CRÍTICA | Os Incríveis 2

Direção: Brad Bird
Roteiro: Brad Bird
Elenco: Craig T. Nelson, Holly Hunter, Sarah Vowell, Huck Milner, Samuel L. Jackson, Bob Odenkirk, entre outros
Origem: EUA
Ano: 2018


Esperamos muito. Precisamente 14 anos até o lançamento da continuação de uma das melhores animações da Pixar Animation Studios. E devo dizer que toda essa espera valeu a pena, pois Os Incríveis 2 (The Incredibles 2) é tão bom quando o original.

Em uma época pré Universo Cinematográfico Marvel e filmes de super-herói em massa, Os Incríveis estreou em 2004, trazendo esse subgênero pouco explorado até então, de forma inovadora e original. A melhor característica da  obra, na minha opinião, é o fato dos personagens serem super-heróis com problemas do dia-a-dia, dramas familiares e humanos totalmente identificáveis. Uma característica que felizmente se repete nessa continuação. 

O longa começa alguns minutos depois do final do primeiro filme, onde os heróis ainda têm que se esconder. Após salvar a cidade do ataque do Escavador, a família Pêra tem que lidar novamente com a pressão do governo após os danos causados pela missão. E, assim como na primeira obra, os protagonistas tem a ajuda de empresários milionários, desta vez, os irmãos Wilson (Bob Odenkirk) e Evelyn Deavor (Catherine Keener), que desejam a volta dos heróis.

Foto: Pixar Animation Studios

Os Incríveis 2 não traz grandes mudanças em sua narrativa, mas apresenta um contexto atual e necessário, especialmente no que diz respeito ao protagonismo feminino da Mulher-Elástica (Holly Hunter), que é chamada para as missões ao invés do Sr. Incrível (Craig T. Nelson), que estava ansioso por novas aventuras, mas tem que aprender a lidar com os filhos e cuidar da casa. Beto tem que fazer de tudo para provar que é capaz dessa "missão", e Helena acaba experimentando o gostinho de como é estar no centro dos holofotes. Ao mesmo tempo que ele gostaria de estar no lugar dela, o personagem sabe que precisa estar ao lado da esposa, a apoiando, como ela sempre fez para com ele. 

Esse paralelo é o ponto alto do filme, pois traz um novo olhar para a história e para os personagens. A própria Edna Moda (Brad Bird) questiona o que pode ser mais heroico do que ser pai, mostrando que os dois brilharam durante o filme. Mas mesmo que a obra traga essa crítica e tenha um tom mais adulto (assim como o primeiro), trata-se de uma animação sutil, engraçada e muito leve, que se deve em grande parte pelos filhos dos heróis, principalmente Zezé. O bebê rouba a cena como alívio cômico, divertindo o espectador sem deixar de ser relevante para o desfecho da trama. 

Brad Bird (Ratatouille) soube conduzir essa continuação e o quanto trazer do primeiro filme para apelar para a nostalgia dos fãs da obra. Ele provoca uma discussão sobre família, os limites do que é ser um herói, e deixa claro novamente que uma boa animação não é feita somente para crianças. Entretém tanto quanto instrui o público mais jovem e agrada demais o público que tanto aguardou por essa sequência. Além disso, a dublagem brasileira original junto com a trilha sonora de Michael Giacchino (Jurassic World: Reino Ameaçado) são dois fatores que nos trazem de volta para 2004 desde o início do longa.

Foto: Pixar Animation Studios

No fim das contas, Bird segue insuperável como um dos melhores diretores de animação do cinema. Cada cena de ação é detalhadamente construída em cima das habilidades de cada herói, e o mais simples dos diálogos ganha texturas impressionantes de luz, sombra e cor. Os Incríveis 2 é notoriamente uma produção escrita e dirigida com cuidado, entusiasmo e carinho, e funciona com extrema competência para um público de todas as idades.

Excelente

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