CRÍTICA | Mary Poppins

Direção: Robert Stevenson
Roteiro: Bill Walsh e Don DaGradi
Elenco: Julie Andrews, Dick Van Dyke, David Tomlinson, entre outros
Origem: EUA
Ano: 1964


Os musicais nem sempre são bem vistos aos olhos de boa parte do público. Muitos não gostam desse gênero cinematográfico, ou não se interessam pela forma que a premissa é construída. Se você por acaso é um espectador interessado em adentrar este mundo, e tem interesse em fazê-lo com o pé direito, conhecendo um clássico incontestável do cinema, não há indicação melhor do que Mary Poppins (1964).

Dirigido por Robert Stevenson (Se Meu Fusca Falasse), o filme pode facilmente ser visto em duas fases de nossas vidas. A primeira delas na infância, mostrando toda a maravilhosa fábula produzida pela Disney, bem como sua estética encantadora e sutil em muitos momentos. A segunda já mais velho, conectando o encantamento inicial com as lições que o filme e a vida ensinam. A construção narrativa aqui é bem dividia entre esses dois conceitos.

Mary Poppins (Julie Andrews) é a personagem central, uma governanta que surge magicamente e fica responsável por cuidar de duas crianças que não conseguem de forma alguma a atenção do pai, George Banks (David Tomlisom), um senhor mal humorado e absolutamente tradicional, cuja presença em tela transmite toda a sua identidade e herança.

Foto: Walt Disney Pictures

Evidentemente o carisma e a atuação inesquecível de Julie Andrews (A Noviça Rebelde) é o grande destaque aqui. Vencedora do Oscar de melhor atriz pelo papel, sua Mary Poppins imprime uma personalidade forte, mas deveras gentil e encantadora, sempre com figurinos que saltam aos olhos, ganhando o coração de quem assiste a obra. Dick Van Dyck (O Mordomo Trapaceiro), por sua vez, vive Bert, um artista que expõe sua arte e personalidade pelas ruas, um homem de coração gigantesco. As grandes apresentações de dança do filme são realizadas por ele, um belíssimo trabalho somado ao de Andrews. Não a toa se tornaram icônicos juntos.

Um dos grandes acertos do roteiro é não tentar, de maneira alguma, relacionar Mary Poppins e Bert amorosamente. Os personagens se respeitam e mostram, mesmo na década de 60, que uma mulher nem sempre necessita de um interesse amoroso no cinema, uma noção que Hollywood empregou fortemente por décadas.

As canções são nada menos que espetaculares e ficam fixadas na mente do espectador por horas depois do filme. Talvez por décadas, não é verdade? É ali que toda a mágica acontece. É com a música tocando que Mary Poppins nos apresenta a viagens e aventuras inimagináveis, em uma narrativa que mistura a fotografia habitual com animação 2D, algo surpreendentemente bem feito, ainda hoje. E mesmo que algum espectador atual possa achar um ou outro efeito especial datado, o que importa são as lições sociais e a mensagem de bondade que está sendo passada adiante.

Foto: Walt Disney Pictures

As lições e críticas que Mary Poppins nos deixa, sempre relacionadas com algumas das grandes e até indiretas ações de sua protagonista, são seu grande legado. Seu desejo em alimentar a magia do imaginário infantil, a valorização e a importância da família, a ideia de respeito mútuo e compartilhado, são temas muito pertinentes. Atemporais eu diria. E que, graças ao cinema, jamais serão esquecidos.

Ótimo


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Rafael Oliveira é apaixonado por Breaking Bad e The Leftovers. Atualmente reverenciando tudo que Alfonso Cuarón faz. Segue ele no Letterboxd!

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