco: Robert Downey Jr., Jeff Bridges, Gwyneth Paltrow, Terrence Howard, Clark Gregg, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2008


Não é segredo para ninguém que no final da década de 90 a Marvel esteve a beira da falência. A solução encontrada foi vender os direitos de seus principais personagens dos quadrinhos para grandes estúdios de cinema. Foi assim que o Homem-Aranha foi parar na Sony Pictures, o Hulk na Universal Pictures, e os X-Men e o Quarteto Fantástico na Fox Film. Com o sucesso de boa parte dessas franquias na grande tela, surge então o projeto da Marvel Studios, onde a "Casa das Ideias" resgataria os heróis cuja propriedade intelectual ainda lhe pertenciam, montando o agora tão admirado Universo Cinematográfico da Marvel. E foi assim, em 2008, que nascia o Homem de Ferro de Jon Favreau (Mogli: O Menino Lobo).

O escolhido para viver o protagonista foi uma aposta arriscada, uma vez que Robert Downey Jr. (Zodíaco) buscava retomar a sua carreira após inúmeros problemas com álcool e drogas ilícitas, que o levaram até a prisão. Felizmente, como sabemos hoje, ele era o homem perfeito para o papel. Sua trajetória de vida e personalidade refletiam no personagem, já que o Tony Stark dos quadrinhos já havia passado por situações semelhantes. O carisma único de Downey Jr. seria um dos pilares desse universo cinematográfico, ele se tornou o Homem de Ferro de forma que seu rosto nunca mais deixou de ser associado ao personagem, algo que não víamos, talvez, desde o Superman de Christopher Reeve (Em Algum Lugar do Passado).

Outro grande trunfo de Favreau foi encontrar o tom certo do longa-metragem. A ação com pitadas de humor se mostraram uma combinação certeira que, atrelada ao ótimo ritmo da obra, não deixava o espectador entediado em momento algum. Além disso, poucas cenas são suficientes para entendermos a personalidade de Tony Stark. Talvez a principal delas seja o "flashforward" com os soldados no Iraque, onde vivenciamos boa parte de suas qualidades e defeitos, características que seriam alteradas com o decorrer do filme.

Foto: Marvel Studios

Com a mitologia do personagem estabelecida, era preciso estabelecer sua dinâmica com os coadjuvantes e, nesse ponto, a Marvel Studios acerta novamente ao trazer grandes nomes para seu primeiro elenco. Gwyneth Paltrow (Shakespeare Apaixonado) está excelente como Pepper Potts, demonstrando um carisma pouca vezes visto em tela pela atriz, algo essencial a personagem que, de certa forma, é o braço direito de Tony. Terrence Howard (Crash: No Limite) também está muito bem como Jim Rhodes, e é uma pena que desentendimentos nos bastidores tenham tirado o ator das vindouras sequências do estúdio. Por fim, Jeff Bridges (Coração Louco) encarna o vilão Obadiah Stane com o talento que lhe é peculiar, trazendo a verossimilhança e o respeito que o longa precisava passar ao espectador.

Coeso e eficiente do início ao fim, Homem de Ferro moldou as características que viriam a se tornar marcas registradas do estúdio, a tal "Fórmula Marvel", que hoje muitos citam de forma pejorativa, mas que é incontestável. O humor mesclado a ação, a falta de relevância das identidades secretas, a fidelidade as HQs com espaço para as adaptações e o compartilhamento do universo. Tudo estava lá, desde o primeiro filme. Inclusive a inesquecível cena pós-créditos com Nick Fury (Samuel L. Jackson):

“Eu estou aqui para falar sobre a iniciativa Vingadores."

Se Homem de Ferro não for o melhor filme da Marvel Studios, certamente é o mais importante, empatado com Os Vingadores.

Excelente

Foto: Marvel Studios

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