CRÍTICA | O Olho e a Faca


Direção: Paulo Sacramento
Roteiro: Paulo Sacramento e Eduardo Benaim
Elenco: Rodrigo Lombardi, Maria Luísa Mendonça, Caco Ciocler, Roberto Birindelli, entre outros
Origem: Brasil
Ano: 2018


Muitas vezes ao longo de nossa existência ouvimos que é preciso saber separar a vida pessoal da profissional, equilibrando as responsabilidades da melhor forma possível. Como sabemos, nem sempre conseguimos tal façanha. O Olho e a Faca, novo filme de Paulo Sacramento (O Prisioneiro da Grade de Ferro), de certa forma ronda essa temática.

A narrativa nos apresenta a Roberto (Rodrigo Lombardi), que trabalha em uma plataforma petrolífera e, por conta disso, passa longos meses longe da esposa e dos dois filhos. Nos momentos de distância, acaba iniciando um relacionamento com outra mulher, se vendo ainda mais ausente da família e dos amigos após uma promoção no trabalho. A soma de tudo isso o faz ficar agitado, cheio de dúvidas, tendo que lidar com a pressão e inquietação que o abate.

A ambientação na plataforma passa uma sensação de aprisionamento ao espectador, já que todos ali possuem atividades desgastantes e vivem em acomodações apertadas, similares as cabines de um navio. Mesmo a recreação é limitada a uma mesa de pebolim, restando aos residentes a bela vista do oceano. A medida em que os dias passam e o trabalho fica mais exigente, as angústias de Roberto passam a aumentar, potencializadas pelo ambiente hostil.

Foto: California Filmes

O Olho e a Faca acerta ao apresentar os conflitos psicológicos de seu protagonista, mas falha em desenvolve-los adequadamente, já que se perdem ao longo da narrativa. As situações vão saltando de uma para outra, sem grande contexto. Em determinado momento Roberto está na plataforma, em seguida em casa, discutindo com a esposa, ou em um estádio de futebol assistindo um jogo com o filho mais novo. As relações familiares são retratadas de forma acelerada para acentuar mais os problemas vivenciados pelo protagonista, mas nada é construído de forma equilibrada, ou tampouco as soluções apresentadas são críveis para uma narrativa dentro de um contexto dramático.

Roberto acaba sendo um enigma para o publico, já que nunca sabemos ao certo as intenções e objetivos do personagem. Rodrigo Lombardi (Verdades Secretas) se esforça para entregar uma persona que busca harmonia, mas que não faz grande esforço para que as coisas melhorem a sua volta. A falta de inventividade do roteiro e a frágil narrativa prejudicam a construção de um personagem que se mostrava promissor em sua origem. 

Apesar de um trabalho de fotografia louvável, de algumas citações filosóficas que se encaixam com o perfil e o universo vividos pelo protagonista, O Olho e a Faca não foi capaz de convencer o espectador com o desenvolvimento de suas propostas, o que é uma pena. 

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