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Postado por
Nathalia Bottino
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Direção: David Yates
Roteiro: J.K. Rowling
Elenco: Eddie Redmayne, Katherine Waterston, Dan Fogler, Alison Sudel, Ezra Miller, Colin Farrell, entre outros
Origem: Reino Unido / EUA
Ano: 2016
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Depois de 7 livros, 8 filmes e 10 anos da saga Harry Potter, J.K. Rowling resolveu nos proporcionar mais uma jornada pelo seu mundo de magia e bruxaria com Animais Fantásticos e Onde Habitam (Fantastic Beasts and Where to Find Them). Ambientado sete décadas antes do nascimento de Potter e em outro continente, a autora, e nesse caso, também roteirista, nos transporta novamente para sua fértil imaginação ao começar uma nova trama independente. E foi só ouvir os primeiros acordes do tema originalmente composto por John Williams (aqui substituído por James Newton Howard), que toda a nostalgia, saudade e emoção acalenta o público novamente.
Nessa nova era do mundo bruxo é possível acompanhar uma aventura sobre magia, que conversa com o público da mesma forma entusiasmada que conversou em toda a franquia do bruxinho de óculos e cicatriz em formato de raio na testa. Na trama, conhecemos o aventureiro Newt Scamander (Eddie Redmayne), um jovem magizoologista (profissão que estuda criaturas mágicas) que sai da Inglaterra rumo à Nova York em busca de um objetivo muito incomum, portando apenas uma maleta muito especial, onde guarda diversos animais fascinantes. Lá, alguns deles acabam escapando, cabendo a Newt recuperá-los.
Para cumprir seu objetivo e também futuramente escrever um manuscrito sobre essas criaturas, o protagonista contará com a ajuda de Porpentina Goldstein (Katherine Waterston) e de sua irmã Queenie Goldstein (Alison Sudol), que é uma legimente (ou seja, tem o poder de ler pensamentos). Conhecemos também o envolvente Jacob Kowalski (Dan Fogler), o único No-Maj (é como são chamados os "trouxas" nos EUA, ou seja, pessoas que nasceram incapazes de fazer magia) do grupo e, ouso dizer, de todo o universo mágico de J.K., que tem relevância maior para a trama, não estando ali apenas para servir de alívio cômico, ou mesmo ser tratado como inferior.
Inclusive, essa uma característica interessante de Animais Fantásticos. Mesmo entre duelos de varinhas, magia e animais, o que chama a atenção aqui é o ser humano comum, mesmo o que nunca soube nada sobre esse universo, como Jacob, como aquele que tenta destruí-lo e representa a perda da humanidade, como a amarga Mary Lou Barebone (Morton), uma religiosa que prega a necessidade de uma “segunda Salem”, a fim de livrar o mundo dos bruxos dos quais ninguém mais acredita, já que estes se esforçam para evitar que os humanos se tornem cientes de sua existência.
O cineasta britânico David Yates (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2) usou e abusou de sua maturidade e do seu vasto conhecimento do universo "potteriano", apresentando um longa-metragem visualmente deslumbrante, envolvendo todos os seus personagens em figurinos escuros ou acinzentados, que combinam com o céu constantemente nublado e a fotografia dessaturada e triste de Philippe Rousselot (Entrevista Com o Vampiro), com contrastes entre a jornada de Newt e o destino do mundo bruxo.
O roteiro de Rowling também proporciona alguns choques de realidade em meio a esses momentos de deslumbre. Em um segundo estamos maravilhados com aquela nova face do Mundo Bruxo e no outro vemos os personagens tendo de lidar com situações que evocam os piores preconceitos e discursos de ódio do nosso mundo real. O tom político, que é sempre evidente na saga Potter, também se faz presente no longa. Logo na primeira cena, por exemplo, repleta de manchetes de jornais, já é estabelecida a presença maléfica de Grindelwald (Johnny Depp), o maior bruxo das trevas até o surgimento de Lord Voldemort.
Foto: Warner Bros Pictures |
O interessante é que a trama preferiu não explorar a jornada de Grindelwald em busca de uma raça pura. Na verdade escolheu seguir pelo caminho inverso, mostrando o preconceito dos No-Maj contra a comunidade bruxa. A intolerância se torna parte essencial do arco de Graves (Colin Farrell) e Credence (Ezra Miller), por exemplo.
Credence é um jovem cuja postura corporal sugere uma tentativa constante de manter-se invisível para os que o cercam, como se soubesse que qualquer atenção que viesse a receber resultaria em dor. Ele quer desesperadamente fazer parte do mundo bruxo e é aí que busca a ajuda de Graves. Este trabalha na MACUSA, que seria o Ministério da Magia norte-americano, e se apresenta como um homem convencido, misterioso, manipulador e extremamente contra às ideias de Newt. Ele usa de sua influência no mundo mágico para influenciar Credence e obter informações da comunidade No-Maj através dele. São dois personagens que acabam se tornando peças essenciais na construção de um arco maior, que muito provavelmente será desenvolvido nos próximos filmes da franquia.
Credence é um jovem cuja postura corporal sugere uma tentativa constante de manter-se invisível para os que o cercam, como se soubesse que qualquer atenção que viesse a receber resultaria em dor. Ele quer desesperadamente fazer parte do mundo bruxo e é aí que busca a ajuda de Graves. Este trabalha na MACUSA, que seria o Ministério da Magia norte-americano, e se apresenta como um homem convencido, misterioso, manipulador e extremamente contra às ideias de Newt. Ele usa de sua influência no mundo mágico para influenciar Credence e obter informações da comunidade No-Maj através dele. São dois personagens que acabam se tornando peças essenciais na construção de um arco maior, que muito provavelmente será desenvolvido nos próximos filmes da franquia.
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) constrói Newt de uma forma cômica e ao mesmo tempo levemente melancólica, o que é explicado por alguns de seus erros passados. Com maneirismos óbvios que vão desde sua dificuldade em encarar seus interlocutores até o gaguejar pontual, passando por aquele que é o elemento mais importante de sua performance: o olhar puro, inocente e sempre encantado que Scamander lança para tudo ao seu redor. Colin Farrell (O Sacrifício do Cervo Sagrado) consegue dar a Graves um ar misterioso e pesado. Já Ezra Miller (Liga da Justiça) se apresenta como uma figura "esquisita", que transmite boa parte de seus sentimentos apenas com expressões corporais.
Mas o aspecto mais fascinante da produção é mesmo a maneira como Rowling, junto com Yates, constroem um universo que soa verossímil, apesar de sua natureza mágica, já que traz uma infinidade de pequenos detalhes que nos fazem vê-lo como um lugar realmente há muito habitado e com uma cultura e lógica próprias. Para completar, é magnífico o conceito dos diversos ecossistemas contidos na maleta de Scamander e que parecem ser divididos por telas que conseguem ser simultaneamente bi e tridimensionais.
O que nos traz finalmente às criaturas do título, que comprovam a criatividade extraordinária da roteirista, ao mesmo tempo em que trazem uma importante leveza para a história graças ao charme dos animais, como aquele que parece um ornitorrinco cleptomaníaco, outro que lembra um rinoceronte cuja cabeça parece estar cheia de lava e, claro, uma simpática plantinha que surge como um cruzamento entre Groot e uma folha de capim. Esses animais representam a preocupação mais importante da roteirista, que é a preservação ambiental, cuja importância é representada pelas ações e obsessões do protagonista, originando também uma analogia entre os ovos cujas cascas são feitas de prata, sendo destruídos por caçadores por seu valor, e o marfim das presas dos elefantes.
Animais Fantásticos e Onde Habitam é um filme que constitui algo novo a partir de inúmeros pilares conhecidos. Seja em termos cinematográficos, utilizando todas as referências visuais e estéticas que os anos 1920 poderiam conceder ao filme, como também do próprio universo de Harry Potter. A obra formula um mundo novo a partir daquilo que já foi construído ao longo de oito filmes e sete livros, enriquecendo ainda mais aquele já construído.
Ótimo |
•••
Já está sabendo da websérie de 8 episódios baseada no universo Harry Potter que está sendo produzida aqui no Brasil? Marotos: Uma História conta a história dos marotos no período da Primeira Guerra Bruxa, mostrando Tiago Potter, Sirius Black, Remo Lupin e Pedro Pettigrew em seu último ano em Hogwarts. Além deles, outros personagens também estão presentes, como Lílian Evans, Severo Snape, Alice Prewett, Frank Longbottom e entre outros.
Com uma equipe majoritariamente feminina, a websérie é uma produção independente e sem fins lucrativos, e por isso, toda ajuda é bem-vinda dos fãs e amantes de filmes de fantasia, para que esses cineastas apaixonados pelo universo de Harry Potter consigam produzir a série com boa qualidade. A equipe está aceitando doações através das plataformas PayPal e PagSeguro, assim como em sua conta pessoal. Todas as informações estão na bio da conta oficial da série no Instagram. Além disso, a produção já conta com três fã-clubes e alguns vídeos de divulgação em seu canal no YouTube, inclusive um teaser trailer oficial que vocês podem assistir logo abaixo!
Alison Sudel
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