CRÍTICA | Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro

Direção: André Øvredal
Roteiro: Dan Hageman e Kevin Hageman
Elenco: Zoe Margaret Colletti, Michael Garza, Gabriel Rush, Dean Norris, entre outros
Origem: Canada / EUA
Ano: 2019


Em meio à quantidade significativa de produções de terror, das clássicas a contemporâneas, é quase improvável que monstros ainda nos assustem apenas por suas imagens. A tecnologia e a maquiagem usadas para criar tais figuras estão tão avançadas, que a reação à tamanha veracidade é possivelmente blasé. Porém, algo se pode esperar de Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro (Scary Stories to Tell in the Dark): suas criaturas são de arrepiar.

O filme é baseado na série homônima de livros infantis de horror escrita por Alvin Schwartz e ilustrada por Stephen Gammell. Já a adaptação cinematográfica é dirigida por André Øvredal (A Autópsia) e tem a assinatura do premiado Guillermo del Toro (A Forma da Água) na produção, ele que é fã confesso de criaturas aterrorizantes.

A trama se passa na década de 60 e acompanha um grupo de quatro adolescentes que decidem entrar naquela que é considerada a casa mal assombrada da cidadezinha de Mill Valley. Lá, eles encontram um livro repleto de histórias de terror que, segundo a lenda, teriam sido escritas por uma antiga moradora, Sarah Bellow. O problema começa quando tais contos deixam a ficção e adentram a realidade em que vivem.

Foto: Diamond Films

Apesar de ser classificada como uma obra de terror, Histórias Assustadoras não desenvolve uma atmosfera tensa e claustrofóbica, como é característica no gênero. Mas tampouco é o estilo pretendido. Sua proposta é, de fato, ser mais leve, aproximando-se da fórmula utilizada por produções como Stranger Things, por exemplo. E aqui devo elogiar o design de produção e a trilha sonora, precisas na composição do que o filme propõe-se a fazer.

Inclusive, o design das criaturas é o elemento chave a ser enfatizado, tamanha a sensação de realismo com que os “monstros” são representados, estabelecendo um incômodo visual bastante interessante. Além disso, a fotografia se utiliza de cores características para aumentar a tensão, com destaque para o vermelho, tradicionalmente utilizada para ilustrar emoções como perigo, aflição ou pavor, especialmente no gênero.

Apesar dos acertos, a produção apresenta alguns problemas. Ainda que suas quase duas horas de duração entretenham o espectador, seu roteiro parece não querer se aprofundar em sua proposta, ou mesmo no desenvolvimento dos personagens. Soma-se a isso um elenco de protagonistas pouco carismáticos, que dificultam a conexão do público, já que não conseguimos nos identificar com os papéis apresentados.

Foto: Diamond Films

Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro ao menos apresenta subtextos interessantes, como o da Guerra do Vietnã, já que em vários momentos vemos alusões à participação norte-americana no conflito, que foi marcado pela grande violência contra civis e números de soldados mortos. O que se contava a população e ao exército não era bem a verdade, mas estes acabavam acreditavam e, por isso, tornavam tudo real. Tal máxima é abordada na obra, quando se é sugerido que uma história pode se tornar realidade se houver a crença na mesma, porém, no fim, o resultado é apenas mediano.

Bom

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