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Postado por
Lívia Campos de Menezes
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Se tivéssemos que citar um evento que mudou a história mundial recente, esse seria, sem dúvida alguma, o ataque às torres gêmeas do World Trade Center. Ocorrido há exatos 17 anos, em 11 de setembro de 2001, a tragédia alterou significativamente a maneira pela qual enxergamos o mundo e refletiu, obviamente, no imaginário cinematográfico, especialmente no norte-americano. Desde então, o inimigo maior do ocidente não é mais o espião russo ou o revolucionário comunista. Muito mais perigoso, por ser imprevisível e destemido, o inimigo é o Islã e seu fundamentalismo religioso.
O mundo que conhecemos hoje gira em torno de políticas de segurança rigorosas, implantadas, em grande medida, após os ataques. E não somente isso. Graças à propaganda negativa disseminada pela mídia, ser "diferente" tornou-se ainda mais difícil no vizinho rico do norte. O medo generalizado fomentou o preconceito e aumentou a incidência de ataques racistas e xenófobos.
Embora seja difícil de acreditar, a análise de uma série de fatos e documentos comprovaram que o governo de George W. Bush poderia ter – se não evitado – pelo menos minimizado a tragédia. É esse o argumento desenvolvido pela minissérie da Hulu (no Brasil, disponível na Amazon Prime), The Looming Tower. Adaptação do livro de mesmo nome (em português: O Vulto das Torres: A Al-Qaeda e o caminho até 11/09), com o qual Lawrence Wright venceu o prêmio Pulitzer, a produção narra como a histórica rivalidade entre a CIA e o FBI possibilitou que o plano audacioso de Bin Laden fosse bem-sucedido.
Foto: Hulu |
A estória traz como personagens principais John O'Neill (Jeff Daniels), chefe do esquadrão antiterrorista do FBI, e seu braço direito Ali Soufan (Tahar Rahim), libanês naturalizado americano. Juntos eles trabalhavam para impedir os avanços terroristas da Al-Qaeda, tanto no ocidente como no oriente. Mais do que negociar com os jihadistas islâmicos, porém, a série mostra como os agentes do FBI sofriam com a burocracia da CIA, e, mais especificamente dos agentes Martin Schmidt (Peter Sarsgaard) e Diane Marsh (Wrenn Schmidt).
Acertadamente, a minissérie é desenvolvida de maneira cronológica, fazendo com que mesmo os que não vivenciaram aquele mundo consigam compreender as razões pelas quais um ataque ao “líder do mundo livre” era iminente. Mais ainda, intercalando encenação com imagens de arquivo, os criadores permitem que se torne crível o patético enredo que acompanhamos em tela. Afinal, quem imaginaria que em um país como os Estados Unidos, os egos seriam mais importantes que a segurança nacional?
O maior problema da minissérie, provavelmente uma escolha de roteiro, é a demonização de um único lado. Encerramos The Looming Tower tendo um herói claro. Porém, a verdade é que foram ambos os egos os facilitadores do 11 de setembro. O problema adveio, justamente, da incapacidade que as agências tiveram de trabalhar em conjunto. Uma série como essa merecia ser, portanto, menos maniqueísta.
Foto: Hulu |
Apesar do problema citado acima, a produção deve agradar aos que gostam de enredos políticos. O complexo jogo de poder entre FBI e CIA, bem como a liderança desastrosa de George W. Bush e Condeleeza Rice, são mais do que excelentes razões para embarcar na premissa de The Looming Tower. Além delas, o elenco de peso e a trama bem amarrada fazem com que a narrativa se torne irresistível.
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Lívia Campos de Menezes é apaixonada por filmes, séries e boa música (leia-se rock'n'roll). Adora ler e viajar. Mora em São Francisco (CA), onde trabalha como produtora de cinema independente.
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