CRÍTICA | Cópias: De Volta à Vida


Direção: Jeffrey Nachmanoff
Roteiro: Chad St. John
Elenco: Keanu Reeves, Alice Eve, Thomas Middleditch, entre outros
Origem: Reino Unido / China / Porto Rico / EUA
Ano: 2018


Já imaginou se existisse o poder da ressurreição para trazermos gente morta de volta para o nosso mundo? Se atualmente isso parece impensável, para a ciência a possibilidade nunca é refutada. A chance de manipular vidas causaria tamanha perplexidade, que promoveria sérios embates entre ciência e religião, razão e emoção.

Cópias: De Volta à Vida (Replicas) nos apresenta a Will Foster (Keanu Reeves), um neurocientista que realiza experimentos de transferência da consciência humana para outros corpos. Durante um passeio, um grave acidente faz o protagonista perder a esposa, Mona (Alice Eve), e seus três filhos. Ele então não hesita em aplicar seus conhecimentos científicos para fazer a transferência da mente de todos para novos corpos. Ao lado de Ed (Thomas Middleditch), seu companheiro de trabalho, Will cria clones de boa parte da família, gerando conflitos envolvendo entidades do governo e também seus controversos e obscuros empregadores.

Em um primeiro momento a premissa agrada especialmente os fãs de sci-fi. Os personagens são bem apresentados e suas motivações são claras, no entanto, as reações do protagonista causam certa estranheza. Ao perder a família, Foster parte direto para o cálculo de algoritmos, transferência de memórias e armazenamentos em casulos, sem passar pelo sentimento de luto ou tristeza que as mortes deveriam lhe causar. Falta a emoção que causa identificação e faz o espectador realmente se importar com o que vê em tela.

Foto: Paris Filmes

A obra carece de um roteiro melhor desenvolvido. A confusão mental de Mona e dos filhos poderia ser melhor explorada, assim como a própria abordagem da experiência. Debates esperados, pela natureza da premissa, também não aparecem. Não vemos, por exemplo, um embate da igreja contra a ciência, que "brinca de ser Deus", ou mesmo uma discussão sobre ética e moral, uma vez que vemos cientistas se apoderando de corpos e importando memórias. Não há nem mesmo qualquer embasamento científico que nos faça acreditar minimamente que aquilo poderia acontecer num futuro distante.

Entre altos e baixos, a presença de Keanu Reeves (O Mínimo Para Viver) ainda é um atrativo que nos faz ficar curioso pelo resultado final. Thomas Middleditch (Silicon Valley), por sua vez, é dinâmico em tela, tentando remover a insana ideia da mente do protagonista. Já Alice Eve (Tudo Que Quero) é acaba subaproveitada pelo roteiro, que não desenvolve os conflitos de sua personagem após voltar à vida.

Cópias: De Volta à Vida é dinâmico e intimidante, mas que carece de aprofundamento. A sensação é que algum elemento de roteiro será apresentado como reviravolta, mas isso nunca acontece. Faltou ousadia para o roteiro e para a direção de Jeffrey Nachmanoff (Hostages), que preferiram fazer mais do mesmo ao invés de aquecer discussões que poderiam ser bem interessantes.

Foto: Paris Filmes


Bom

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