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Rafael da Fonte de Hires
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Após uma primeira temporada não muito satisfatória na opinião dos fãs de quadrinhos e também dos amantes das séries de TV de super heróis, Luke Cage ganha o seu segundo ano, seguindo a linha das demais séries da parceria Marvel/Netflix, como Demolidor e Jessica Jones. A grande dúvida é se a produção teria evoluído ou permanecido abaixo da média.
Passado algum tempo após os acontecimentos de Os Defensores, onde os 4 heróis das ruas de Nova York se uniram para derrotar de uma vez por todas o Tentáculo, vemos Cage (Mike Colter) assumindo para sua vida a profissão de herói em tempo integral. Ele está compenetrado em desfazer um esquema de produção de papelotes de cocaína com o seu nome estampado, para assim acertar as contas com Mariah Stokes (Alfre Woodard), que tenta apagar de vez seu passado criminoso, ao mesmo tempo em que precisa lidar com seu relacionamento com Claire Temple (Rosario Dawson).
Enquanto isso, Misty Knight (Simone Missick) está tentando voltar a ativa após ter perdido seu braço na batalha contra o Tentáculo, e um novo inimigo, intitulado Cobra Venenosa (Mustafa Shakir), passa a ser um grande contraponto ao nosso herói do Harlem.
Imagem: David Lee / Netflix |
Se na primeira temporada o mote era a preservação do Harlem, o foco agora é a guerra de família, sejam em conflitos internos ou externos, trabalhado de forma sutil pelo roteiro. Ainda assim é preciso destacar a falta de necessidade de uma grande quantidade de episódios e um tempo de duração tão longo. Luke Cage novamente apresenta subtramas desinteressantes, que pouco têm a acrescentar a trama principal.
Por outro lado, as cenas de ação estão melhores, causando o impacto necessário. Os conflitos entre Cobra e Luke são intensos e muito bem coreografados, algo essencial para que a série funcione. Além disso, o fato de Cage aparecer trabalhando em dupla em vários momentos remete diretamente a linguagem dos quadrinhos. Danny Rand (Finn Jones), por exemplo, é mencionado várias vezes, e chega a participar de um episódio inteiro, o que, por si só, já melhora o tom amargo deixado pelo personagem no passado.
Outro ponto a se destacar é a fotografia da série, que está um pouco mais sombria. Ainda assim a identidade visual é mantida, com a paleta de cores saturada em amarelo em muitos momentos.
As atuações tiveram alguma evolução. Mike Colter (MIB: Homens de Preto III) segue competente ao encarnar Luke como um sujeito que transmite as frustrações que sofre por ter de lidar com a vida dupla de herói de sua comunidade e uma pessoa comum. Já Mustafa Shakir (Confronto no Pavilhão 99) é eficiente como o vilão, líder de um clã jamaicano que fora passado para trás por todas as gerações da família Stokes. Amargurado por ser sempre deixado de lado, agora ele volta para ter de volta aquilo que é seu.
Imagem: David Lee / Netflix |
Outros a serem destacados são Simone Missick (Jinn), que está mais confortável no papel de Misty Knight, ao ver que o mundo inteiro deve ser tratado com desconfiança depois da traição de seu parceiro. Theo Rossi (Sons of Anarchy), por sua vez, se mostra além de um mero capanga, apresentando mais camadas a serem desenvolvidas pelo seu personagem.
Por fim, a segunda temporada de Luke Cage consegue algo que Jessica Jones não conseguiu. É interessante e corrige alguns erros do passado, mesmo que ainda não seja particularmente memorável. Não fossem as subtramas desnecessárias e que minam o interesse do espectador, a série poderia ter se saído muito melhor.
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