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Postado por
Nathalia Bottino
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"É melhor não olhar."
Siga o conselho de Lemony Snicket (Patrick Warburton) e use seu tempo para assistir algo mais feliz. Não leiam essa crítica se vocês não gostam de desgraça e tristeza. Porque é isso que irá encontrar aqui e na segunda temporada de Desventuras em Série, que volta ainda mais sombria e devastadora. Não há uma grande mudança de uma temporada para outra, cada livro da saga é dividido em duas partes. Os livros adaptados aqui são do 5 ao 9: Inferno no Colégio Interno, O Elevador Ersatz, A Cidade Sinistra dos Corvos, O Hospital Hostil e O Espetáculo Carnívoro.
O roteiro continua bastante fiel ao material original, com um tom sombrio cheio de interrupções na narrativa através de jogos de palavras que ajudam a mostrar a inteligência de alguns personagens e ampliam o vocabulário dos pequenos espectadores de maneira que não é enjoativa. Há também os momentos de quebra da quarta parede, geralmente feitas pelo Conde Olaf (Neil Patrick Harris).
A estética “cartunesca” também permanece inalterada, conferida pela direção de arte com uma paleta de cores cinzenta, fria. Os efeitos visuais e figurinos continuam intencionalmente exagerados, assim como os cenários mantém características teatrais repletos de anacronismos. Nada ali parece realmente fazer parte do nosso mundo e sim de um lugar fantasioso, mas é justamente esse o ponto mais divertido e inteligente na proposta de Desventuras em Série: ter nas mãos a chave da criatividade para explorar a bizarra realidade que cerca os irmãos Baudelaire, inundando a tela de personagens que poderiam ter sido tirados de um filme de Tim Burton (Grandes Olhos).
Foto: Joseph Lederer / Netflix |
As maiores mudanças vêm da introdução de novos personagens, que chegam para expandir o universo e ajudar os protagonistas a descobrirem mais pistas sobre os mistérios da série. Entre os destaques estão o charmoso Jacques Snicket (Nathan Fillion), a engenhosa Olivia (Sara Rue) e dois dos trigêmeos Quagmire, Isadora (Avi Lake) e Duncan (Dylan Kingwell), que ganham mais proeminência na trama. O lado dos vilões também ganha reforços com a detestável Carmelita Spats (Kitana Turnbull), que chega para estragar o dia dos órfãos, uma espécie de cria de Dolores Umbridge, personagem da saga Harry Potter que é adoravelmente insuportável.
O que parece faltar aos roteiristas, entretanto, é a noção de que nem tudo nos livros funciona em tela, e nem todas as brincadeiras metalinguísticas e sarcásticas vão soar autênticas sempre. Chega um momento em que as situações que apenas dificultam a fuga dos irmãos parecem injustificadas mesmo dentro daquela realidade fantasiosa, o que condena os episódios a simplesmente andar em círculos, impedindo que qualquer solução real se posicione para os irmãos, causando certo tédio ao longo da temporada.
Ainda assim, os novos episódios de Desventuras em Série são interessantes de assistir, mesmo com as desgraças e injustiças se acumulando pelo caminho, dando uma aula de como contar uma história trágica de forma inteligente. A maior tristeza para os espectadores é que o episódio final termina com um enorme e proposital cliffhanger, ou seja, um gancho ou uma questão sem resposta. E a espera para saber o que aconteceu vai ser grande, visto que a terceira e última temporada não vai sair tão cedo. Mas acredito que, se você já viu tudo até aqui, deve estar curioso para descobrir a conclusão dessa aventura e descobrir qual será o final da história dos Baudelaires. Eu sei que eu estou.
Foto: Joseph Lederer / Netflix |
Bom |
A Series of Unfortunate Events
Desventuras em Série
Nathalia Bottino
Nathan Fillion
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