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Cesar Augusto Mota
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Direção: Debra Granik
Roteiro: Debra Granik e Anne Rosellini
Elenco: Ben Foster, Thomasin McKenzie, entre outros
Origem: EUA / Canadá
Ano: 2018
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Uma relação entre pai e filha aparentemente tranquila, mas que se transforma em uma série de choques de percepções. Essa é a premissa de Sem Rastros (Leave No Trace), novo filme da cineasta Debra Granik, responsável por produções como Down to the Bone (2004) e Inverno da Alma (2010), além do documentário Stray Dog (2014). Pelo histórico percebe-se que é uma diretora capaz de ilustrar como poucos os conflitos familiares de uma sociedade, assim como destacar as dificuldades da classe trabalhadora norte-americana em nos tempos de crise econômica.
Will (Ben Foster), um veterano de guerra, e sua filha adolescente, Tom (Thomasin Harcourt McKenzie), viveram felizes e despercebidos pelas autoridades durante anos, em um parque situado na fronteira de Portland, nos Estados Unidos. Depois de um encontro inesperado, eles são retirados do acampamento e colocados sob a responsabilidade do serviço social local. A partir de então, Will e Tom tentam retornar ao mundo selvagem que conhecem como lar, enquanto são forçados a lidar com desejos conflitantes que surgem desse novo cenário.
Quando nos deparamos com a rotina de pai e filha, percebemos uma luta incessante por sobrevivência, com a busca por alimentos e o fabrico de armas para defesa pessoal, como facas pontiagudas. O roteiro não dá uma razão explicita da escolha por aquele estilo de vida, nem como ambos foram parar ali. No entanto, tudo é retratado de forma bem humanista, e o sentimento de cumplicidade e confiança bem acentuados nas ações e expressões dos personagens, o que de imediato faz o público se sensibilizar e acompanhar a épica jornada que vivem.
É justamente quando são separados pelo serviço social e postos em diferentes setores, que notamos a dor e o sofrimento dos protagonistas. Will e Tom são personagens verossímeis, que transmitem coerência em suas atitudes e sentimentos. É difícil não se emocionar com os conflitos passados em tela, bem como os traumas revelados, especialmente do pai, que acabam revelando os motivos que o levaram a escolher uma vida isolada da sociedade.
Foto: Sony Pictures |
É justamente quando são separados pelo serviço social e postos em diferentes setores, que notamos a dor e o sofrimento dos protagonistas. Will e Tom são personagens verossímeis, que transmitem coerência em suas atitudes e sentimentos. É difícil não se emocionar com os conflitos passados em tela, bem como os traumas revelados, especialmente do pai, que acabam revelando os motivos que o levaram a escolher uma vida isolada da sociedade.
As transformações pelas quais os personagens passam são o grande atrativo da obra. E quando vemos essas mudanças entrando em conflito é que o roteiro cumpre com o papel de levantar discussões relevantes. Quando Tom se descobre em um novo estilo de vida, percebe que o melhor para ela é viver em comunidade, ao contrário do que acredita o pai. A oposição de ideias entre os dois não se dá de forma incisiva, mas com parcimônia e compreensão, ao contrário do que poderia se imaginar. Aqui não temos emoções exacerbadas, tudo é retratado de forma contida, com uma conclusão coerente e que convence o espectador.
Ben Foster (À Qualquer Custo) ilustra um pai amoroso, dedicado e corajoso. Embora crie sua filha longe da escola e a ensine métodos de sobrevivência um tanto perigosos. A relação entre Will e Tom soa equilibrada e repleta de ternura, fruto do trabalho do ator, que faz com que o público não o enxergue como um inimigo ou tirano. Thomasin McKenzie (O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos), por sua vez, representa uma jovem que se deixa levar pela curiosidade e que gradualmente alcança a maturidade. Tom demonstra que se apegar às pessoas e a diferentes modos de vida pode significar uma maneira de expressar seu amor, assim como o desapego. A jovem e promissora atriz mostra uma segurança em tela digna de interpretes experientes, superando as expectativas.
Foto: Sony Pictures |
Sem Rastros se mostra um trabalho sensível e maduro de Debra Granik. Um longa-metragem que personifica o amor que transcende barreiras, sejam elas geográficas ou até mesmo de ideias. Personificação essa que só foi possível através de um roteiro coeso e de personagens de caráter bem definidos e dotados de compaixão. Não há espaço aqui para julgamento ou zombaria. Trata-se do tipo de filme que convida o espectador para sua jornada, sendo muito bem sucedido nessa empreitada.
Ótimo |
Ben Foster
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Debra Granik
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