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Unknown
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Quem diria que a Westworld, um filme de ficção cientifica, escrito e dirigido por Michael Crichton (Runaway: Fora de Controle) em 1973, que contava a história de uma parque de temático, no qual os funcionários são robôs interativos que acabam ganham consciência e se virando contra os convidados, iria se transformar em uma complexa série da HBO, criada por Lisa Joy (Pushing Daisies) e Jonathan Nolan (Interestelar).
A produção chegou sem muito aviso, carregando grandes nomes em seu elenco, como Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes), Ed Harris (Mãe!), Evan Rachel Wood (Tudo Pode Dar Certo) e o nosso internacional Rodrigo Santoro (LOST). Antes da sua estreia a internet borbulhou de curiosidade com cada teaser enigmático, repletos de citações "shakespirianas" entonadas por personagens com expressões vazias e olhares perdidos. Muitos não conheciam a obra original, então a temática western acompanhada de pequenas nuances de ficção cientifica causou grande curiosidade no público.
A primeira temporada de Westworld nos fez embarcar em uma jornada repleta de simbolismos , que elevavam o grande questionamento da série: o que é real? Assim como no filme de Crichton, os robôs - que na série são chamados de hosts, ou em tradução livre, anfitriões - começam a sua caminhada rumo a consciência depois de experienciarem situações traumáticas de forma cíclica. No entanto, a criação de Joy e Nolan extrapola as ideias do filme, aprofundando a temática de forma bastante promissora.
A série é hábil em criar um background muito bem elaborado sobre o parque e os hosts, logo de inicio. Os primeiros episódios nos ajudam a entender como aquele universo funciona, como os anfitriões são concebidos, programados, restaurados ou reutilizados. As narrativas são introduzidas de forma inteligente, sempre movendo a história dos protagonistas. No inicio elas podem soar como meras subtramas, no entanto, no término da temporada, todos os detalhes acabam apresentando um significado mais profundo do que apenas uma linha de código que controla as decisões de um anfitrião dentro da história.
Como principal premissa há o labirinto, e a forma como ele está relacionado aos papéis dos anfitriões e dos próprios criadores do parque. Aqui acompanhamos os dois lados da moeda na busca pela consciência. De um lado Dolores (Rachel Wood) e Maeve (Thandie Newton) se deparam com pensamentos que não estavam necessariamente programados para acontecer. Do outro lado os humanos, William (Jimmi Simpson) e Logan (Ben Barnes), que visitam o parque e entram em contato com essa realidade na qual pensam ter controle absoluto. O labirinto se revela como o caminho da consciência para a liberdade dos anfitriões, ainda que essa trajetória seja impiedosa até mesma para os humanos, que ousam buscar o seu centro.
Westworld vai muito além de suas premissas. É uma série que proporciona questionamentos profundos sobre a condição humana, através de um roteiro cheio de camadas. Um espetáculo transgressor, de fotografia e produção memoráveis, que vai mexe com os sentidos do espectador e desafia a nossa percepção de realidade, liberdade e consciência.
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