REVIEW | Le Chalet


Na leva de produções estrangeiras da Netflix, estreou no catálogo da gigante do streaming em abril deste ano a série francesa Le Chalet . Produzida e exibida originalmente pelo canal francês France 2, ainda em 2017, a minissérie conta com 6 episódios de cerca de 45 minutos cada, que dá pra assistir em uma "tacada só", em apenas um fim de semana. Mesmo não sendo uma série brilhante, ela é um exemplo de como é possível, sim, fugir da bolha norte-americana de se fazer televisão.

Na trama, um grupo de amigos de infância decide se reencontrar para o casamento de um deles em sua cidade natal, um vilarejo nos Alpes franceses. Ali, eles alugam um antigo chalé, que permaneceu desocupado após o misterioso desaparecimento de seus antigos moradores. O local é praticamente deserto, sem contato com o resto da civilização, já que além das barreiras naturais, a população se resume a meia dúzia de pessoas. O isolamento aumenta ainda mais após um acidente que destrói a única ponte da cidade, fazendo com que o grupo se veja totalmente preso e com a suspeita de que são alvo de uma armadilha fatal. 

Para além do clima de suspense, Le Chalet aborda questões complicadas e que merecem uma reflexão como, por exemplo, relações familiares abusivas, a influência negativa que pais podem ter sobre seus filhos, bem como os limites da busca por justiça. Para isso, a série trabalha com duas linhas temporais diferentes, que se complementam e permitem que alguns personagens ganhem maior complexidade, além, é claro, de deixar inúmeras pistas para a solução do quebra cabeça que se desenha.

Foto: France 2

Le Chalet possui muitos personagens, o que acaba dificultando (principalmente no inicio) a identificação de quem é quem e qual a relação entre cada pessoa. Outro problema que surge daí é a subutilização de alguns personagens secundários, que mesmo com boas premissas acabam ficando de lado. Entre os protagonistas, apenas um ou outro se destaca (deixo aqui um parêntese para Nicolas Gob, na pele do odioso Sébastian). Fica claro que, mesmo com o desenrolar da narrativa, não é possível criar empatia com todas as pessoas do chalé, fazendo com que a morte de alguns passe em branco.

Mesmo seguindo algumas características do subgênero “terror na cabana”, a série francesa desenvolve sua narrativa sem pressa, principalmente nos primeiros episódios, e sem fazer uso de muitas cenas de ação ou apelo sangrento. O “grande mistério" da história pode soar clichê, com grandes chances de ser desvendado logo de início, é bem verdade, mas a curiosidade pelos detalhes te prende até o fim da história.

Outro aspecto técnico que merece atenção é a abertura da minissérie. Tanto a letra da canção - “Comptez jusqu'à trois”, de Samuel e Léonore Hercule - quanto à miniatura do vilarejo têm uma relação direta com a trama, mudando de acordo com o crescimento do nível de desespero dos personagens. 

Foto: France 2

Le Chalet é uma boa opção para quem busca produções alternativas na Netflix. Apesar dos defeitos, ainda é uma série que vale investir o tempo, especialmente se você estiver de bobeira naquele fim de semana chuvoso.

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