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Postado por
Cibele Pixinine
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Um dedo na ferida. Collateral, nova produção da Netflix em parceria com a BBC, retrata sem medo uma das maiores problemáticas da Europa atual, a crise imigratória. Lançada no mês de fevereiro no serviço de streaming, a minissérie se apoia no roteiro do experiente David Hare (As Horas) e nao trabalho de atuação da sempre competente Carey Mulligan (Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi).
Ao longo de 4 episódios de cerca de 1 hora de duração cada, a narrativa acompanha a investigação policial encabeçada pela detetive inglesa Kip Glaspie (Carey Mulligan). A vítima é um imigrante sírio, morto durante seu trabalho como entregador de pizza, o que logo acende as suspeitas de que o crime tenha motivações xenofóbicas. Esse assassinato, porém, é só a ponta do iceberg. Aos poucos, Kip descobre uma rede muito mais complexa e perigosa, que é alimentada pelo tráfico internacional de pessoas e pelas ineficazes políticas imigratórias da Inglaterra.
Não comece a assistir Collateral esperando cenas de perseguição policial, cortes frenéticos ou outros momentos de ação do tipo, muito pelo contrário, o foco da série é entender as motivações e a lógica por trás daquele crime, por isso, a narrativa se desenvolve de forma lenta. No fim do primeiro episódio o assassino já é revelado, fazendo com que os demais capítulos esmiuçem cada detalhe da investigação, desde o trabalho dos próprios policias até a politicagem e burocracia que envolve todo o processo.
Foto: Liam Daniel / Netflix |
Em paralelo a narrativa principal, Collateral possui inúmeras outras subtramas, que no começo parecem desconexas, mas que, na verdade, conversam em alguns pontos com a investigação de Kip. O público acompanha o drama de uma militar em crise, o relacionamento de uma clériga lésbica com uma jovem vietnamita e o destino das duas irmãs da vitima.
Se por um lado, essas histórias imprimem um caráter diverso à série (com personagens e perspectivas diferentes), elas também perdem seu peso, pois não são bem aprofundadas. A impressão que fica é que ao tentar abordar várias questões, a produção acabou perdendo o seu foco, dificultando a conexão do público com tudo que estava sendo mostrado.
Durante toda a missérie, David Hare mantém críticas certeiras ao tratamento dado aos imigrantes no Reino Unido, especialmente, nos discursos de um dos parlamentaristas da história. Já a diretora S. J. Clarkson (Orange is the new Black) é a responsável por dar um certo ar cinematográfico para a produção.
Apesar de ter alguns problemas de narrativa, Collateral se mostra não apena como entretenimento televisivo, mas também uma produção atual e extramente necessária, pois é capaz de fazer com que o público pense um pouco fora da caixinha.
Foto: Robert Viglasky / Netflix |
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